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Resenha: O Vale da Paraíba e a Arquitetura do Café

Por:   •  7/12/2018  •  Resenha  •  1.321 Palavras (6 Páginas)  •  287 Visualizações

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA III
THAYNNAH RAYANNE – UC15200623

Resenha: O Vale da Paraíba e a arquitetura do café

O Vale exigia do investidor interessado em abrir uma fazenda, um grande trabalho inicial: o desmatamento e o destocamento. Isso antes de qualquer outra providencia, tal como seria a própria construção de um pouso para abrigar, ao menos nos primeiros tempos, os proprietários, sua família e seus auxiliadores, além dos escravos.

No livro Memória sobre a Fundação de uma Fazenda na Província do Rio de Janeiro, o autor aborda os primeiros cuidados na escolha do local para organizar as edificações da fazenda, com base no planejamento do rego para condução da água, do qual depende toda a ordenação as edificações,s o local da residência, mas também, do sítio onde este rego vai atender à roda d’água, para o engenho e demais dependências de trabalho. Advertiu sobre alguns problemas básicos, como a orientação das senzalas para o nascente com cômodos de 24 palmos em quadro. Para a área de plantação do café, o terreno deveria bem ensolarado e o sistema de colheita por toldo móvel. Aborda também a necessidade de controle da presença dos pretos a cada dia.

O viajante alemão João José von Tschudi, que visitou o Brasil na década de 1860, percorreu parte do Baixo Vale descrevendo a região, os problemas do cafeeiro, do tratamento do café e a questão escravista nas fazendas. “Os cafezais no Brasil são feitos em antigas roças, nas terras em que se derrubou a mata, ou se queimou, porque o solo é mais forte. Cafeeiro esgota em tal grau a terra, que não costumam utilizá-la quando os arbustos envelhecidos nela não produzem mais.”

Charles Ribeyrolles percorreu o Vale do Paraíba em 1858 e o descreveu sobre a escravidão em massa em centenas de fazendas. “o verdadeiro estabelecimento no Brasil é a fazenda de café, É ai que se encontram as atividades, as ambições, os capitais (...), as melhores terras, as oficinas mais completas e os amplos edifícios (...). Vamos reunir certas observações feias em diversos pontos e traçar uma ligeira monografia: os negros da fazenda, casados ou não, habitam compartimentos alinhados em filas os quais, à noite, após a ceia, são fechados pelo feitor. Dormem debaixo de chave como presidiários. Essa medida é quase geral e tem por fim prevenir evasões, os encontros sediciosos, as entrevistas de amor, as intemperanças e fadigas noturnas que abateriam as forças, perturbariam a disciplina e prejudicariam o trabalho.” E continua com “Aqui é diferente. O amo dá-lhe a casa, a camisa, o feijão e milho. A fome não penetra na senzala. Nela não se morre de inanição como em White Chapel ou Westminster. Mas não existem famílias: há ninhadas. Por que se entregaria o pai às santas alegrias do trabalho¿ Interesse nenhum liga à terra. Nem proveito lhe advém na colheita. Para ele, o labor representa a fadiga e o suor. É a escravidão. Por que se desvelaria a mãe em manter limpos os filhos e a moradia¿ Os filhos lhe podem ser arrebatados, de uma hora pra outra, como pintos ou cabritos da fazenda, e ele mesmo não passa de um simples objeto”. O autor também cita sobre a disciplina impostas aos escravos e sobre os castigos e ainda cita que no meio urbano os castigos são regulamentados, mas no meio rural cada senhor resolvia a seu critério, havendo fortes abusos.

 “É este o germem roedor do Império do Brasil, e que só o tempo poderá curar.”

A maioria dos que fundaram as fazendas de café no Vale eram mineiros que abandonavam suas terras devido à exaustão das catas e das minas de ouro ou de pedras. Outros eram portugueses, ou provenientes de outra regiões do Brasil, vindos para Minas Gerais a partir do apelo do outro e que, com seu esgotamento, de igual forma se deslocaram para o Vale.

O Vale paulista começou a ser habitado nos séculos XVII e XVIII, período de grande pobreza em toda região e as construções executadas eram engenhos, ou melhor, engenhocas de açúcar e de cachaça.

No Vale fluminense, as edificações das fazendas somente começaram a ser erguidas nos anos finais do século XVII e no século XVIII, e as sedes das fazendas mais importantes são porteriores à segunda década do século XIX, a partir da explosão econômica da cultura do café.

As fazendas de café se estruturam a partir de um engenho de cana de açúcar, adotaram um esquema geral que se repetia com bastante uniformidade. Isso porque suas edificações eram sempre retangulares. Eram formadas por engenho de café, com roda d’água que servia também à serraria, as tulhas para o guarda do café, os depósitos para a guarda das ferramentas e demais utensílios e a senzala para a habitação da escravaria.

A senzala, muito comumente, tinha suas celas organizadas formando uma quadra, em torno de um pátio central, ou constituindo fiadas, por vezes ao longo das bordas dos terreiros de secagem do café. Eram numerosos os cubículos ou celas das senzalas, e conforme o número dos escravos.

A casa residencial, sede, ficava geralmente em um ponto alto da propriedade, no entanto sempre junto aos terreiros, para que o senhor pudesse dominar todo o conjunto e, em especial, o trabalho da secagem e do preparo dos grãos, o que processava nos terreiros, e que contituia uma das operações mias delicadas no trato do café.

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