Resenha Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Por: Júlia Moraes • 27/6/2022 • Resenha • 521 Palavras (3 Páginas) • 135 Visualizações
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Universidade Federal do Pará - UFPA Instituto de tecnologia – ITEC
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PPGAU Linha de pesquisa : : Arquitetura, cultura e especialidades na Amazônia
Júlia Helena Santa Maria Moraes Gomes
Resenha
BELÉM – PA 2022
GEERTZ, Clifford. Obras e Vidas: o antropólogo como autor. Capítulo 1 – “Estar lá: A antropologia e o cenário da escrita”. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005
Estar lá: A antropologia e o cenário da escrita
Geertz discorre sobre a dialética entre o meio acadêmico e o meio da pesquisa de campo, ou seja, o “estar lá” e o “estar aqui”. É sobre a compatibilização entre os dois meios cruciais do desenvolvimento do estudo e o que implica em seus resultados.
O autor inicia este capítulo de forma impactante, ao meu ver, ele aborda as “ilusões” do que é se praticar etnografia. Fala sobre que as técnicas e os parâmetros que tornam a etnografia um método não a resume, é muito mais do que escrever, pesquisar, adquirir informações e transitar entre os lugares. Ele também se posiciona em relação a escrita etnográfica e o seu caráter literário mediante das ações e obrigações do etnógrafo.
A visão da etnografia como ciência já dividiu opniões no meio científico, e por isso Geertz assume uma preocupação em relação ao caráter factual do método: o convencimento está no fato de que realmente esteve lá. Geertz afirma que “Os bons textos de antropologia são sim, simples e desprentensiosos” (p. 12) ao mesmo tempo que atenta para as minúcias das linguagens abordadas nos textos antropológicos. Fala também sobre o poder da substancialidade factual e em como geralmente os etnógrafos entendem que sua credibilidade está na descrição ferrenha e extensa dos detalhes, mas em sua visão: Não é dessa forma que as coisas funcionam.
“A crítica dos escritos antropológicos deve brotar de um engajamento com eles, e não de pré-concepções sobre como deve ser a antropologia para se qualificar como ciência”(GEERTZ, 1988)
É interessante a colocação que o autor fala sobre “Asseverações incorrigíveis” (p. 16) em relação à escrita etnográfica – O dicionário descreve a palavra asseveração como uma afirmação realizada com muita propriedade e defendida arduamente pelo seu autor. O fato dos dados etnográficos serem colhidos de uma forma muito específica, colhido em um momento, lugar, época, contexto e visão muito específicos torna o cenário ainda mais minúcioso pois tudo isso só pode ser adquirido uma única vez.
Geertz se alia aos pensamentos de Foucault sobre as questões relacionadas a distinção dos campos de discurso e apresenta no texto que existe uma dialética entre a “função-autor” e a ciência. Ele fala que a antropologia está quase toda ao “lado” do discurso litérario em contra ponto ao discurso científico : “Os nomes das pessoas são ligadas a livros e artigos e, mais ocasionalmente, a sistemas de pensamento” (p.19)
A crítica é eminente sobre a semelhança dos laudos laboratoriais antropológicos com romances literários, o uso do “eu” é questionado diante da afirmação do autor : “estranheza de construir textos ostensivamente científicos a partir de experiências em grande parte biográficas” (pg. 22).
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