ESTUDO SOBRE A FILOSOFIA DE IMANNUEL KANT
Por: Luiz Jovelino • 8/3/2019 • Dissertação • 5.792 Palavras (24 Páginas) • 289 Visualizações
Fichamento sobre o “ESTUDO SOBRE A FILOSOFIA DE IMANNUEL KANT”
“Conhecer a obra de Kant torna-se relevante no século XXI pela posição contrária a todos os dogmas, característica deste momento que vivemos e, por isso mesmo, pela viabilização de um ambiente democrático que sua doutrina expõe, explica e propicia.”
“Immanuel Kant é conhecido como o grande representante da era da razão e por esse motivo traçou como ninguém os seus limites, ao mesmo tempo elevou a liberdade ao ápice dos valores e, por isso, demonstrou com rigor que o homem livre é aquele que se submete aos imperativos da razão.”
“A obra de Kant rompe definitivamente com o pensamento antigo e sua arquitetônica forjada no estoicismo: theoria, práxis, soteriologia, embora exponha uma teoria, rompe com as cosmologias antigas, expondo que já não há um mundo a ser contemplado, mas um trabalho de reconstrução a ser exercido.”
“O próprio Kant explica o conjunto de sua obra, e esclarece que se ocupa não tanto com os objetos do conhecimento, mas com a maneira de conhecê-los, ao considerar um conjunto de faculdades individuais que convergem universalmente para consolidar o conhecimento, a ética e a estética.”
“Não havendo nada divino ou harmonioso a contemplar é que o ser humano deve introduzir a ordem no mundo, que já não a oferece, através do trabalho, na elaboração ativa e na construção de leis que permitam conferir sentido ao universo. A partir dessa constatação não há mais nada na natureza que o ser humano possa imitar no plano moral. Nada há mais de divino que o ser humano possa incumbir-se de contemplar.”
“O que posso saber? O que devo fazer? O que me é dado esperar? Que correspondem à teoria do conhecimento, à moral e à estética.”
“Como posso saber? [...] Com o princípio da causalidade, o cientista tentará estabelecer vínculos lógicos entre certos fenômenos que ele considera efeitos, e certos outros que ele consegue, graças ao método experimental, descobrir causas. Este é o motivo da Crítica da razão pura questionar a nossa capacidade de fabricar sínteses, julgamento ou juízos sintéticos ou proposições sintéticas, ou seja, leis que estabeleçam ligações coerentes e esclarecedoras entre fenômenos cuja ordenação já não é dada, mas construída. Esclareça-se que sintetizar significa depositar junto, colocar junto.”
“O que devo fazer? [....] A resposta funda o humanismo moderno tanto no plano moral quanto no plano político e jurídico: na única vontade dos seres humanos, contanto que eles aceitem se autolimitar, compreendendo que sua liberdade deve às vezes parar onde começa a do outro. Kant designará esse novo cosmos, essa segunda natureza, com a expressão reino dos fins. Seu princípio supremo é o respeito pelo outro, que é a coisa menos natural do mundo e que supõe um esforço sobre si mesmo, uma vontade que se desvencilha das inclinações egoístas. Eis a razão para o fato de a lei moral impor-se a nós sob a forma de um imperativo, de um dever: justamente porque ela não é natural, porque não é evidente, mas supõe esforços ou, como diz Kant, a boa vontade e até mesmo uma vontade boa.”
“O pensamento ampliado, em oposição ao espírito limitado, é aquele que, graças à reflexão, consegue se destacar de sua situação particular de origem para elevar-se até a compreensão do outro.”
Crítica da razão pura “A filosofia kantiana crítica é uma passagem da ontologia para a epistemologia, ou seja, o que conheço para como conheço. Busca combater o abuso da razão compreendido como uma razão que não se preocupa em investigar seus pressupostos se pautando somente em raciocínios lógicos e inferências sem prova das premissas que possa convencer acerca dos seus argumentos.”
“O pensamento de Kant rompe com o mundo antigo e com o pensamento apenas contemplativo. E a crítica da razão pura é crucial para a compreensão dessa doutrina.”
“Do ponto de vista dos cartesianos, as limitações que afetam o conhecimento humano são pensadas em relação a uma referência ao absoluto: a ideia de uma onisciência da qual se supõe que a divindade seria a depositária. É em relação ao entendimento dessa onisciência de Deus que o saber humano é limitado.”
“A existência de Deus em Descartes, Leibniz e Spinoza é demonstrada com um argumento famoso, que há vários séculos constitui o fundamento de uma das provas mais célebres da existência de Deus, o argumento ontológico: concebemos Deus necessariamente como um ser que possui todas as qualidades, todos os atributos, sendo então a existência uma qualidade eminente, seria, por assim dizer, contraditório que Deus não existisse. Portanto, diz-se como os seres humanos tem o pensamento da existência de Deus, por evidente, o Ser Supremo existiria, como uma conclusão lógica.”
“A crítica feita por Kant a esse dogmatismo apresenta três premissas fundamentais: 1) possibilidade de conhecer as coisas em si mesmas; 2) confiança absoluta na razão; 3) adoção de princípios que impõem ou revelam a verdade.”
“Os cartesianos satisfizeram-se com o argumento ontológico, o Absoluto vem em primeiro lugar, e a condição, em segundo em relação a ele, sendo a diferença que separa o homem de Deus pode receber diversas denominações: ignorância, erro, falta, sensibilidade e morte. O homem é finito, limitado, não é o todo do ser. Porque é sensível, ou seja, limitado no espaço e no tempo. Kant pensa inicialmente a finitude, portanto, a sensibilidade e o corpo situados no espaço e no tempo, e somente em seguida o Absoluto, vale dizer a divisão intemporal.”
“A primeira parte da Crítica da razão pura chama-se estética que significa sensibilidade e consagra essas duas marcas da finitude que são o espaço e o tempo.”
“A consciência é sempre limitada por um mundo externo, por um mundo que não foi construído pelo ser humano, lhe é dado. Não existe nenhum ponto de vista real sobre o mundo. É sempre preciso partir do ser humano que continua a ser finito, apesar de suas capacidades de abstração e de invenção.”
“Toda consciência é consciência de alguma coisa, representação de um objeto que vem limitá-la.”
“Reflexão é a particularidade do pensamento finito, pois sempre supõe um objeto que faça frente à consciência e que a limite, um mundo fora de si, com o qual se depara, para voltar a si mesmo. Deus não poderia refletir, uma vez que é onisciente e seu entendimento não é limitado por nada. Deus é o ser para o qual pensar e ser são a mesma coisa. Deus não poderia ter consciência, pois para que exista consciência e reflexão é preciso que haja limite, o que exclui a ideia de infinitude e da onisciência divinas. Para os seres humanos ser e pensar são distintos, e o corte entre ambos, designa-se como sensibilidade, eis por que a Crítica da razão pura começará por uma análise da sensibilidade, e de seus dois âmbitos: o espaço e o tempo.”
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