Fichamento Gabriel Chalita
Por: William RKO • 4/6/2017 • Trabalho acadêmico • 2.001 Palavras (9 Páginas) • 732 Visualizações
Fichamento
CHALITA, Gabriel. A sedução no discurso: o poder da linguagem nos tribunais de júri. 4. Ed. rev. São Paulo: Editora Saraiva, 2007
Capitulo I – O direito de seduzir e sedução no Direito (p. 01-05)
O autor do livro baseia seu trabalho no discurso jurídico em sua manifestação mais fundamental e antiga: os debates entre promotores e advogados, entre acusação e defesa. [...] [...] inicialmente o texto nos leva a pensar sobre a atividade dos praticantes de direito.
Cita que [...] O código de ética dos advogados, além de apresentar urna serie de normas que orientam o seu trabalho, delineia um determinado caráter que se espera tenham os profissionais da área. Dele se deduz, por exemplo, que o advogado não deve ter paixões nem preconceitos. Em outras palavras, devem os praticantes, obedecer às regras e leis rigorosa e objetivamente. [...]
[...] No entanto, o Direito e uma ciência humana, e por isso não pode ser entendido e aplicado como se fosse meramente uma técnica, um conhecimento exato. [...] [...] Aplicar o Direito não depende apenas da observância das leis e do estudo das evidencias. Embora sustentado firmemente sobre seu saber estabelecido, o Direito deve ir além dele, para promover justiça. [... ]
[...] Num processo, semeando duvidas importantes, qual fator será determinante para a escolha entre condenar ou absolver um réu? Sem duvida, as falas do promotor de justiça e do advogado de defesa terão um papel decisivo.[...]
Porém no direito não basta ter somente o domínio e o conhecimento das normas, dos ordenamentos jurídicos, observar as leis e estudar as provas. Considerando tudo isoladamente, esses podem ser insuficientes e incontestáveis, pois simultaneamente os testemunhos podem ser atacados em sua credibilidade e os laudos não serem conclusivos.
Quando acontecem situações de dúvidas devido aos elementos citados acima, em um processo, o que determina a escolha entre condenar e absorver um réu são as falas do promotor de justiça e do advogado de defesa. Pensando nesse aspecto, deve-se considerar o poder da sedução de cada parte como um elemento essencial no cumprimento das condições intrínsecas á aplicação do direito, bem como a complexidade e a subjetividade.
De acordo com o autor, pode-se dizer que o Direito é uma ciência de argumentação. Tanto promotor como advogado devem argumentar a favor das partes que estes representam. A utilização da palavra sedução em seu trabalho inclui o significado de atração, encanto, fascínio levando o discurso do sedutor a fundamentar não somente em argumentos lógicos, mas também a artifícios retóricos e alegóricos para comover e envolver os ouvintes. Ressaltando que em sua obra, o autor usa a palavra persuadir sugerindo um envolvimento de raciocínio lógico.
Para Chalita, o elemento emocional é o fator crucial e de maior influência para convencer os ouvintes e determinante para a decisão a tomar dos jurados. Como o emocional e o racional não podem ser considerados isoladamente, advogados e promotores não economizam esses dois recursos para obter o resultado desejado. Assim, persuadir ou seduzir será uma ação usada parra defender os interesses de determinada parte, interpretando os fatos para beneficiar uma ou outra causa.
- Delimitação do Objeto de Pesquisa (p. 05 a 07)
[...] O Direito é uma ciência bastante complexa; divide-se em diferentes categorias e e formado por vários sistemas [...] [...]Esta complexidade brota da variedade mesma dos fatos que compõem o mundo de relações entre os seres humanos, conforme os interesses individuais ou grupais, as normas de coexistência, a reparação de males. [...]
Como o direito é uma ciência muito complexa, o autor desenvolveu sua pesquisa no âmbito do Direito Penal. Como é uma área do direito que é fundamentalmente discursivo podem-se observar as habilidades de persuasão e sedução nesses profissionais nos debates entre acusação e defesa nos tribunais do júri.
- Sedução, o tema (p. 07 a 22).
Para exemplificar o processo da sedução, Chalita conta em seu livro o romance O beijo da mulher aranha, escrito por Manuel Puig. Esse livro conta a história de dois prisioneiros que dividem a mesma cela, Valentim prisioneiro político e Molina que foi acusado de corromper menores. Molina, na tentativa de não encarcerar a sua mente, lembra historias vistas em cinemas e as conta para o seu companheiro sempre acrescentando doses de imaginação. Assim com o tempo cria-se um vinculo entre os prisioneiros aprofundando aos poucos um na vida do outro.
Esse romance ilustra de uma maneira surpreendente o processo de sedução por meio de palavras. Molina deseja seduzir o companheiro de cela através de narrativas de histórias de cinema. Para Molina a comunicação se dá no plano da sensibilidade, já Valentim busca esquemas analíticos para aplicar a realidade. Molina é coração e corpo representando o estereótipo do universo feminino sendo mais sensível e subjetivo. Valentim é mente e cérebro, representando o universo masculino apresentando-se mais científico e objetivo.
É percebido que inicialmente, ambos têm universos diferentes, mas nos discorrer da história Molina com seu discurso seduz Valentim que ingressa em sua realidade e sofre uma mudança radical em seu comportamento e sua forma de encarar os fatos.
Chalita conclui que muitas vezes, ao se transportar uma pessoa de um ambiente a outro é possível faze-la mudar de opinião. Então pode dizer que “seduzir” é “tirar do caminho”. É o que acontece nos juris, advogados e promotores tenta convencer os jurados a sua tese transportando-os ao seu imaginário fazendo-os enxergarem o que eles querem.
O estimulo dos sentidos
O ponto fundamental do discurso visando à sedução é a comunicação direcionada a estimular os sentidos e desertar sentimentos, muito mais que fala razão. Não precisa respeitar padrões lógicos formais, pois não visa demonstrar alguma coisa e sim influenciar pessoas.
O poder da imaginação
A característica essencial do discurso sedutor é incitar a imaginação do receptor. Quando utiliza palavras com o objetivo de seduzir, o emissor deve ordená-las de forma a fazer com que o receptor recrie em sua mente as imagens e as sensações passadas pela fala.
A Linguagem Kitsch
A Linguagem Kitsch é de certa forma, o ideal para o discurso sedutor porque não busca alimentar a atenção racional do receptor e sim atingir símbolos e referências familiares com elementos identificáveis por parte de quem ouve. São comuns as descrições exageradas e os sentimentalismos baratos nesse tipo de linguagem.
Identificação e Aproximação
Outro elemento importante para o discurso sedutor é a promoção de uma identificação simbólica do receptor com algo ou alguém apresentado na narrativa que o compõe. Em outras palavras dentro do discurso precisa incluir alguma coisa que o ouvinte se identifique, uma situação imaginável a ele.
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