Memórias do Esquecimento
Por: RRSoares2727 • 12/11/2015 • Trabalho acadêmico • 844 Palavras (4 Páginas) • 156 Visualizações
Universidade Federal do Pampa- Unipampa
Aluna: Andressa Carvalho Martins
Metodologia da Pesquisa – Antônio Britto
Lendo o livro Memórias do Esquecimento me fez pensar como seria se estivesse vivido, aqueles dias de luta, tortura e medo. Torturas feitas de vários modos, como choques, que faziam todo o corpo agonizar de dor “Porque trazer de volta aquele sabor metálico do choque elétrico na gengiva, que me ficou na boca meses a fio”.(TAVARES, 1934, p.12)
O livro mostra como a época da Ditadura foi violenta, as pessoas viviam cercadas pelo medo, não sabiam se voltariam para casa, não sabiam como os dias seguintes iam seguir, viviam em uma eterna agonia, mas também tiverem seus dias de vitórias. Um grupo revolucionário teve êxito quanto sequestraram o Embaixador dos Estados Unidos, em troca pediam a liberdade de 15 amigos que foram presos. “Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1969: o Embaixador dos Estados Unidos é sequestrado por um grupo armado revolucionário que, em troca, exige do governo ditatorial a libertação de 15 presos políticos, a serem enviados ao exílio no México, Chile ou Argélia” (TAVARES, 1934, p.19)
Apesar dessa vitória não levou muitos dias para o grupo ser pego. Durante a prisão, o caminho que se faz até chegar a ela, Tavares conta que é tratado como um qualquer, como se fosse menos que os militares, é humilhado perante a eles. “O policial do lado direito fuma e me joga as baforadas no rosto. Ao terminar, me desabotoa a camisa e apaga o cigarro no meu peito, amassando a bagana de um lado ao outro, como se minha pele fosse um cinzeiro” (1934, p.28)
As torturas feitas não eram para matar, morrer seria só a consequência. Era feito para intimidar, deixa-los com medo, humilha-los perante aos militares. O prisioneiro para eles morto não valeria de nada, apesar das torturas sempre havia um “médico- monstro” que relatava as condições, falando se podia ou não prosseguir com os atos de tortura. “Eles não pretendiam matar, nem nos matar. Só nos aniquilar em vida, destruir-nos vivos como numa fogueira em que Joana D’Arc queimasse e queimasse sem jamais se extingui nas chamas, para sofrer ainda mais com a dor multiplicada. Eles não são assassinos, apenas torturadores, o estágio mais alto do sadismo. Torturar é a dinâmica desse purgatório perene, onde tudo se sofre e nada se purga” (TAVARES, 1934, p.30)
Para amenizar a dor e fazer o tempo passar mais rápido, escrevia, em alguns minutos podiam tentar esquecer toda a maldade que o cercava. Eram pequenos minutos que podiam descansar a mente. Eu me lembro tanto de tanto ou de tudo, que, talvez por isso, tentei esquecer. Quando te amo, este amo enfurecido de beijos e abraços ocupa todo o espaço da memória e, só então, vivo tranquilo e em paz. Sim, minha amada, o que os meus olhos viram às vezes tenho vontade de cegar.
Esquece? Impossível, pois o quem eu vi caiu também sobre mim, e o corpo ou a alma sofridos não podem evitar que a mente esqueça ou que mente lembre. Sou um demente escravo da mente.
Rima? Rima, sim e até pode ser uma rima, mas não é uma solução. A única solução é esquecer
E por não esquecer te conto, minha amada. Como um grito te conto. Ouve e lê (TAVARES, FLÁVIO, 1934 , p.13)
A tortura nem sempre era feita com os procurados, algumas vezes eram feitas com pessoas próximas, maioria das vezes os familiares para descobrirem aonde estavam escondidos. As mulheres muitas vezes sofriam mais que os homens, hesitavam em fazer o que era pedido, imploravam para não fazer nada, mas nada adiantava, parece que implorar era pior ainda. “Marlene e Iracema não pertenciam ao Movimento de Ação Revolucionária, denominação de nosso grupo no Rio, nem a qualquer outro movimento de resistência. Ambas eram acusadas, porém de cumplicidade familiar” (TAVARES, 1934, p. 37)
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