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RESENHA TEORIA DO RESTAURO x ESCOLA DE MÚSICA DE LOUVIERS

Por:   •  27/10/2018  •  Resenha  •  1.577 Palavras (7 Páginas)  •  791 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL | ARQUITETURA E URBANISMO

TÉCNICAS RETROSPECTIVAS | 2018/04

PROFESSORES: MATHEUS G. CHEMELLO E SANDRA M. F. BARELLA

ALUNA: ANDRESSA ANGELA DENARDI

RESENHA TEORIA DO RESTAURO x ESCOLA DE MÚSICA DE LOUVIERS

É necessário compreender como prosseguir em uma obra de restauro, com isso foi feito uma análise do capítulo 3 e 4 do livro teoria do restauro, de Cesare Brandi juntamente com o edifício da Escola de Música de Louviers. Primeiramente, vem o esclarecimento da unidade potencial da obra de arte, o qual ajuda a estabelecer os limites do restauro a serem feitos. O autor faz a exclusão da medida da unidade orgânico-funcional que conhecemos, pois, os fenômenos da vida são qualitativos.

[...] excluir que a unidade realizada pela obra de arte possa ser concebida como a unidade orgânica e funcional que caracteriza o mundo físico [...], nesse sentido, bastaria assim definir a unidade da obra de arte enquanto unidade qualitativa e não quantitativa: porém isto não serviria para separar claramente a unidade da obra de arte da unidade orgânico-funcional, dado que o fenômeno da vida não é quantitativo, mas qualitativo. (BRANDI, 1963, p.13).

Com isso, ao observar uma obra de arte, esta deve ser feita por inteiro e não como um grupo em partes. Se a obra de arte for formada de partes individuais, conclui-se que as partes não são independentes, e está participação tem valor de ritmo, isto é, na situação em que estão inseridas, acabam perdendo o seu valor individual para serem reabsorvidas pelas obras que o contém (BRANDI, 1963). Pois a obra de arte possui uma unidade única que não pode ser considerada como composta de partes, como exemplifica o autor usando como exemplo o mosaico e a arquitetura, ou seja, um bloco analisado separadamente do seu conjunto não possui nenhum significado artístico, o mesmo ocorre com as peças do mosaico, que ao serem separadas do seu conjunto perdem a importância proposta pelo artista, isto é, seu valor está no conjunto da obra em um total. Usando deste conceito, é possível analisar na Escola de Música de Louviers, já restaurada, a diferença do preexistente do que é novo, isso sendo feito pelo uso adequado dos materiais, o que leva ao contraste necessário sem perder a hierarquia, levando a bem sucedida restauração, pois ao analisar o conjunto, a análise é feita em toda a sua unidade e não separadamente, para no fim se obter uma unidade no projeto.

Esta unidade também não deve ser comparada com a unidade orgânico-funcional da realidade, pois a imagem é verdadeiramente e somente aquilo que aparece. Assim a imagem de um homem em uma pintura, na qual se nota apenas um braço, este não é considerado mutilado pelo observador, pois o outro braço é uma suposição daquele que não está pintado, tornando assim a observação uma função semântica relativa ao contexto que a imagem desenvolve (BRANDI, 1963). A hipótese do outro braço que não está pintado é imaginada, pois a arte reproduz o objeto natural, assim o natural é haver dois braços, sendo que o segundo é formado na mente do observador. Assim, pode-se dizer que uma obra de restauro após pronta não deve ser analisada individualmente, mas sim o conjunto como um todo em si, o qual cria uma nova arquitetura, com a união das duas partes, tendo como um bom exemplo a Escola de Música, pois a mesma não cria duas arquiteturas distintas, mas sim uma nova.

Nota-se que a unidade orgânico-funcional se manifesta na lógica intelectual e na figura da imagem como obra de arte. Com isso, entende-se que para definir os termos do restauro, é preciso entender as hipóteses, ou seja, ajustar uma práxis. A obra de arte deve ser analisada em unidade com todas as partes e esta unidade não devem ser comparadas com a unidade orgânico-funcional, logo, formam-se dois resultados, primeiro, que a obra não poder ser formadas de partes, deve continuar como um todo. Em segundo lugar, refere-se a forma de cada obra, que está deve ser indivisível.

Para uma melhor compreensão dos limites do restauro vemos alguns princípios a serem analisados, o primeiro que a integração deverá facilitar o reconhecimento do que se pretender reconstruir, sem infringir a própria unidade, com isso a junção deverá ser invisível a distância, mas reconhecível ao se aproximar da obra de arte (BRANDI, 1963). Nota-se esse ponto na Escola de Música de Louviers, onde os arquitetos tiveram o cuidado na sobreposição do antigo com o novo, o qual é facilmente notado na composição, ou seja, ao longe vê-se o edifício restaurado como um todo, e ao se aproximar mais do mesmo, nota-se as técnicas utilizadas na união do novo com o antigo, vê-se a preocupação que tiveram em fazer um sistema que não se estruturasse na estrutura original do edifício, ficando está técnica clara somente ao se aproximar do edifício. O segundo ponto mencionado é referente a matéria como resultado de imagem, o qual não é substituível se contribuir diretamente na representação da imagem enquanto aspecto e não para o que é estrutura e o terceiro princípio diz respeito ao futuro, onde cada intervenção não deve tornar-se impossível, mas sim facilitar as futuras intervenções (BRANDI, 1963). Pode-se ver estes princípios também na Escola, pois os arquitetos adaptaram e criaram novas estruturas internamente, para não competir com o original, e facilitar a manutenção, além de futuramente ajudar se necessário for a realização de algum reparo.

O livro também aborda o problema das lacunas, algo que fica sempre em aberto e a qual proíbe as uniões fantasiosas. Ou seja, não tem problema desenvolver a figuratividade de fragmentos com a união a outros, mesmo que fiquem lacunas, o problema é substituir o elemento figurativo com uma peça aproximada.

Uma lacuna, naquilo que se diz respeito à obra de arte, é uma interrupção no tecido figurativo. Mas contrariamente àquele que se pensa, o mais grave, em relação a obra de arte, não é tanto aquilo que falta, quanto aquilo que se insere de modo indevido. A lacuna, de facto, terá uma forma de uma cor, não relacionadas com a figuratividade da imagem representada. Ou seja, insere-se como um corpo estranho. (BRANDI, 1963, p.19).

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