Jeitinho Brasileiro

O JEITINHO BRASILEIRO

A CONTEMPORÂNEIDADE DOS ESCRITOS DE ROBERTO DAMATA

                                                                                                José Augusto Filho Vital

                                                                          Leandro Almeida da Cruz

Resumo: Este trabalho apresenta um paralelo entre algumas das teses criadas pelo escritor Roberto Augusto Damatta no seu livro “O que faz O brasil, Brasil” e a sociedade brasileira contemporânea, demonstrando como o autor trouxe no conteúdo de suas ideias assuntos pertinentes à atualidade, mesmo tendo sido seu texto publicado no ano de 1984.

Palavras chave: Jeitinho. Contemporâneo. Malandro.

1 INTRODUÇÃO

        O Brasil é o país do “jeitinho”. Não há como negar que somos mundialmente famosos por dar um jeitinho em tudo que fazemos em função da nossa malandragem. Não é à toa que o símbolo do malandro, ilustrado pelo personagem de desenho Zé Carioca e amplamente divulgado internacionalmente representa a essência deste modo flexível, porém muitas vezes prejudicial a terceiros, de navegar socialmente. Roberto Damatta aborda essa questão no seu livro “O que faz o brasil, Brasil”, fazendo-nos refletir sobre o assunto como algo que podemos ao mesmo tempo sentir orgulho e vergonha, pois da mesma forma que esse jeitinho se refere à nossa capacidade de resolver algo com o menor esforço possível, também se refere à capacidade brasileira de agir corruptamente.

2 DESENVOLVIMENTO

        Não há de se negar que a tese de Damatta sobre o jeitinho brasileiro de resolver as coisas seja um dos assuntos mais contemporâneos de ser tratado sobre seu livro, mesmo o tendo publicado na década de 80. Seguindo seu raciocínio, infere-se do seu texto que colar em uma prova da escola, furar uma fila, aproveitar o contato de alguém que pode agilizar a burocracia para conseguir algo, subornar um policial após ser pego dirigindo sem carteira ou até mesmo sonegar impostos, sem margem de dúvidas, são atitudes praticadas por muitos brasileiros que refletem na atualidade, o jeitinho brasileiro de resolver as coisas proposto por Damatta. Fazendo-se um paralelo, um assunto que tem dominado os noticiários nos últimos anos é o tema corrupção, onde Agentes Políticos, de maneira ilícita, se utilizam da máquina pública para o enriquecimento ilícito. No entanto, praticar qualquer dos atos acima mencionado não seria uma forma desta (corrupção)? Considerando cada um a seu nível, mas o objetivo final é o mesmo: conseguir algo em benefício próprio de maneira ilícita ou fora das regras de conduta prejudicando outras pessoas.

        Pensando assim, infere-se dos escritos do autor que algumas práticas já estão institucionalizadas na sociedade brasileira, como não aderir à igualdade, estabelecer limites para a democracia e achar que a lei é só para alguns e não para todos.

3 CONCLUSÃO

        Damatta deixa claro seu pensamento sobre o assunto e para comprová-lo, cita o exemplo de uma frase que se consolidou e confirmou seu pensamento, lançada por muitos brasileiros para tentar dar um jeitinho nas coisas: “Você sabe com quem está falando”. Neste sentido, o "sabe com quem está falando?" seria uma forma de autoritarismo, ou seja, algo que ocorre entre nós por acaso, sendo dependente apenas de um "sistema" implantado pelos grupos que detêm o poder para esquivar-se das obrigações a todos imposta.