O Programa Método Mãe-Canguru
Por: Cesiro Junior • 7/10/2021 • Monografia • 815 Palavras (4 Páginas) • 109 Visualizações
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[pic 1] O Programa Método Mãe-Canguru O Programa Método Mãe-Canguru iniciado na Colômbia, em 1978, permitiu que recém-nascidos prematuros (RNPMT) clinicamente estáveis obtivessem alta hospitalar precoce, passando a ser acompanhados ambulatorialmente. Desde então, é aplicado por vários países e pode ser utilizado tanto como alternativa à tecnologia, quanto como facilitador do vínculo mãe-bebê. Apesar das diferentes formas de aplicação, o contato pele a pele é um aspecto universal e, algumas vezes, é utilizado como sinônimo do método. Segundo Charpak et al (1999), “O Método Mãe-Canguru tem dois objetivos fundamentais: suprir a insuficiência de recursos materiais e evitar a separação prolongada entre a mãe e seu bebê”. Este autor ainda destacae que “este método oferece a vantagem de a incubadora poder ser substituída por uma fonte humana de calor direto e de alimento, quando os únicos problemas do bebê são aqueles relacionados com a sua termorregulação e alimentação”. No Brasil, iniciou-se no começo da década de 90, em Santos e em Recife, e foi regulamentado pelo Ministério da Saúde em 1999. O Método Mãe-Canguru no Brasil sofreu grande influência da Pediatria do Desenvolvimento e do NIDCAP (Newborn Individualized Development Care and Assessment Program), e pode hoje ser considerado uma abordagem opcional de cuidados individualizados oferecidos de forma hospitalar e ambulatorial. O Método associa o controle dos estímulos ambientais aversivos à posturação adequada do bebê. A participação da mãe nos cuidados diários com o RN e o contato pele a pele proporcionam estimulação sensorial e rítmica agradável ao bebê, que se encontra em período de fragilidade biológica, e representam diferencial no atendimento ao RNPMT. Para tanto, há um trabalho de equipe que oferece suporte e favorece a autoconfiança e a competência dos pais, que ao reconheceren a linguagem comportamental do seu bebê, estabelecem com ele interações mais positivas. O Programa Método Mãe-Canguru no Brasil é sistematizado em cinco pilares:posturação do RN (em ninhos dentro da incubadora); intervenção ambiental (luz, som, protocolo de dor); intervenção centrada na família; amamentação e contato pele a pele, que pode ser parcial/intermitente ou integral/contínuo. A “posição canguru” consiste em colocar o bebê verticalmente, em posição prona, com o mínimo de roupa, em contato pele a pele sobre o peito da mãe. O RN é “amarrado” ao corpo da mãe com tecido dobrado em forma triangular ou com faixa específica, onde permanece pelo maior tempo possível. A equipe multiprofissional da Unidade Neonatal está envolvida no Programa e na assistência à díade mãe-bebê. O Método Mãe-Canguru(MMC) tem aplicação dividida em três etapas: hospitalar (1a e 2a etapas) e, após a alta hospitalar, o seguimento ambulatorial (3a etapa). A 1ª etapa se inicia na Unidade Intensiva com contato pele a pele intermitente, para a 2a etapa (MMC propriamente dito), o RN é transferido para a Unidade de Prematuro. Os critérios de elegibilidade do bebê incluem: 1 - PN <2.000g; 2 - estabilidade clínica; 3 - peso mínimo de 1.250g; 3 - dieta enteral plena (pode estar com SOG/SNG); 4 - medicações por via oral; e para a mãe: 1-desejo de participar do Programa; 2- saúde física e mental. Nesta etapa, o bebê permanece em posição canguru de forma integral (contínua), a mãe pode circular pelas dependências do hospital e deve dormir em posição semi-sentada (encosto alto). As orientações quanto à postura anti-refluxo e sinais de alerta para pausas respiratórias e apnéias são reforçadas. O RN costuma permanecer em posição canguru, até próximo à idade gestacional corrigida de termo (40 semanas). Para a alta hospitalar são recomendados:
Na 3ª etapa (ambulatorial), o bebê deve retornar para consulta três vezes por semana, até atingir peso de 2.000g; semanalmente, até 2.500g; e quinzenalmente, até aproximadamente 3.000g. Este ambulatório funciona de forma aberta, permitindo retornos não-agendados. A reinternação do bebê, quando necessária, é assegurada pelo hospital. Na alta do programa, o bebê é encaminhado para a rede básica de saúde. A preocupação com o ambiente aversivo que envolve os recém-nascidos prematuros após o seu nascimento e as conseqüências para o seu desenvolvimento têm levado a várias linhas de pesquisa sobre as formas e conseqüências de intervir neste ambiente. Neste contexto, o Método Mãe-Canguru pode ser considerado mais do que simples “manejo” neonatal, mas também um método de intervenção psicossocial e um instrumento de intervenção no desenvolvimento do bebê. |
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