A Crônica de Uma Morte Anunciada
Por: vickeslayerr • 12/9/2021 • Dissertação • 552 Palavras (3 Páginas) • 184 Visualizações
O livro Crônica de uma morte anunciada é um romance realista, uma verdadeira obra-prima. O livro segue os padrões de escrita do autor, ou seja, é um livro não linear, que consegue sustentar uma tensão dramática mesmo revelando no início os destinos de alguns personagens inseridos na história. García Márquez retrata uma sociedade em que todos sabem sobre o assassinato que vai acontecer, exceto o assassinado. Tarde demais. Talvez esteja aí uma das grandes ironias do livro. Todos estão ansiosos para falar sobre o assassinato, mas ninguém se dispõe a conversar sobre isso com os assassinos todos sabiam que o assassinato estava para acontecer.
Como todo bom mistério, este tem um investigador não identificado, nosso narrador reconstrói minuciosamente os eventos daquele dia fatídico. Muitos anos depois ele continua a entrevistar os participantes e os espectadores, e até mesmo rastreia o relatório oficial do ocorrido o narrador tenta montar o quebra-cabeça e reconstituir os fatos usando a forma de crônicas para organizar o tempo, recolher as informações do passado e recriar o que de fato aconteceu, ou seja, para atribuir um sentido de ordem e cronologia do assassinato A conduta diária nesse povoado sempre dominado por hábitos lineares, de repente, começa a girar em torno de uma ansiedade comum.
NO Brasil podemos ver situações que a morte anunciada vem por parte do feminicídio a ponto de se tornar caso de segurança pública .
O feminicídio é o ato máximo da violência estrutural e sistemática contra as mulheres ,ele é gerado por um processo anterior e que pode muito bem ser evitado, há mulheres submetidas a violações sistemáticas e a violências estruturais e, na medida em que esse ciclo não é interrompido, a violência só vai aumentando, alguns mecanismos que atuam para a perpetuação da violência até o desfecho fatal repetem-se em muitos casos, configurando assim o status de mortes anunciada.
A tolerância social às diversas formas de violência contra as mulheres, a insuficiência dos serviços públicos de atendimento, segurança e justiça, a negligência de profissionais que atuam nesses serviços, a impunidade e até proteção de autores de violências por meio da culpabilização da mulher pela violência sofrida.
A partir da compreensão que os feminicídios são, em boa parte,
mortes anunciadas, o Estado pode ser responsabilizado pelas vidas interrompidas. Fatores como a não efetivação dos direitos previstos nos marcos legais, não implementação de serviços de atendimento especializados, a aceitação e naturalização de hierarquias de gênero e raça e a banalização de uma série de violências anteriores pelas próprias instituições do Estado concorrem para a continuidade de violências que estão nas raízes do feminicídio, como a doméstica e sexual, até o desfecho fatal. No Brasil, o cenário de convivência com mortes anunciadas é denunciado, sobretudo, nos assassinatos decorrentes da violência doméstica e familiar o chamado feminicídio íntimo, uma vez que o país já assumiu como deveres coibir e prevenir a violência nesse contexto, com a ratificação de tratados internacionais e a promulgação da Lei Maria da Penha em 2006.
Ou seja, se os sistemas de segurança e justiça tivessem agido em algum momento do histórico de violência anterior ao desfecho fatal ou se a mulher tivesse encontrado o apoio necessário dos serviços públicos para romper o ciclo de violência, conforme preconiza a Lei, muitas mortes seriam de fato evitadas.
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