A Teoria da Comunicação aplicada ao processo contábil

1.2 Teoria da Comunicação aplicada ao processo contábil

1.2.1 O que é a Teoria da Comunicação

A Teoria da Comunicação passou a ser explorada a partir do século XX com o advento das tecnologias midiáticas. Desde então, esta Teoria tem sido aprofundada em pesquisas desenvolvidas por várias Escolas com enfoque na Comunicação Social. Essa versatilidade decorre do fato de a comunicação ser essencial em todos os ramos do conhecimento e, a depender da área a ser estudada, pode contribuir de forma significativa na linguística, matemática, política, tecnologia, economia, bem como na própria Contabilidade. Esta Teoria visa a estudar, analisar e solucionar entraves causados em decorrência da comunicação e, por essa razão, tornou-se importante aliada para uma compreensão científica das problemáticas ligadas à comunicação em diversos ramos acadêmicos.

Para Coelho, Mota e Queiroz (2014, p. 2, apud DIAS FILHO, 2000) os conceitos da Teoria da Comunicação atestam que a eficácia de uma mensagem é medida pela quantidade de informação assimilada, pois a informação é a redução de incerteza e a sua validade é determinada medindo o nível de incerteza do usuário entre dois momentos: antes e depois de receber a mensagem. Ainda afirmam que se o usuário da mensagem não conseguir interpretá-la, não se pode dizer que tenha ocorrido uma comunicação, pois isto somente se concretiza se o código utilizado pelo emissor estiver sido compreendido pelo receptor, se assim não for, a informação será apenas um ruído sem qualquer valor semântico.

Portanto, a Teoria da Comunicação pode ser definida como a transferência de informações de certa fonte para um determinado receptor, visto que o objetivo de um comunicador é realizar esse procedimento de modo eficiente, surgindo a necessidade de se desenvolver modelos buscando o aprimoramento da comunicação (OLIVEIRA, 2013, p. 24).

 

1.2.2 Características qualitativas da informação contábil

As características qualitativas da informação contábil-financeira útil identificam os tipos de informação que muito provavelmente são as mais úteis para investidores e credores, existentes e em potencial, para tomada de decisões acerca da entidade com base na informação contida nos seus relatórios contábil-financeiros (CPC 00, 2011).

Para tanto, o CPC 00 passou por algumas mudanças e dividiu as características qualitativas da informação contábil-financeira em Características qualitativas fundamentais e de melhoria.

1.2.2.1 Características qualitativas fundamentais

As características qualitativas fundamentais são relevância e representação fidedigna. Segundo Hendriksen e Breda (1999), uma informação está dotada de relevância quando esta for adequada à questão que está sendo estudada. Logo, o que é relevante para um usuário não é para outro, algo relevante hoje não necessariamente será amanhã.

Sendo assim, a relevância da informação está ligada ao seu valor preditivo e confirmatório, pois ambos estão inter-relacionados. Os Relatórios Contábeis podem auxiliar os usuários a antecipar dados por meio de suas informações e predizer futuros resultados ao fazerem suas próprias projeções. Já seu valor confirmatório consiste na retroalimentação de avaliações em que o usuário pode confirmar ou alterar suas decisões. A materialidade tem relevância específica por ser baseada nas particularidades ou num contexto em especial. Portanto, a informação material não possui um limite quantitativo ou uma predeterminação. Esta apenas ocorre se a sua omissão ou sua divulgação distorcida influenciar nas decisões dos usuários acerca da entidade específica que reporta a informação.

A representação fidedigna se constitui de três atributos: completa, neutra e livre de erro. Ser completa consiste em incluir toda a informação necessária, inclusive descrições e explicações, para que o usuário compreenda o fenômeno sendo retratado. Já a informação para ser neutra não deve ser distorcida com contornos para lhe conferir peso e ênfase maior ou menor, ou qualquer outro tipo de manipulação para aumentar a probabilidade de a informação ser recebida pelos seus usuários de modo favorável ou desfavorável. Por último, para a informação ser livre de erros, significa que o processo utilizado para produzir a informação foi selecionado e aplicado sem erros ou omissões.

1.2.2.2 Características qualitativas de melhoria

A comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade têm por finalidade melhorar a utilidade da informação relevante e fidedignidade.

A Comparabilidade trata de alternativas, assim, a informação será mais útil caso possa ser comparada com informação semelhante entre entidades e na mesma entidade considerando outros períodos. A Consistência refere-se à utilização dos mesmos métodos para os mesmos itens. Logo, a comparabilidade é o objetivo, enquanto que a consistência é o meio que auxilia a alcançar esse objetivo.

A verificabilidade garante que a informação contábil-financeira seja representada de maneira fidedigna, uma vez que diferentes usuários podem chegar a um consenso, embora não cheguem necessariamente a um acordo. A verificação pode ser direta ou indireta. Esta ocorre ao se verificar um montante ou outra representação por meio de observação direta e aquela visa checar os dados de entrada do modelo, fórmula ou outra técnica e recalcular os resultados obtidos por meio da aplicação da mesma metodologia.

A tempestividade tem efetividade quando a informação é disponibilizada ao usuário a tempo de influenciá-lo na tomada de decisão, pois uma informação extemporânea ou antiga tem menos utilidade. Eventualmente, uma informação pode ter sua tempestividade prolongada, caso usuários necessitem identificar e avaliar tendências.

A compreensibilidade acontecerá se a classificação, caracterização e apresentação da informação tiverem clareza e concisão. Os relatórios contábeis são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável de negócios e, diante de um fenômeno econômico complexo, estes mesmos usuários bem informados podem sentir a necessidade de procurar ajuda de consultor para compreensão da informação.