XADREZ DAS CORES - ÉTICA E CIDADANIA (MACK)
Por: Thay Formigari • 26/4/2021 • Resenha • 631 Palavras (3 Páginas) • 382 Visualizações
O Xadrez das Cores - Igualdade
O curta nos apresenta um pouco da história de duas mulheres: Estela, uma senhora já idosa e uma mulher negra, Cida, sua nova cuidadora. A primeira cena já nos deixa a par pelo sobrinho da senhora idosa que ele precisava viajar e não poderia deixá-la sozinha e que mesmo com as reclamações teria de contratar a funcionária negra, pois ela dispensou todas as funcionárias anteriores.
Estela acompanhava o trabalho de sua nova empregada e a todo momento fazia comentários racistas e depreciativos, enquanto Cida seguia calada ouvindo cada insulto, pois precisava deste emprego. Em uma situação de dor, Estela reclama que quer mais um comprimido de seu remédio e assim manda Cida entrega-lo, alegando que ela estava sendo paga para lhe obedecer. Cida na verdade lhe informa que está sendo paga para cuidar dela. A partir desta cena temos a impressão de que rolaria uma empatia por parte de Estela, mas não foi bem isso que aconteceu.
Novamente a cada oportunidade ela destilava insultos à empregada, sempre a subjulgando pela cor. Cida se mostra interessada por um tabuleiro de xadrez, esse que diz nunca ter visto na vida. Pede para sua empregadora lhe ensinar a jogar. A partir desse jogo o curta faz uma alegoria ao racismo, a desigualdade social e a solidão na velhice. Durante as jogadas, onde as peças negras eram sempre tiradas de tabuleiro indo para o lixo, e as peças brancas exaltadas assim como observamos na nossa sociedade, que valoriza o branco e questiona o valor do negro.
No caminho para casa Cida se depara com um tabuleiro de xadrez à venda e decide compra-lo no intuito de aprender a jogar e parar de ser humilhada por Estela. Enquanto lê um livro com as instruções do jogo, Cida observa pela janela as crianças da vizinhança brincando com armas. Ali já entendemos um pouco mais da desigualdade social que separa essas duas mulheres.
Em um certo momento de fragilidade, a idosa revela uma angústia de ter sido abandonada pelo marido (que no caso tinha falecido) e sua profunda dor em ter sido obrigada a realizar um aborto, pois agora teria de passar a velhice sozinha. A mulher negra relata sua dolorosa vivencia de ter perdido um filho já nascido e criado para a violência. Elas compartilhavam agora um sentimento mutuo de dor.
Cansada dessa dinâmica de ser sempre humilhada, durante uma partida do jogo de xadrez Cida transforma seu peão preto em rainha e avisa que está indo embora, se demitindo. Essa metáfora de transformação traz um impacto social para a vizinhança de Cida, que decide levar o jogo de xadrez para as crianças que antes brincavam com as armas.
Novamente Estela se encontra em situação de abandono, pois seu sobrinho viajará novamente, e ela conseguiu dispensar a empregada contratada após Cida se demitir. O sobrinho pede a Cida que volte para cuidar de sua tia, e Cida se impõe dizendo que só voltaria se Estela se arrependesse de tudo que fez e falou. O curta termina com Cida se compadecendo da situação de Estela, e propõe uma nova partida do jogo, desta vez, ela vira o tabuleiro e quem irá jogar com as peças pretas é Estela.
Estela, depois de pensar um pouco, aceita a partida e neste momento ela entende o jogo, da igualdade no caso. A partir da proximidade das duas, esse julgamento de valor pela cor de Cida se dissolve. As duas são rainhas, apesar de suas diferenças, nenhuma é melhor que a outra simplesmente pela sua cor ou condição social, cada uma passou por situações de vida onde tiveram que superar e aprender a usar o campo de batalha a seu favor. Cida, porém, tem o direito de ser tratada sem discriminação, com igualdade conforme as suas necessidades.
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