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CRITICA AO ANO QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS

Por:   •  23/11/2016  •  Resenha  •  500 Palavras (2 Páginas)  •  1.054 Visualizações

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O ANO QUE MEUS PAIS SAIRAM DE FÉRIAS

A temática da Ditadura Militar é abordada diversas vezes pela indústria cinematográfica nacional. Há inúmeros filmes bons para o conhecimento da história, que abordam explicitamente a repressão e a violência que envolveu o regime militar, caminho diverso do filme “O ano em que meus pais saíram de férias”, que aborda o tema nas entrelinhas, o que o torna ainda mais interessante. O enredo deste filme se passa no ano de 1970, no auge da Ditadura Militar no Brasil e ano da copa que foi sediada no México.

O filme foca na história de Mauro e é contado através da ótica dele, um menino de 12 que vê seus pais indo embora, dizendo que iriam tirar férias e que voltariam antes da copa iniciar, quando na verdade estavam fugindo da repressão. Mauro é deixado na porta de seu avô no bairro do Bom Retiro, e ali já sofre a primeira perda, pois seu avô já está morto. Mauro acaba sendo acolhido pelos vizinhos.

A história intercala a copa com o drama da ditadura. O Brasil em festa, esquecendo seus problemas graças ao futebol, como acontece atualmente. O filme mostra como o regime usava a ascensão do Brasil no futebol, para se legitimar junto ao povo. A força do futebol entre o povo brasileiro é mostrada em uma situação engraçada, quando na estreia do Brasil, um militante contra a ditadura, diz que irá torcer para a Checoslováquia, apoiando o socialismo, mas quando Brasil faz seu primeiro gol, ele passa a vibrar como qualquer torcedor ali.

Mauro está cheio de euforia com a copa, como um amante de futebol, mas ao longo do tempo vai perdendo a esperança aos poucos, pois o passar do tempo é atordoante para ele, já que seus pais não voltam e ele passa a perceber que há algo de errado com as “férias” deles.

Os efeitos desse regime são sentidos pelo menino ao longo do filme, o que traz inúmeras perguntas, que não são respondidas. Em época de silencio, nenhuma resposta é dada a ele, que passa a “pescar” os fatos do dia-a-dia e tenta costurar a colcha de retalhos, com os fatos que tem nas mãos. O filme deixa muito claro como o silencio reinava no Brasil nesta época, portanto nada é realmente explicito, não há resposta para Mauro e nem para quem assiste, é um filme de metáforas, que traz a sensação de angustia para quem vê.

Mesmo contando um fato obscuro e pesado de nossa história política, a visão ainda inocente de Mauro, traz uma melancolia e beleza infantil ao enredo. Indo em contramão da percepção errônea que temos muitas vezes dos fatos históricos, o filme procura tratar de pessoas comuns, em um bairro comum, com uma visão humana sobre aquele acontecimento político, adoçado pela ótica de um menino, mostrando que isso tudo influência sim nas vidas e nos cotidianos direta ou indiretamente.

Se eu pudesse resumir o filme em algumas palavras, seriam DITADURA, FUTEBOL, MELANCOLIA E TERNURA.

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