Constitucional ||
Por: luisfsantana17 • 27/10/2015 • Abstract • 4.512 Palavras (19 Páginas) • 247 Visualizações
A HISTÓRIA DA ÁFRICA E SUAS REPRESENTAÇÕES EM LIVROS DIDÁTICOS APÓS A LEI 10.639/2003.
Afonso Rodrigues França Leitão
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a presença da história da África em livros didáticos da 6º a 9º ano do Ensino Fundamental nível dois. As análises levantadas articulam-se em torno de uma reflexão central: Como os textos vêm representando a história do continente africano presentes nos livros didáticos. Observamos de uma forma geral a existência de uma história homogenia, estereotipada dos países e sociedades africanas. A história da África foi e vem sendo vista como coadjuvante de outras histórias, ou seja, apenas um apêndice. Em nossas observações a África é um país sem passado sendo fruto das grandes navegações transformando os africanos em escravos. Por isso, é relevante a realização de trabalhos nessa temática destacando a aprovação da lei 10.639/2003. Com isso, é importante saber de como esses conhecimentos tem sido abordados em livros didáticos, ou seja, de como a cultural, a religião, a política a economia e a escravidão (realizada na África antes do circuito comercial de escravos no atlântico) estão sendo colocadas nos temas que se relacionam ao ensino de história da África, no intuito de compreender os processos históricos com ruptura de preconceitos raciais e a valorização da autoestima dos alunos negros ou “afro-brasileiros”.
Palavras-chave: Livros didáticos; História da África: preconceitos raciais.
INTRODUÇÃO:
Os livros são instrumentos pedagógicos de grande relevância. Com tudo, abrange vários conceitos desde a simples venda de um produto, a ser um dos principais elementos pedagógicos na relação ensino e aprendizagem entre alunos e professores. É através desse instrumento que os alunos tendem a estudar a História da África e dos negros no Brasil, além de nega-la em seus conteúdos, não expondo capítulos sobre ela, quando a aborda é de forma genérica e inferiorizada, ou seja, como uma África única, a África dos safáris, das mazelas, uma África em que seus cidadãos aparecem sempre na condição de escravos, um continente que nasce a partir das grandes navegações. Com isso, se reportando sempre a escravidão moderna.
A falta de conhecimento em relação à História da África no Brasil contribui para a manutenção do preconceito, do racismo e de estereótipo propiciando a exclusão social de africanos e afro-descendentes. A produção de livros didáticos baseada em uma visão eurocêntrica que se adéqua aos interesses de uma classe dominante que contribui para a permanência de conceitos racista e preconceituosos, bem como, as representações generalizadas sobre os africanos negando outras realidades que possibilitariam uma visão não pejorativa e sim, positiva. Com isso, elevando a autoestima dos negros e contribuindo para sua inclusão social.
Para nortear a pesquisa este trabalho tem como objetivo principal: analisar as abordagens dos textos relacionados ao tema de história da África nos livros didáticos. Este trabalho analisa a presença da História da África em livros didáticos do ensino médio, após a lei 10.639/2003. Promulgada em 09 de janeiro pelo Presidente Luiz Inácio Lula da silva, a lei, estabelece que nas escolas de ensino fundamental e Médio, a história da África e cultura afro-brasileira devem ser obrigatoriamente ensinadas, sendo ministradas em todo o currículo escolar principalmente em História, literatura e educação artística.
Nesta pesquisa bibliográfica analisamos a coleção “Panorama da História”, dos autores Heródoto Barbeiro, Carlos Alberto Schneeberger e Bruna Renata Cantele. Composta por 4 volumes, da 5ª a 8ª série que atualmente é representados pelo 6° ao 9° ano, ou seja, ensino fundamental II Os livros didáticos analisados foram produzidos em 2006, três anos após a promulgação da lei 10639, garantindo assim, a obrigatoriedade do ensino da história da África e do afro descendentes nas escolas de ensino fundamental I e II. De acordo Oliva (2011, p. 421), ”A aprovação da lei 10639/03, que tornou obrigatório o ensino da História da África e dos afros descendente”.
As análises foram feitas por etapas, primeiramente foram observados como são constituídos os sumários dos livros, depois a distribuição dos conteúdos dos capítulos. Nas primeiras analises foram percebidas a ausência de capítulo da história da África, a distribuição dos assuntos que abordam o continente africano, vem como apêndice de outras histórias. Com isso, percebemos que, a história da África ainda permanece vinculada a outras narrativas, ou seja, como figurante. Nessa perspectiva encontramos representações de uma África sem história, cheia de mazelas, fome, doenças e o negro como escravo. Por sua vez, essas representações do continente africano continuam mantendo generalizações estereotipadas, preconceituosas e racistas baseadas em teorias eurocêntricas.
Tirando as breves incursões pelos programas do Nacional Geographic ou Discovery Chanel, ou ainda pelas imagens chocantes de um mundo africano em agonia, da AIDS que se alastra, da fome que esmaga, das etnias que se enfrentam com grandes violências ou dos safáris e animais exóticos. (OLIVA, 2011, p. 423).
OS LIVROS DIDÁTICOS E A HISTÓRA DA ÁFRICA NUM CENÁRIO PÓS LEI N° 10.639/2003.
Nos livros analisados, as abordagens da história da África continuam a mesma, apesar da promulgação da lei 10.639/2003, não se ver mudanças nos livros estudados em relação a temática, pois estes foram fabricados quatro anos depois da aprovação da lei. A história da África ou dos africanos, mais uma vez é negada aos seus descendentes, seus habitantes continuam sendo descritos pela aparência “Os habitantes são descritos, neste caso, não pela sua cultura, sociedade estética ou qualquer outra criação humana, mas pela aparência física”. (LOPES, 2005, p. 12).
Com tudo, continua aparecendo em segundo plano, está sempre presente como uma coadjuvante, sendo às vezes subtítulo de outras histórias como a do Brasil ou da Europa, exemplo: o imperialismo: subtítulo a partilha da África. Nessa construção histórica, o autor dar ênfase aos europeus e como eles iriam dividir o continente africano. Nessa abordagem, a África continua sendo inferiorizada, sempre pronta para ser dividida, dominada, ou seja, o bolo de aniversário para os convidados. Os africanos são visto como seres complacente, conformado com o que lhe oferece passando uma imagem de perdedor de submisso, são essas as visões que trazem nos livros.
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