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Fichamento Gabriel Chalita

Por:   •  4/6/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.001 Palavras (9 Páginas)  •  736 Visualizações

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Fichamento

CHALITA, Gabriel. A sedução no discurso: o poder da linguagem nos tribunais de júri. 4. Ed. rev. São Paulo: Editora Saraiva, 2007

Capitulo I – O direito de seduzir e sedução no Direito (p. 01-05)

    O autor do livro baseia seu trabalho no discurso jurídico em sua manifestação mais fundamental e antiga: os debates entre promotores e advogados, entre acusação e defesa. [...] [...] inicialmente o texto nos leva a pensar sobre a atividade dos praticantes de direito.

   Cita que [...] O código de ética dos advogados, além de apresentar urna serie de normas que orientam o seu trabalho, delineia um determinado caráter que se espera tenham os profissionais da área. Dele se deduz, por exemplo, que o advogado não deve ter paixões nem preconceitos. Em outras palavras, devem os praticantes, obedecer às regras e leis rigorosa e objetivamente. [...]

[...] No entanto, o Direito e uma ciência humana, e por isso não pode ser entendido e aplicado como se fosse meramente uma técnica, um conhecimento exato. [...] [...] Aplicar o Direito não depende apenas da observância das leis e do estudo das evidencias. Embora sustentado firmemente sobre seu saber estabelecido, o Direito deve ir além dele, para promover justiça. [... ]

[...] Num processo, semeando duvidas importantes, qual fator será determinante para a escolha entre condenar ou absolver um réu? Sem duvida, as falas do promotor de justiça e do advogado de defesa terão um papel decisivo.[...]

Porém no direito não basta ter somente o domínio e o conhecimento das normas, dos ordenamentos jurídicos, observar as leis e estudar as provas. Considerando tudo isoladamente, esses podem ser insuficientes e incontestáveis, pois simultaneamente os testemunhos podem ser atacados em sua credibilidade e os laudos não serem conclusivos.

   Quando acontecem situações de dúvidas devido aos elementos citados acima, em um processo, o que determina a escolha entre condenar e absorver um réu são as falas do promotor de justiça e do advogado de defesa. Pensando nesse aspecto, deve-se considerar o poder da sedução de cada parte como um elemento essencial no cumprimento das condições intrínsecas á aplicação do direito, bem como a complexidade e a subjetividade.

    De acordo com o autor, pode-se dizer que o Direito é uma ciência de argumentação. Tanto promotor como advogado devem argumentar a favor das partes que estes representam. A utilização da palavra sedução em seu trabalho inclui o significado de atração, encanto, fascínio levando o discurso do sedutor a fundamentar não somente em argumentos lógicos, mas também a artifícios retóricos e alegóricos para comover e envolver os ouvintes. Ressaltando que em sua obra, o autor usa a palavra persuadir sugerindo um envolvimento de raciocínio lógico.

   Para Chalita, o elemento emocional é o fator crucial e de maior influência para convencer os ouvintes e determinante para a decisão a tomar dos jurados. Como o emocional e o racional não podem ser considerados isoladamente, advogados e promotores não economizam esses dois recursos para obter o resultado desejado. Assim, persuadir ou seduzir será uma ação usada parra defender os interesses de determinada parte, interpretando os fatos para beneficiar uma ou outra causa.

  1. Delimitação do Objeto de Pesquisa (p. 05 a 07)

[...] O Direito é uma ciência bastante complexa; divide-se em diferentes categorias e e formado por vários sistemas [...] [...]Esta complexidade brota da variedade mesma dos fatos que compõem o mundo de relações entre os seres humanos, conforme os interesses individuais ou grupais, as normas de coexistência, a reparação de males. [...]

Como o direito é uma ciência muito complexa, o autor desenvolveu sua pesquisa no âmbito do Direito Penal. Como é uma área do direito que é fundamentalmente discursivo podem-se observar as habilidades de persuasão e sedução nesses profissionais nos debates entre acusação e defesa nos tribunais do júri.

  1. Sedução, o tema (p. 07 a 22).

   Para exemplificar o processo da sedução, Chalita conta em seu livro o romance O beijo da mulher aranha, escrito por Manuel Puig. Esse livro conta a história de dois prisioneiros que dividem a mesma cela, Valentim prisioneiro político e Molina que foi acusado de corromper menores. Molina, na tentativa de não encarcerar a sua mente, lembra historias vistas em cinemas e as conta para o seu companheiro sempre acrescentando doses de imaginação. Assim com o tempo cria-se um vinculo entre os prisioneiros aprofundando aos poucos um na vida do outro.

   Esse romance ilustra de uma maneira surpreendente o processo de sedução por meio de palavras. Molina deseja seduzir o companheiro de cela através de narrativas de histórias de cinema.  Para Molina a comunicação se dá no plano da sensibilidade, já Valentim busca esquemas analíticos para aplicar a realidade. Molina é coração e corpo representando o estereótipo do universo feminino sendo mais sensível e subjetivo. Valentim é mente e cérebro, representando o universo masculino apresentando-se mais científico e objetivo.

   É percebido que inicialmente, ambos têm universos diferentes, mas nos discorrer da história Molina com seu discurso seduz Valentim que ingressa em sua realidade e sofre uma mudança radical em seu comportamento e sua forma de encarar os fatos.

   Chalita conclui que muitas vezes, ao se transportar uma pessoa de um ambiente a outro é possível faze-la mudar de opinião. Então pode dizer que “seduzir” é “tirar do caminho”. É o que acontece nos juris, advogados e promotores tenta convencer os jurados a sua tese transportando-os ao seu imaginário fazendo-os enxergarem o que eles querem.

O estimulo dos sentidos

   O ponto fundamental do discurso visando à sedução é a comunicação direcionada a estimular os sentidos e desertar sentimentos, muito mais que fala razão. Não precisa respeitar padrões lógicos formais, pois não visa demonstrar alguma coisa e sim influenciar pessoas.

O poder da imaginação

A característica essencial do discurso sedutor é incitar a imaginação do receptor. Quando utiliza palavras com o objetivo de seduzir, o emissor deve ordená-las de forma a fazer com que o receptor recrie em sua mente as imagens e as sensações passadas pela fala.

A Linguagem Kitsch

A Linguagem Kitsch é de certa forma, o ideal para o discurso sedutor porque não busca alimentar a atenção racional do receptor e sim atingir símbolos e referências familiares com elementos identificáveis por parte de quem ouve. São comuns as descrições exageradas e os sentimentalismos baratos nesse tipo de linguagem.

Identificação e Aproximação

    Outro elemento importante para o discurso sedutor é a promoção de uma identificação simbólica do receptor com algo ou alguém apresentado na narrativa que o compõe. Em outras palavras dentro do discurso precisa incluir alguma coisa que o ouvinte se identifique, uma situação imaginável a ele.

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