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Resenha Roberto Schwarz

Por:   •  4/7/2020  •  Resenha  •  812 Palavras (4 Páginas)  •  224 Visualizações

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A década de 1960 foi marcada pela ditadura militar. Marco histórico que teve

como grande foco a repressão contra a oposição, que defendia a liberdade de

expressão e o movimento socialista. Após o momento em que os militares

destituíram do poder de João Goulart, "O povo, na ocasião, mobilizado mas sem

armas e organização própria, assistiu passivamente à troca de governos". Em

seguida, foram inseridas uma série de consequências que resultaram na falta de

liberdade de expressão e de organização. Partidos políticos, sindicatos, associações

de estudantes e outras organizações representativas da sociedade foram

suprimidos ou intervidos pelo governo e os meios de comunicação e as

manifestações artísticas foram reprimidos pela censura. A cultura na época acabou

sendo um meio de comunicação, que apesar de restrito, se tornou essencial para o

povo, tornando possível a expressão de seus ideais por meio de mensagens

subliminares através da arte e da música , que se tornaram expressões culturais da

época.

No momento de angústia e repressão, a música foi um grande escape para o

povo da época. O estilo MPB criado por um conjunto de artistas, denominados

"tropicalistas", foi de extrema importância para que objetivos e mudanças no

panorama cultural brasileiro fossem expostos, de uma maneira que incentivasse a

criação da identidade brasileira. No entanto, além do processo cultural, a construção

da identidade também foi um processo político, que foi imposto com a ditadura

militar e sua centralização da autocracia e da opressão.

Os artistas plásticos da época acabaram reinventando a vanguarda e o

significado de participação política no regime. A experimentação e a liberdade eram

as únicas regras para aqueles que se expressavam por meio de suas obras

mostrando que, a resistência à ditadura começou com uma mudança no olhar em

relação a situação que viviam. As artes (de forma geral) ainda desafiavam o

conservadorismo e a atitude repressora do regime em relação à visão tradicional da

representação mundial.

Não apenas artistas plásticos participaram de protestos, mas também

aqueles do meio teatral, foram responsáveis por muitas maneiras de representar a

discordância com o novo governo instituído. As peças de teatro tinham uma nova

face, antes os cenários onde eram discutidos assuntos importantes como o

adultério, o português e a própria liberdade de expressão, pareciam ter retrocedido

uma era devido a ditadura. Peças como "Zumbi" foram introduzidas nos teatros com

o intuito de expressar ao público toda a indignação vivida naquele momento pelo

povo brasileiro. A peça consistia em representar o antigo conflito entre negros

escravos com os colonizadores portugueses refletindo a atual situação em que o

Brasil se encontrava, com os negros simbolizando o povo brasileiro e os

portugueses as forças ditatoriais. Isso permitia que atores compartilhassem a

angústia com o público sobre o que no momento estava sendo proibido.

O filme "Terra em transe" foi outro grande exemplo de uma exaustiva crítica

de todos aqueles que participaram desse processo, incluindo as diferentes correntes

da camada populacional de esquerda brasileira, na medida em que metaforiza em

seus personagens diferentes tendências políticas presentes no Brasil no contexto da

época. É exposto no filme que letras foram censuradas, vários artistas foram

exilados e um clima hostil estava presente em diversas situações,

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