Resenha Documentário Lixo Estraordinário
Por: Rafael Mrás Farias • 9/4/2021 • Resenha • 1.279 Palavras (6 Páginas) • 529 Visualizações
[pic 1]UNIVERSIDADE FEEVALE
ICET – INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
EAD - ESTÉTICA E HISTÓRIA DAS ARTES
Nome do aluno: Rafael Mrás Farias Data: 31/03/2017
RESENHA DO DOCUMENTÁRIO “LIXO EXTRAORDINÁRIO” – “WASTE LAND”, 2010.
O documentário “Lixo Extraordinário”, de 2010, apresenta parte da trajetória do artista plástico Vicente José de Oliveira Muniz, ou como é mundialmente conhecido, Vik Muniz, durante a criação de uma de suas principais obras. Filmado ao longo de dois anos, o documentário mostra como o lixo encontrado em um dos maiores aterros controlados do mundo, o Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias/RJ, transcendeu, deixando de ser lixo e alcançando o patamar de obra de arte, por meio das mãos talentosas de Vik Muniz, que buscou inspiração e auxílio de alguns catadores de material reciclável do local.
“Minha experiência com a mistura da arte com projeto social é a principal coisa, tirar as pessoas, nem que por poucos minutos, e mostrar-lhes um outro mundo, um outro lugar. Mesmo que seja um lugar que possam ver onde estão. Isso muda tudo. Seria uma experiência sobre como a arte pode mudar as pessoas, como também se ela consegue mudar” (MUNIZ, 2010, 7:55).
Percebe-se, mediante esta citação do artista que, o foco de seu trabalho não é apenas estético, muito pelo contrário, possui algo a mais, possui sentimento, e visa transmitir uma mensagem: que a arte é capaz de mudar a vida das pessoas, direta ou indiretamente.
Vik, em sua primeira visita ao lixão de Gramacho, se depara com algumas pessoas que se destacam na multidão de catadores do local, como por exemplo, Tião, presidente da Associação dos Catadores do Jardim Gramacho, sujeito batalhador, que aprecia literatura e com extremo senso de liderança, porém, sem a certeza de um futuro melhor. A pobreza, a falta de condições de higiene e de saneamento básico são percebidas com clareza pela equipe, por todos os lugares onde passa. Vik, então, decide pôr em prática o seu objetivo, de mudar a vida daquelas pessoas por intermédio de sua arte, usando materiais muito familiares a elas, do seu cotidiano, materiais que poderiam retratar a verdadeira realidade por trás daquela montanha de lixo. “O que eu realmente quero fazer é ser capaz de mudar a vida de um grupo de pessoas, com o mesmo material que elas lidam todo dia” (MUNIZ, 2010, 6:26).
Com este projeto, Vik busca passar uma mensagem aos apreciadores de arte e também mudar a vida das pessoas envolvidas: “Tudo começou com a sensação de que devíamos fazer algo que pudesse reverter para elas. Faremos algo a partir do lixo, que irá render muito dinheiro, e irá tornar-se algo que eles possam pôr as mãos. Que eles sintam que os está ajudando” (MUNIZ, 2010, 55:49). Mediante ao objetivo do artista, observamos que chegamos a um ponto já discutido no texto “A Arte de Pensar a Arte”, no qual o autor Charles Feitosa nos cita Aristóteles, que defendia a seguinte tese: “Nós contemplamos com prazer as imagens mais exatas daquelas mesmas coisas que olhamos com repugnância [...]” (Poética, 1448b), ou seja, somente por intermédio de algum movimento “especial” as pessoas ditas normais poderiam voltar seus olhos para algo tão desagradável quanto o lixo que sai de nossas residências rumo a um aterro sanitário, ou até mesmo o povo que trabalha com o nosso lixo.
A ajuda que tanto Vik Muniz quanto Fábio Ghivelder prestam àquelas pessoas é importantíssima, não só em relação ao apoio emocional, elevando a autoestima de todos, fazendo-os pensar em suas vidas e traçar novas metas e objetivos, como financeiramente, possibilitando a realização de sonhos e a melhoria das estruturas da Associação dos Catadores.
Durante parte do documentário, Vik expõe ao espectador que decidiu sair do âmbito das belas artes por ser um lugar muito exclusivo e restritivo. Com isso acabou ficando famoso no mundo da arte moderna, pois “incorpora objetos do cotidiano no processo fotográfico para criar imagens ousadas e geralmente enganosas” (EXTRAORDINÁRIO lixo, 2010, 3:56), imagens essas que num primeiro momento nos parecem um retrato comum, mas, ao chegar mais perto, percebemos tudo que a incorpora. É difícil acreditar que toda essa magia pode ser causada por uma obra de arte que utilizou materiais incomuns como areia, açúcar, fios, cordões ou até manteiga de amendoim, por exemplo (EXTRAORDINÁRIO lixo, 2010). O que mais impressiona nas obras do artista plástico Vik Muniz é que, mesmo um espectador que possui certo grau de preconceito com a arte moderna consegue contemplar a beleza de seu trabalho. Ao longo do filme, percebe-se que não é simplesmente um “amontoado” de objetos aleatórios formando uma imagem e sim, uma união de objetos selecionados a dedo, que conseguem nos contar uma história, através de uma imagem.
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