ANÁLISE DA BUROCRACIA BRASILEIRA
Por: Fernanda Gastal • 8/4/2018 • Relatório de pesquisa • 3.618 Palavras (15 Páginas) • 395 Visualizações
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Curso: Ciências Contábeis
Atividade de Ensino: Introdução À administração
Professor: Dr. Cláudio Mazzilli
Aluna: Fernanda Moraes Gastal
ANÁLISE DA BUROCRACIA BRASILEIRA
Porto Alegre, maio de 2015.
Reportagem 1: Protesto pede mais segurança e bloqueia trânsito na RSC-453 em Farroupilha.
Resumidamente, a reportagem trata de um grupo de moradores que realizaram um protesto contra a retirada das lombadas eletrônicas da RSC-453. Eles bloquearam as vias (nos dois sentidos) e alegaram a falta de segurança no trânsito. Com a retirada da lombada, muitos motoristas não obedecem o limite de velocidade, colocando em risco a vida de muitos moradores e, principalmente, a vida de crianças e jovens que estudam perto desse trecho, na Escola Carlos Fetter. A ação é organizada pelo Conselho Escolar e as Associações de Moradores dos bairros Nova Vicenza e Bela Vista. O “Daer” divulgou que, enquanto as lombadas eletrônicas não forem reativadas, serão instaladas “linhas de estímulo” à redução de velocidade no local.
Segundo Max Weber, uma das características da burocracia é que todos os membros do sistema tem direitos e deveres delimitados por regras e regulamentos. Essas regras se aplicam igualmente a todos, de acordo com seu cargo. Está na Constituição brasileira o direito à todos os cidadãos o direito à segurança. A partir do momento em que um grupo sente-se injustiçado, não sendo atribuído os seus devidos direitos, eles tem razão em protestar, como aconteceu no fato citado na reportagem.
O fato de ter sido indeferida uma ação civil pública com o objetivo de viabilizar a instalação de quebra-molas, pois a juíza argumentou que qualquer modificação na estrada deve ser autorização pelo “Daer”, nos remete a Merton. Merton critica o excesso de burocracia (“papelada”), o que objetivava uma eficácia burocrática, na verdade, se mostra ineficaz, devido ao exagero que, no caso citado, pode resultar em mais protestos ou até em acidentes no trânsito, devido à demora burocrática.
Esse protesto nos leva a Selznick. Como descreveu, o corporativismo, a luta de uma classe por seus direitos, o pensamento uniforme, está presente nessa situação, em que vemos os manifestantes compartilharem a mesma luta – a segurança no trecho.
Sobre o viés de Gouldner, dos seus relatados “efeitos primários”, que ocorrem quando há divergência entre os interesses dos indivíduos e os objetivos do sistema organizacional, podemos percebê-los nos diferentes interesses do “sistema organizacional” em retirar as lombadas eletrônicas e dos “indivíduos” em manter as mesmas.
Reportagem 2: Aprovação a Dilma cai para 13%.
A notícia relata o pior índice avaliativo do governo de Dilma Rousseff. Sendo a taxa de reprovação mais alta de um presidente desde 1992 (véspera do impeachment de Fernando Collor), 62% dos entrevistados avaliaram o governo atual como ruim ou péssimo. A nota para presidente foi também a mais baixa desde que assumiu em 2011 (3,7 de 10).
A pesquisa foi feita logo após a manifestação de 15 de março, da qual houve milhares de participantes protestando contra Dilma e contra a corrupção.
A avaliação do Congresso foi apresentada com 50% dos entrevistados avaliando a atuação de senadores e deputados como ruim ou péssima.
Segundo a teoria weberiana, há três tipos de sociedade: a tradicional, a carismática e a racional-legal / burocrática. A terceira citada, é a ideal, as leis visam tratamento igualitário de todos e tenta evitar os abusos de poder. Infelizmente, o Brasil se mostra como uma “sociedade carismática”, na qual as instituições sócio-político-econômicas são frágeis, o poder é tomado por agitadores sociais em momentos de crise e o povo, muitas vezes alienado, deposita suas esperanças em um “salvador da pátria”.
A teoria burocrática de Max Weber não admite o enriquecimento e tem como característica os salários justos e adequados. Claramente não pode evidenciar-se isso atualmente no Brasil, visto que dia 15 de março houve um protesto contra a corrupção.
Crozier, ressalta como uma das disfunções burocráticas os jogos de poder. A corrupção citada na notícia é oriunda dos jogos de poder daqueles que aproveitam-se do seus controles de recursos. Crozier ainda fala da “ação coletiva”, como um fenômeno não natural e que tem como finalidade soluções específicas para a concretização de objetivos do grupo social, podemos notá-la no protesto contra a presidente e a corrupção, um fenômeno que não é visto diariamente e que tem um objetivo comum.
Sob a perspectiva de Gouldner, podemos falar sobre sua teoria da “burocracia fingida”: as regras existem apenas para “constar” e são cotidianamente desobedecidas. No caso da corrupção brasileira, é notório que muitas das leis foram infringidas por membros da política do país.
Reportagem 3: Comissão de Direitos Humanos diz repudiar violência policial no PR.
No dia 29.04, quarta-feira, professores paranaenses foram às ruas protestar contra o projeto de lei que altera a forma de custeio do sistema previdenciário de servidores estaduais do Paraná. Enquanto havia as manifestações, a ação policial as reprimiu violentamente, deixando mais de 200 feridos, por uso de bombas, tiros de balas de borracha por policiais ou ataque de cachorros. Por conseguinte, na quinta-feira que se seguiu a esse episódio trágico, a Comissão de Direitos Humanos do Senado divulgou uma nota repudiando a violência utilizada contra esses profissionais, destacando o despreparo e exagero policial.
Conforme a burocracia descrita por Max Weber, membros do sistema possuem direitos e deveres preestabelecidos por regras e regulamentos. Dado o caso citado, nota-se que a falta de comprometimento do Estado perante a um direito do cidadão –a segurança-, estabelecido na Constituição do país, quebra tanto um direito descrito pela teoria weberiana quanto um direito do cidadão brasileiro.
Outra característica da teoria weberiana é a remuneração justa e adequada. Se o Brasil tivesse uma sociedade racional-legal e, assim, oferecesse um salário adequado aos professores e uma aposentadoria justa o protesto não ocorreria e, talvez, essa triste notícia não nos seria relatada.
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