Crise da Economia e Antidemocracia
Por: Bruno Brandão dos Santos • 29/6/2021 • Trabalho acadêmico • 600 Palavras (3 Páginas) • 106 Visualizações
O Democracy Index, publicado anualmente desde 2006 pelo jornal The Economist, apontou em 2019 a queda do score médio mundial de 5.48 para 5.44, “the lowest score since 2006” (o mais baixo score desde 2006), em 2020 publicou 5.37, “the lowest score since 2006” novamente. O score médio da América Latina, em 2020 caiu 0.04, marcando seu quinto ano consecutivo de queda. O panorama atual inclui, como um forte componente, o surgimento do fenômeno do neopopulismo, com sua recusa do pluralismo político e sua representação do povo como uma entidade homogênea, a ameaça contra as instituições, desconsiderando as diferenças e diversidades. O neopopulismo está esvaziando e tentando reduzir o poder das instituições básicas, como partidos, parlamentos e o judiciário. Vemos isso em países do Leste Europeu, como a Hungria e a Polônia, com seus governos de extrema direita. E também no Brasil. Estaríamos indo em uma trajetória lenta, gradual e ininterrompível do declínio-fim da democracia?
Elementos antidemocráticos e democráticos coexistem lado a lado na nossa institucionalidade, uma espécie de “doublethink” o que torna pendular o movimento de expansão dos direitos, observados de 1989 á 2013 e 1945 á 1964, e de retrocessos institucionais, notados em 1964 á 1988 e 2013 á 2018. Destarte, revela como a Democracia é solidificada, ou solapada, proporcionalmente à honestidade intelectual do sujeito-intérprete do discurso que reflete ou fundamenta o mundo da vida jurídico e social. Conclui-se que esse desgaste da democracia e/ou pendor autoritário não é irremediável, muito menos fixo, trata-se de um movimento pendular, de vaivéns culturais. Há uma adesão — democrática ou antidemocrática — avaliando-se as condições, pois então, uma nução antidemocrática circunstancial que se molda diante do poder.
Em 1984, a vontade social e individual é totalmente guiada pela vontade do poder político presente, relativizando a verdade sociopolítica à consciência da vontade. Já em outro romance, também de George Orwell, A Revolução dos Bichos, demonstra como a Democracia é gradualmente desgastada de forma silenciosa dos cidadãos rumo à imposição da falácia democrática que mascara a discricionariedade de quem se alterna pelo poder.
Guardadas as diferenças, o Presidente da República Jair Bolsonaro repete um fenômeno que já havia ocorrido no país com Jânio Quadros e Collor de Mello — políticos sem vínculo partidário, que se apresentam como algo novo e que abalará as estruturas da sociedade. A polarização tradicional entre o PT e o PSDB colapsou. Surge então outra, entre uma direita muito conservadora e uma centro-esquerda, além dos avanços afirmativos das minorias que não foram incorporados pelos partidos. Se inicia o conseguinte movimento pendular, com a explicitação dessa direita conservadora, que estava de certa forma escondida, e apoia manifestações pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
O doublethink observado na política circunstancial do brasileiro pode ser resgatado dos primórdios coloniais, com descreve Gilberto Freyre, em Casa-grande e Senzala, onde apresenta o caráter colônia, mesclado com o de diversos outros povos e costumes trazidos para cá, como maestro na composição da personalidade única do brasileiro, pois teria o país durante muito tempo se mantido em equilíbrio adjunto diversos antagonismos,
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