A CIÊNCIA, MEIO AMBIENTE E ÉTICA HOJE

1. INTRODUÇÃO.

Este trabalho tem por objetivo argumentar sobre ética ambiental em nosso contexto atual, sob um enfoque legal, científico e governamental.

Para atingir tal objetivo é imperativo avaliar o conjunto de valores que são aplicados pelo Estado em suas ações, sob os enfoques citados. A busca pelo desenvolvimento tecnológico e econômico em detrimento da preservação ambiental possui consequências tanto a longo quanto a curto prazo.

Ao dispor sobre o meio ambiente, sua gestão e a ética por trás das ações atuais do Estado, serão analisados os aspectos motivacionais que transparecem.

1. CIÊNCIA, MEIO AMBIENTE E ÉTICA HOJE

A busca irrefreada por uma suposta qualidade de vida superior, abundante em privilégios antes reservados a reis, possui um custo extremo ao meio ambiente. O ser humano de hoje fortalece o indivíduo em detrimento do coletivo. Busca saúde, longevidade, objetos e mais, sem aprofundar seu pensamento tanto na ética por trás de suas ações quanto nas consequências ambientais das mesmas.

Por mais que tenhamos, como sociedade, conquistado um amplo e protetivo arcabouço jurídico relativo ao meio ambiente, as ações individuais podem pôr a termo décadas de objetivo refreamento dos desmatamentos, incêndios e “grilagens”. Com o viés econômico pessoal em mente e blindado por uma gestão intencionalmente omissa, o patrimônio público mundial imprescindível à vida, que é a natureza intocada, é avaliado e utilizado como insumo.

Essa visão antropocêntrica excessiva ultrapassa o limite do racional, pois ao não reconhecer o animal, o vegetal e o mineral como direito-dever a ser defendido, põe em xeque a existência da própria humanidade. Não há, inclusive, o que se dizer de risco unicamente futuro, posto que as consequências drásticas do aquecimento já são, há anos, possíveis de se mensurar. Desconectado dessa realidade, nosso cotidiano “nos insere numa situação paradoxal: estes são, por um lado, tempos que precisam da moral, mas por outro a tornam impossível” VALLE, Bortolo, ÉTICA E CIDADANIA, [s.l.]: , [s.d.].

Impossível posto que a ciência possui apenas o semblante do que seria a consequência futura. Também porque, dado o fato de que as ações são tanto criminosas quanto protegidas por uma omissão estatal consciente, não há dados precisos sobre quem exatamente pratica quais atos, apenas é possível verificar-se, através de registro posterior, as fortes consequências do que já se passou.

A ideia de cidadania ética que repense pense o ser humano como intersubjetivo e interconectado a todos os outros, à natureza animal, vegetal e mineral, se mostra imprescindível à própria sobrevivência da humanidade.

O arcabouço legislativo relativo ao meio ambiente é alheio à ética, ao ater-se a multas afixadas de forma a conservar apenas porcentagens das áreas, sem definir consequências para o impacto das ações na biosfera e sem de alguma forma incentivar o correto uso do meio natural.

1. CONCLUSÃO

Se “a moralidade reflete a dinâmica de um determinado tempo (idem), não seriam as práticas da determinação humana sujeitas, em um amplo aspecto, à sua finalidade social, como conjunto, como humanidade? Não deveria, assim, condicionar-se ao fim maior, que é o convívio harmonioso tanto das pessoas quanto da natureza?

Sob um enfoque moral entendemos que sim. Sob um enfoque ético observamos que a legislação atual indica o mesmo, ao proteger, no papel, em sua intenção, o natural da ação humana, e ao definir penas de multas e sanções para quem abusa do natural em prol do ganho econômico. Sob um enfoque científico também, pois a ciência é capaz de mensurar com precisão o tamanho do dano já causado no passado, e suas consequências atuais, e apenas inferir sobre o que seria a consequência futura.

No passado culturas consideradas atrasadas, não evoluídas, alcançaram o estágio da existência harmoniosa, sem as consequências de hoje. O que se denomina “pensamento de índio” por certos estadistas se mostra cada vez mais próximo do ideal ético ambiental.