Jacques Le Goff - O Tempo da Igreja e do Mercador
Por: jefferson1701 • 28/7/2022 • Resenha • 524 Palavras (3 Páginas) • 212 Visualizações
LE GOFF, Jacques. Na Idade Média: o tempo da igreja e o tempo do mercador. In: LE
GOFF, Jacques. Para um novo conceito de Idade Média.
A obra “Para Um Novo Conceito de Idade Média”, pertencente ao especialista e
historiador francês Jacques Le Goff, cuja edição original ocorreu em 1977, reúne diversos
artigos de extrema importância para o estudo do ocidente, dado que Le Goff traz consigo
diversos ensinamentos aprofundados sobre a cultura e mentalidade do homem da Idade Média.
Abrangendo discursões acerca da cultura, trabalho e passagem do tempo no ocidente, Le
Goff expõe o período da Idade Média como um momento dinâmico e de grande impulso criador,
diferentemente dos estudos tradicionais anteriores, que mostravam apenas os aspectos
econômicos e políticos, baseado nos costumes e crenças.
Desse modo, no primeiro capítulo: “Tempo da igreja e tempo do mercador”, do livro a
qual nos interessa, Le Goff busca expor que durante o período medieval, havia um grande
antagonismo entre duas concepções de tempo: O tempo sacramental concebido por teólogos e
filósofos cristãos, nomeado de tempo da igreja; e o tempo pragmático manipulado pelos
mercadores, conhecido como tempo do mercador. O autor destaca o conflito entre essas duas
noções de tempo que consolida na idade média, como um dos mais significativos do período
medieval.
Segundo Le Goff, o mercador está submetido ao tempo meteorológico e o vê como
condição primordial de ganhos, dado que através das rotas comerciais é mister uma
regulamentação do tempo bem mais minuciosa, para o bom andamento dos negócios. Desse
modo, o mercador passa a impor um preço sobre o tempo, a tratar o mesmo como um índice de
cálculos e de realização de lucros, onde “recusar-se um benefício sobre o tempo[...] é não só
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atacar o interesse no seu princípio, mas ainda arruinar toda a possibilidade de desenvolvimento
de lucro”. (LE GOFF, Jacques, 1977, p.47)
Já a Igreja Católica, a maior e a mais poderosa instituição do período medieval, vê a
passagem do tempo como algo sagrado e divino, que de forma alguma poderia ser
comercializado ou objeto de lucro, fazendo tal ato, um sacrilégio. Segundo os membros da
Eclésia Medieval, o tempo da igreja é linear, tem sentido e direção, tende para Deus, “O tempo
levava, por fim, o cristão para Deus”. (LE GOFF, Jacques, 1977,
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