A BUSCA PELO BEM E ÉTICA A NICOMACO
Por: Arthur Maziero • 27/8/2020 • Trabalho acadêmico • 1.019 Palavras (5 Páginas) • 127 Visualizações
Aristóteles é um dos filósofos mais traduzidos e analisados dos últimos anos, especialmente no mundo anglo saxão. Desde o século XIX, um de seus trabalhos que mais tem chamado a atenção dos leitores é justamente a sua discussão sobre ética.
Dentro de seu legado de mais de três tratados sobre o tema, um dos mais aclamados é: “A Grande Ética" ou "Magna Moralia”. No entanto, dois tratados éticos que circulam com grande influência no mundo e nas academias, incluindo o Brasil, são intitulados: "Ética a Nicômaco" e "Ética a Eudemo". Ambos apresentam uma certa oscilação de conteúdo, mas que, no conjunto da obra, revelam uma doutrina unificada, expressando a concepção da noção de eudaimonia para os gregos, que se traduz como uma noção de felicidade para o mundo contemporâneo.
É interessante observar que, um olhar atual para a ética de Aristóteles pode nos fazer acreditar que não há nada mais distante das nossas concepções de felicidade do que aquela que ele nos apresenta. Isso porque, desde o início de sua argumentação, ele procura introduzir a noção de eudaimonia como o potencial de felicidade, cuja realização depende do entendimento do conceito de um sumo bem - um bem supremo para todos os seres humanos.
Aristóteles apresenta aos seus alunos em seus cursos uma espécie de tese basilar que consiste em provar que todas as nossas ações tendem a alguma coisa e que seria absolutamente absurdo que nossas ações não tivessem, portanto, um ponto de chegada. Esse ponto de chegada final, pelo qual todas as nossas ações aspiram, é justamente a realização do nosso sumo bem humano, ou seja, a plena realização de todas as potencialidades do homem.
A ideia de que para todas as nossas ações exista um único bem, uma única coisa boa que todos almejam parece completamente alheia, distante e estranha às nossas concepções democráticas, individuais e pluralistas. As nossas sensibilidades contemporâneas parecem nos indicar que cada um sabe o que é melhor pra si; por isso a ideia de que exista uma única coisa boa, universalmente boa, que seja um bem supremo a todos os seres humanos, e que isso é o quê todos devem buscar, parece algo completamente descabido.
No entanto, quando nós nos detemos à argumentação extraordinária oferecida por Aristóteles a respeito desse sumo bem humano, é possível notar que o filósofo tem em mente, na verdade, uma certa concepção da natureza humana, segundo a qual nós devemos realizar aquilo que é próprio a um ser humano e não a outros tipos de seres. A realização com êxito daquilo que é típico de um ser humano e não de outros seres, consiste na plena realização de sua felicidade, a qual os gregos em geral concebem como eudaimonia.
Nesse sentido, Aristóteles tenta analisar "estilos de vida”, a fim de entender qual deles é um candidato a ser o Sumo Bem humano. Uma vez que os prazeres dependem da nossa parte sensível - por isso compartilhados -, e que os animais também podem obtê-lo, ele propõe que a vida dedicada à busca pela honra, pela glória e pela fama - aspectos comuns da vida política - seria o estilo de vida feliz a qual todos os seres humanos deveriam almejar.
Por outro lado, ele nos mostra que existe um problema em projetar, fazer repousar a nossa felicidade em algo que não dependa somente de nós como indivíduos, afinal a honra e a glória nos são atribuídas por terceiros e a felicidade dos indivíduos compete apenas a eles próprios. Ele, então, introduz a noção de que, talvez, nos devêssemos procurar a felicidade - a eudaimonia - naquilo que apenas os seres humanos são capazes de fazer e que dependa apenas deles.
Aristóteles escreve que apenas nós, seres humanos, somos seres racionais, portanto, nossa eudaimonia,
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