Democracia com jeitinho brasileiro
Por: Ramon Lustosa • 12/8/2015 • Artigo • 560 Palavras (3 Páginas) • 533 Visualizações
Democracia Com Jeitinho Brasileiro
Ramon Lustosa
O mundo moderno fomentou a idéia de que a imprensa é um dos pilares mantenedores das sociedades livres e democráticas. Essa opinião se difundiu porque a imprensa caracterizou-se por ser capaz de informar e emitir julgamentos pautados pela imparcialidade, norteando dessa maneira os cidadãos e garantido o direito democrático da livre expressão. De uma maneira, geral, ideologicamente é isso. Na prática, as coisas acontecem de uma maneira diferente. Explicarei o porquê.
A imprensa tem o papel de mostrar ao povo o que os governantes fazem. Em ano eleitoral a grande maioria da população brasileira ver pela TV ou ouve pelo rádio, as propostas de candidatos que pleiteiam assumir cargos públicos como parlamentares ou gestores do executivo. E são nas coberturas desse pleito eleitoral que temos um grande exemplo de que a idéia que foi alardeada sobre uma imprensa livre e imparcial, principalmente informativa, não se concretiza.
Assistindo à cobertura da nossa imprensa sobre as eleições constatamos claramente que nem sempre contamos com a imparcialidade da imprensa. São divulgadas pesquisas tendenciosas feitas pelas mais variadas instituições, muitas vezes, nós cidadãos nem as conhecemos, nunca ouvimos falar da existência delas, que aparecem do nada e ninguém questiona isso. Nem a própria imprensa. Cadê a premissa de informar para esclarecer o cidadão e norteá-lo. Apaga-se. É convenientemente esquecida.
Há também o famoso sensacionalismo. Fazendo uso desse método, já vimos os meios de imprensa transformar um trabalhador honesto e politicamente correto no bandido mais perigoso do Brasil; como também fazer o povo acreditar que um serial killer é tão ou mais santo do que o próprio Jesus Cristo. No campo eleitoral, já vimos redes de comunicação eleger e destituir presidentes; alavancar a campanha de candidatos etc. Nesses momentos chega a ser assustador perceber o poder que a imprensa tem de manipular as pessoas.
Outra omissão gritante da nossa imprensa ocorre no período eleitoral. Analisem: nas eleições presidenciais é tarefa impossível os candidatos percorrem todos os municípios brasileiros. É humanamente impossível. Não dá para o candidato mostrar seu plano do governo em apenas três meses de campanha. Para isso existem o horário eleitoral e os debates de ideias nas emissoras de televisão, para levar propostas e ideias dos candidatos a todos os cantos do país. O problema é que temos 11 candidatos à presidência e o tempo destinado à propaganda eleitoral não é comum. O que era para ser justo e correto virou uma disputa covarde e desleal. A atual presidenta tem pouco mais de 10 minutos e outros candidatos menos de 1 minuto. Tem candidato com apenas 45 segundos para mostrar propostas. Além disso, alguns candidatos não foram convidados para participar de debates nas chamadas “grandes emissoras” de televisão. E o que a imprensa diz sobre essa desigualdade, essa falta de paridade em relação a candidatos que pleiteiam o mesmo cargo e disputam o mesmo eleitorado? Então, onde está a imprensa que ajudaria a promover a liberdade de expressão a todos e de forma igualitária, principalmente no momento mais importante para a manutenção da nossa democracia, que são as eleições diretas? A imprensa se cala. Atende aos interesses de outros, que não o povo. Por isso, chego a conclusão de que a impressa brasileira utiliza seu poder de uma forma totalmente antidemocrática e não pode ser considerada a guardiã da democracia.
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