Resenha / Fichamento - A Alegoria do Patrimônio, Françoise Choay
Por: Noris Kern • 7/3/2019 • Resenha • 2.101 Palavras (9 Páginas) • 1.562 Visualizações
ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO- CULTURAIS/AACC
Aluno: Nóris Lima Kern
RA: 1164920
Tutoria: Eliana Do Pilar Rocha
Data: 10/07/2016
AACC – Livro
A ALEGORIA DO PATRIMÔNIO
FICHA DO LIVRO
Choay, Françoise.
Tradução de Luciano Vieira Machado. 4ª Ed. – São Paulo
Editora Estação Liberdade, 2001.
RESUMO DO LIVRO
Resumo
A autora inicia com a definição de patrimônio histórico: é um bem destinado ao usufruto de comunidades, que se constituiu pela acumulação de objetos de um passado comum. Engloba belas-artes, artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes dos seres humanos.
Em seguida, propõe questionar o culto atual ao patrimônio histórico.
Até os anos 60, era considerado monumento histórico somente aqueles anteriores ao século XIX.
A primeira Conferência internacional para a preservação de monumentos históricos aconteceu em Atenas em 1931, e dela só Participaram países europeus; em 1964, em Veneza, compareceram Tunísia, México e Peru. Em 1979, nada menos que 80 nações assinam a convenção do patrimônio mundial.
O crescimento das práticas de preservação e do interesse público terminará por destruir o seu objeto?
O turismo degrada Veneza, Kyoto e o Vale dos Reis. A inflação patrimonial gera despesas importantes, ao mesmo tempo em que paralisa projetos de urbanização. Os arquitetos contemporâneos defendem seu direito à criação.
Atualmente, o monumento é difundido mais pela mediação da fotografia. Após a segunda guerra, vemos interesse de conservar a lembrança do judeocídio através de fotografias, mas também pelos próprios campos de concentração, que se tornaram monumentos, ou relíquias.
A autora buscar as origens semânticas do patrimônio: momentum no latim deriva de monere, lembrar. O monumento age na memória, lembrando um passado como se fosse presente.
Rigel distingue monumento criado deliberadamente, comemorativo, e o que é constituído a posteriori. Há um desaparecimento progressivo do memorial como monumento rememorativo.
Em 1830, aparece o termo monumento histórico, no cargo de inspetor dos monumentos históricos, criado por Guizot.
Capítulo I: os humanistas e o monumento antigo.
Nascimento da noção de monumento histórico em Roma em torno de 1420. Restabelecido o papado em Roma depois do exílio de Avignon, surge um clima intelectual ao redor das ruínas de Roma Antiga, lamentando sua devastação.
Os gregos já escavavam, criavam cópias de grandes monumentos helênicos.
Os romanos espoliaram a Grécia, e os objetos gregos começaram a entrar nas residências patrícias. Adriano construiu o primeiro museu de arquitetura, dentro da vila Adriana.
Os edifícios públicos romanos espalhados pela Europa foram terrivelmente devastados pelas invasões bárbaras, mas muito mais pelo proselitismo religioso católico.
No século VI, Gregório I pratica a reutilização de edifícios pagãos, transformando-os em monastérios e igrejas.
São retiradas partes dos monumentos antigos para integrá-los a construções medievais.
Carlos Magno manda buscar na Itália mármores e colunas para empregar em Aix-la-Chapelle.
Panofsky chamou de renascenças dos séculos VIII e IX, dentro da política Carolíngia, depois no século XII, dentro dos movimentos humanistas.
Em Roma, a cultura clássica permanece mais viva. Em uma fase antiguizante do quattrocento, interessa-se somente pela cultura clássica. A beleza torna-se o objetivo da arte, em contraste com os objetivos espirituais da idade média.
Escultores como Brunelleschi inspiram-se na arte clássica.
Alberti cria uma síntese, uma arquitetura próxima da arte clássica, baseada na matemática.
Decreto proíbe danificar tudo que é antigo; porém, não é respeitado mesmo pelos papas.
Capítulo II: o tempo dos antiquários, monumentos reais e monumentos figurados.
Nos séculos XVII e XVIII, os homens letrados da Europa vão para Roma e enriquecem a noção de antiguidade. Os iluministas lhe atribuem coerência visual e semântica.
Da segunda metade de XVI até o XIX, as antiguidades são conceitualizadas e inventariadas.
Antiquário significa o estudioso de antiguidades. Estes colecionam objetos ou os documentam, estabelecendo arquivos. Ex: Montfaucon, Serlio, Pirro Ligorio, Desgodets, Rubens.
Interessam-se pelas as antiguidades nacionais, e não só na arte clássica.
Em 1720, Montfaucon publica “Monumentos da monarquia francesa”. Nega a importância dos tempos intermediários, a idade média. Está especialmente interessado nos edifícios religiosos.
Sobre o Gótico.
Do século VI ao XV, chama-se tudo de Gótico.
Félibien, em 1687, em sua “Coleção histórica da vida e os trabalhos dos arquitetos mais famosos”, distingue Estilo gótico antigo (tudo aquilo não identificado), o gótico “ruim”, e o gótico moderno, dito bom.
Em XVII e XVIII, os estudiosos analisam o Estilo gótico, entrando em êxtase com as façanhas técnicas, mas mantêm um julgamento estético negativo, por ser contrário ao ideal clássico. Não é o caso na, Inglaterra onde é o estilo nacional.
O Tempo das luzes vê o nascimento da historiografia moderna, crítica, que vai influenciar a história de arte: Gibbon, Winckelmann.
Há o aparecimento dos primeiros museus de arte, no espírito democrático das Luzes.
A preservação de monumentos ainda não é uma preocupação sistemática. Na Inglaterra há mais cuidado: as sociedades de antiquários estabelecem sistemas de proteção, por fibra nacionalista.
Capítulo III: a Revolução francesa.
Período de vandalismo, mas também dos primeiros decretos para a proteção do patrimônio. Aubin-Louis Millin, antiquário naturalista, inventa o termo "monumento histórico".
Dois aspectos no trabalho dos Comitês revolucionários: a transferência para o Estado dos bens do clero, da coroa e dos emigrantes, e a destruição ideológica de parte destas propriedades. Há progresso: querem não só conservar as igrejas medievais, mas todo o patrimônio nacional.
Modificação do status das antiguidades nacionais: o patrimônio agora inclui a arquitetura moderna, porque tem significado histórico e emocional.
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