Aa principais correntes teóricas da antropologia
Por: Paola Colletti • 1/6/2017 • Resenha • 1.543 Palavras (7 Páginas) • 2.402 Visualizações
A presente resenha tem por finalidade abordar aspectos essenciais dos capítulos homônimos publicados em “As principais correntes teóricas da Antropologia”, desde o período clássico, em que, na maioria da vezes, emerge do colonialismo ocidental entre a segunda metade do século XIX, até períodos de movimentos posteriores, como os contemporâneos do período de descolonização.
Inicialmente, o primeiro capítulo intitulado “Do Iluminismo aos clássicos”, cuja escrita é de J. Ghiglino, observa-se a abordagem do “Conhecimento e transformação social” mediante à uma vertente Iluminista. Como contribuintes deste movimento iluminista, destaca-se um conjunto de pensadores da filosofia racionalista do século XVII, como por exemplo, Descartes, Spinoza, Leibniz, entre outros. Tais pensadores foram de suma importância em relação as suas reflexões sobre à noção da Razão, de modo que se contrapôs a toda forma de conhecimento dogmático e ao homem como sujeito do ato de conhecer, fazedor de história e as instituições sociais, através da filosofia social e política que entorna os sistemas da filosofia precedente e que auxilia na crítica das instituições que vigoravam, como por exemplo, a monarquia absoluta, a hierarquia eclesiástica, censura as formas de pensamento e expressão, instituições que cessavam a liberdade dos homens e o caminho ao conhecimento da natureza humana e da sociedade.
De acordo com o movimento iluminista, a Razão seria caminho e fim, uma vez que os métodos racionais permitiriam evidenciar a verdade, uma verdade desprovida de conteúdos teológicos e ainda ontológicos. Além disso, ressaltava-se duas correntes do pensamento iluminista, como a filosofia conservadora e a filosofia progressista. A primeira diz respeito às instituições que consolidavam a ordem burguesa, que descrevia e normatizava o existente e postulava a volta do “Antigo Regime” toda vez que instituições novas atentavam-se contra o equilíbrio social, e se entroncava com a filosofia denominada positiva e positivismo. A filosofia progressista propusera a dar conta das contradições da nova ordem vigente e postulava ante a ideia de superação do mesmo. No entanto, entre as duas filosofias mencionadas, a que fundamentou grande parte do desenvolvimento das ciências sociais foi a filosofia positivista, no qual concebia os sistemas sociais a partir do equilíbrio e observava as mudanças como processos contra a ordem social.
Por fim, o autor J. Ghiglino evidencia outros aspectos, sendo o primeiro em relação à “Razão e Progresso”, de modo que ambos não são dicotômicos, pois o progresso do homem é possível mediante ao avanço da razão e a razão desprega-se no indefinido progresso do social-histórico. O segundo aspecto abordado é sobre o “Iluminismo e Antropologia”. Para os iluministas a razão é universal e a humanidade encontrava a sua unicidade mediante à essa universalidade, que se expressava por particularidades em diferentes povos. Por outro lado, a antropologia denota uma mudança crucial, pois é a passagem da concepção da pluralidade de culturas. J. Ghiglino abarca que o legado deixado pelo movimento iluminista é algo complexo, uma vez que temos os ideais de liberdade, autonomia, igualdade, equidade, fraternidade e, posteriormente, estes mesmos valores são debilitados e negados pelos desenvolvimentos históricos concretos.
No segundo capítulo, “Evolucionismo: o primeiro paradigma antropológico”, escrito por Vitello, é abordado sobre o paradigma científico do século XIX, no qual surgiu a nova ciência antropológica na sociedade europeia, abalada pelos efeitos transformadores da Revolução Francesa e da Revolução Industrial.
O evolucionismo tornou-se a principal matriz de explicação sobre os fenômenos sociais e se manteve relacionado a tradição filosófica do Iluminismo. A sequência evolutiva foi retomada por antropólogos para explicar a evolução da cultura, uma vez que confiou-se em descobrir relações constantes entre os aspectos socioculturais como os evolucionistas faziam em relação aos fenômenos da natureza. Portanto, a Antropologia se constituiu como ciência no final do século XIX, tendo como sua primeira corrente de pensamento o evolucionismo.
Os principais representantes do evolucionismo foram Lewis Morgan y Edward Tylor considerados fundadores da Antropologia, e ambos reuniram dados para mostrar semelhanças com as diversas culturas desaparecidas, como por exemplo a vida de certas sociedades. O progresso que ambos definiam como algo natural e inevitável, ressaltava que entre o homem ocidental e o homem primitivo não tinha nada que impedisse que o primitivo elevasse até o estado de homem ocidental, pois as diferenças culturais eram somente questão de tempo, se considerarmos que a cultura é transmitida pelo contato entre povos distintos de grados de evolução. Contudo, a antropologia favoreceria cientificamente as transformações que a expansão colonial impunha nas sociedades dominadas.
No capítulo posterior, intitulado “Teorias clássicas da Antropologia do século XX”, de M. Mancusi, destaca-se o particularismo histórico de Franz Boas (1858-1942) que realizou estudos sobre mitos, contos populares e recopilações realizadas em seus idiomas originais. Tal necessidade de investigação histórica originou-se da necessidade de provar a afirmativa de que cada cultura tem uma história única, não existindo, portanto, um único sentido da história.
Para o funcionalista Malinowski, cultura é um sistema complexo de forma material e conductual, além de espiritual, cujo intuito é o de facilitar a supervisão do homem em âmbito hostil e natural e é através da cultura que o homem tentará construir um segundo meio mais favorável, “cultura é o instrumento o qual o homem logra satisfazer suas necessidades”.
Posteriormente, temos as ideologias de Mancusi e Vitello sobre o “Estrutural-funcionalismo” fundado por Alfred Reginald Radcliffe-Brown, dentro da antropologia social britânica. O estrutural funcionalismo se interessava pelos estudos das sociedades como sendo sistemas sociais totais que podem ser descritos a partir de três aspectos diferenciáveis, como por exemplo, a estrutura social, que mantém uma vida social ordenada; aspecto ecológico, modo com o qual o sistema se adapta ao seu entorno físico e aspecto cultural, em que os indivíduos aderem “hábitos e características mentais que o capacitam para a participação da vida social”. (Radcliffe-Brown 1952: 193).
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