Resenha - A alegoria do patrimônio choay
Por: Guilherme Walter • 10/7/2018 • Resenha • 715 Palavras (3 Páginas) • 852 Visualizações
RESENHA
CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora UNESP, 2001.
A historiadora francesa Françoise Choay, nascida em 1925, busca em sua obra A alegoria do patrimônio, de 1992, dissecar na história mundial o nascimento não só da palavra ou do objeto do patrimônio, mas de sua ideia através de um percurso por diversos momentos da história humana em que o monumento foi objeto de apreciação, discussão ou até mesmo disputa. O livro aponta momentos em que a definição de patrimônio, monumento e monumento histórico tiveram diferentes abordagens das definições do momento em que a historiadora levantou esta questão e encaixa essas visões em cima de momentos chaves da história buscando suas origens. Em sua introdução Françoise nos situa em torno dos momentos em que a definição mais atual de patrimônio é moldada, e demonstra que embora em um momento da história a palavra monumento invocasse um significado de memória ou lembrança, com o passar do tempo esse significado memorial foi substituído por um ideal de beleza. A partir dessa nova definição de monumento surge a necessidade de uma nova definição para os monumentos que não possuem beleza estética mas cumpre uma função primordial na sociedade invocando a memória viva sem dissocia-lo de um contexto mental e uma visão de mundo, esse objeto é denominado como monumento histórico. Seguindo essa ideia observa-se como exemplo as ruinas de Bento Rodrigues, distrito de Mariana devastado pelo rompimento da barragem de rejeito da mineradora Samarco em 2015 que estão atualmente em discussão pelo seu valor como monumento histórico, devido a memória que está associada a um contexto histórico e mental na vida das pessoas que foram atingidas direta ou indiretamente pelo desastre.
Em seu primeiro capitulo Françoise Choay dá início a sua caminhada pela história onde segundo ela o monumento histórico nasce, em Roma após a Grande Cisma (1379 – 1417) quando Martinho V decide retornar a sede do papado para Roma, mas embora a autora declare esse momento como nascimento do monumento histórico, a ideia da valorização e preservação de objetos com valor histórico datam de tempos muito mais antigos, como é o caso dos romanos que a exemplo dos atálidas criaram uma admiração e um valor muito grande às obras da antiguidade grega criando assim grandes coleções de monumentos, mas embora essas obras possuíssem um valor para os romanos eles nunca eram vistos como objetos de importância histórica mas sim como itens de prestígio dentro da sociedade romana, junta-se a isso o fato de que apenas itens são de origem do período helenístico da grega, desprezando-se qualquer outra período histórico. Ao final desse tópico, Françoise ainda indaga se esse valor meramente de ostentação não é o mesmo observado nos colecionadores de arte atuais. Porem esse movimento de valorização do histórico passa a se tornar cada vez mais presente em Roma culmina no momento em que Martinho V decide retornar a sede do papado a cidade e começa um grande processo de recuperação dos monumentos antigos, enxergando nos monumentos romanos uma dimensão histórica pela primeira vez. No entanto, assim como se deu no período da valorização das obras gregas, esse período se assemelha Roma antiga, excluindo-se de todas as outras épocas. Roma passa então por um extenso processo de transformação em que os monumentos que um dia foram destaques da cidade e por muito tempo foram deixados que se arruinassem, voltam a ter destaque por toda a cidade e durante essas obras os humanistas passam a observar a beleza e importância do trabalho dos artistas, o que criou um diálogo que ocasionou a valorização conjunta da arte e da história dos edifícios.
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