Ética como doutrina da conduta humana
Por: julianapaula • 18/11/2017 • Resenha • 1.736 Palavras (7 Páginas) • 1.590 Visualizações
SÁ, Antônio Lopes de. Ética Profissional. Ética como doutrina da conduta humana. 9 ed. 6. reimpr. Revista e Ampliada. São Paulo: Atlas, 2014. p. 15 – 48.
Resenha[1]
Por
Juliana Lima
Antônio Lopes de Sá (Belo Horizonte, 9 de abril de 1927 - 7 de junho de 2010) foi um escritor e contador brasileiro da área das ciências empresariais e filosofia do comportamento humano. Foi o escritor que mais editou livros e artigos no Brasil e em vários outros países como Itália, Espanha, Portugal, Argentina, Colômbia, Estados Unidos e Chile. Possuía doutorado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi laureado doutor honoris causa em Letras pela Samuel Benjamin Thomas University de Londres. Venceu vários prêmios internacionais de literatura científica e da Medalha de Ouro do Prêmio João Lyra Tavares, considerada a maior comenda que se outorga a um contador no Brasil. Foi presidente por três mandatos da Academia Brasileira de Ciências Contábeis e até o seu falecimento era o seu 1º vice-presidente. Foi igualmente membro de honra de outras academias na França, Espanha e Estados Unidos. Foi o idealizador e coordenador de nove congressos internacionais de contabilidade do mundo latino e criou a maior corrente científica da contabilidade da atualidade, o neopatrimonialismo.
O capítulo “Ética como doutrina da conduta humana”, fala que a Ética tem a função de objeto da vontade ou das regras que a direcionam e que a conduta humana é móvel. A evolução conceptual é natural nas ciências e até no campo empírico; quanto mais evolui um conhecimento, tanto mais tende a ter mais e melhores conceitos, buscar conhecer o que promove a satisfação, prazer ou felicidade é, nessa forma de entender a questão, mais que analisar o bem como uma coisa isolada ou ideal. A Ética, como estudo da conduta, todavia, já é percebida em Protágoras, quando em seus ensinamentos pregava o que fazer para ser virtuoso perante terceiros, os pensadores da época entenderam por Ética a ação virtuosa, desde que esta resultasse do consenso de todos, ou seja, fosse aceita como tal. Consta que Paracelso afirmou que a Medicina só estaria completa quando se associasse o estudo do corpo àquele do espírito. A forma de entender a conduta humana, em favor da vida do homem, a partir dos caminhos básicos que deve assumir, variou, no tempo, em relação a diversos ilustres pensadores. Hobbes entendeu que o básico na conduta é “a conservação de si mesmo”, como o bem maior e concluiu, sobre a existência de três causas fundamentais da discórdia entre os participantes de um grupo: “Primeiro, a competição; segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória”. Poucas inteligências se equipararam à de Descartes no século XVII e raro à dele se nivelaram até hoje. Consagra, pois, o sentido da benevolência como base ética, ou seja, reconhece que a consciência deve moldar-se pela agregação em relação ao que nos cerca, afirmando que “nos consideramos unidos ao que amamos, de tal sorte que imaginamos um todo do qual acreditamos ser apenas uma parte, sendo a outra o objeto amado” e lecionou que jamais devemos menosprezar alguém, assim como devemos estar sempre mais dispostos “a desculpar que a censurar”, sendo sempre recomendável a humildade virtuosa, sem o vício do orgulho. Espinosa, mesmo seguindo aproximadamente a linha de Hobbes, traça um caminho mais qualificado cientificamente, com um tratamento de grande valor teórico, entendendo que desejar o bem para si mesmo é uma questão relevante, mas que conhecer a natureza divina é algo que a tudo se sobrepõe. Locke acompanha a tendência de conservação do ser e acrescenta que se deve evitar a tristeza, auxiliando a experiência pelas sensações e reflexões, buscando-se, ao máximo, a alegria de viver. Partindo de suas premissas defende a percepção como fonte da ideia: “a alma começa a ter ideias quando começa a perceber”, “a alma nem sempre pensa, pois isto necessita de provas”. Leibniz entendeu que as normas da moral não são inatas, mas que existem verdades inatas; de uma forma extremamente singela apresentou a que lhe pareceu a mais importante: “não façais aos outros senão aquilo que gostaríeis fosse feito a vós mesmos”. Complementa afirmando que os limites de justiça nem sempre são assimiláveis pela sociedade e que a conduta humana absolutamente justa termina por conflitar-se com aquela do grupo social. Hume destaca-se no campo da Ética pelo seu posicionamento utilita- rista, como um questionador das causas promotoras das virtudes, dos vícios, da verdade, da falsidade, da beleza e da fealdade e como um precursor de conceitos sobre os móveis da conduta humana. Hume ressalta que a conduta, nas sociedades, nem sempre está de acordo com a virtude, como padrão ideal a ser alcançado; a realidade bem nos mostra a validade dessa afirmativa; os atos de corrupção no Poder, as mentiras habituais que homens públicos, em cargos de destaque, veiculam a condução da imprensa ao sabor dos interesses econômicos de minorias e em detrimento das maiorias etc., são transgressões da Ética que comprovam a verdade enunciada pelo ilustre filósofo, há tanto tempo. Kant afirma que a razão guia a moral e que três são os pilares em que esta se sustenta: Deus, liberdade e imortalidade. A lei da vontade ética é a que, entende ele, sobre todas prevalece. Bentham apologista do dualismo — dor e prazer —, nele resumiu toda sua doutrina ética, impregnada fortemente de uma tendência para o maior proveito que conduta possa oferecer como veículo de felicidade. Diversos outros ilustres pensadores cuidaram da Ética, sob prismas repetitivos em relação aos já comentados, acrescendo, entretanto, pequenos detalhes, alguns mais de forma que de essência, acredita em uma ética evolutiva, competente para dar ao homem, cada vez mais, melhores condições de uma existência digna. As variações ocorridas nos pensamentos, às influências de outros aspectos, como os políticos, religiosos, econômicos, mostram que a conduta humana é rica em sua produção de fenômenos, merecendo, portanto, múltiplas concepções e estudos ambiciosos, no sentido de conhecer e explicar a conduta humana. Vidari diz que a Ética é ciência e que seu objeto é composto de juízos formados pela aprovação ou não de condutas humanas, estudadas sob o prisma de seus efeitos. Em verdade, tudo o que pode ser objeto de conhecimento pode ser também objeto de ciência, desde que se condicione à disciplina do método e tenha por meta encontrar realidades ou sustentações lógicas. Einstein dedicado extremamente à Física, às Matemáticas, deixou, todavia, marcantes visões éticas reveladas em opiniões sobre o mundo e a vida. Também, não obstante seus pontos de vista firmes sobre a vida, como todo ser humano deixou-se levar mais pelo emocional que pelo racional.
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