Diante da Lei
Por: RAHmorais • 11/5/2017 • Trabalho acadêmico • 574 Palavras (3 Páginas) • 242 Visualizações
Compreende-se do artigo “diante da lei” escrito por Kafka certas formas de poder. Assumindo por exemplo, a forma de disciplina e vigilância em um exercício burocrático e anônimo.
Compreende-se que a lei, citada no texto, é o espaço físico. O guarda entende-se que é o representante da lei, ou seja, o Estado e o “camponês” representa a população em geral.
Dá para interpretar que o texto foi uma crítica séria e verdadeira desenvolvida por Kafka, quanto aos empecilhos impostos pelo guardião ao homem leigo e ingênuo. É exatamente o que acontece na vida real - o Estado coloca diversos obstáculos para conseguir desmotivar a sociedade, como por exemplo, um cidadão que, se sentindo injustiçado, entra com uma ação e tem de pagar custas processuais durante todo percurso, outro exemplo é o pagamento de desarquivamento de processos, a demora, a espera, entre tantos outros. Imposições colocadas pelo Estado com intuito de desestimular o cidadão a entrar na lei ainda que a porta esteja aberta.
A constituição federal diz, em seu art. 5º inciso XXXV, que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direitos” em outras palavras isso quer dizer que o poder judiciário está acessível a todos, que todos podem litigar o que não é bem por aí... Os guardas citados em cada repartição daquela lei significa as imposições/dificuldades que temos na vida real. Dizer que o guarda/porteiro estava com um casaco de pele e nariz empinado, representa o Estado se engrandecendo perante a sociedade, como se eles fossem intocáveis! Noutro momento, o guarda fornece um banco aquele senhor e pede para ele esperar, representa a angustiante demora, o exemplo disso é a família quando têm um de seus entes queridos assassinado, após recorrer ao judiciário lhes é pedido para esperar, para sentar e aguardar e sem muitas opções você acaba obedecendo.
Com o passar do tempo, o podre homem acaba “metralhando” o guarda de perguntas – isso significa as petições. Após, o homem tenta suborná-lo como forma de conseguir, enfim, ter acesso. Nada acontece, apesar do guarda ter aceitado todos os bens do camponês. Isso significa que alguns de nós, ao chegarmos ao lapso da nossa paciência, acabamos nos contrariando com os nossos princípios a ponto de tentar “comprar” alguém para conseguir o que precisamos. É isso que a espera, a injustiça assim como o fracasso faz com a gente, nos torna o que não nunca fomos. Nos muda, pela revolta, pela humilhação.
Uma coisa curiosa é que, ao se aproximar de sua morte, o camponês diminui consideravelmente de tamanho com relação ao guarda. O que isso significa dizer? Que homem diminuiu de tamanho por causa natural da velhice ou representa a figura do cidadão; do quanto ele é pequeno perante a lei ou ao Estado? O quanto ele é insignificante? Eu não sei.
Para o Estado você é pequeno e sempre foi. Experimenta crescer pra cima do Estado e vê o que acontece. Bizarro, não? Já dizia o Rousseau “você nasce livre, mas está acorrentado por toda parte”. O Estado é estabelecido para ser um órgão superior a nós, onde nós abrimos mãos de nossas liberdades para deixar a mercê desse órgão, na expectativa de que ele resolva ou controle as coisas por nós, o problema nisso é quando tentam controlar demais, quando passam dos limites em face do poder que têm.
Por fim, a crítica do Franz Kafka relata o quanto somos reféns do Poder Judiciário bem como do Estado.
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