TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Modelo defesa maria da penha

Por:   •  23/12/2015  •  Abstract  •  1.869 Palavras (8 Páginas)  •  2.034 Visualizações

Página 1 de 8

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA...

Autos n. ...

Ação Penal – Procedimento Ordinário

Autor: ...

Réu: ...

                        ..., já qualificado nos autos do processo crime que lhe move o Órgão de Execução do Ministério Público, por seu defensor dativo, advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 396-A do Código de Processo Penal, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, o que faz nos seguintes termos:

                        O acusado foi denunciado e está sendo processado por supostamente ter, no dia ...., por volta das ...., desacatado os Policiais Militares ......, chamando-os de “pés de porco”, além de ter ocasionado danos ao patrimônio público (viatura policial), caracterizando, assim, os delitos previstos no artigo 163, parágrafo único, inciso III, e 331, ambos do Código Penal, em concurso material de crimes. 

                        Todavia, a pretensão ministerial merece ser julgada integralmente improcedente.

                        A) DA NECESSÁRIA ABSOLVIÇÃO

                        MM. Juiz, a acusação da prática pelo denunciado das condutas narradas na denúncia carecem de justa causa para o seu prosseguimento, a medida em que os fatos descritos não se amoldam a realidade.

                        Em relação as acusações de atos que supostamente teriam sido praticados pelo denunciado são totalmente inverídicas e dissociadas da realidade, uma vez que este jamais praticou qualquer ato de violência ou ameaça para com a suposta vítima. Tudo não passou de um mal entendido entre familiares, que, por óbvio, prescindem da atuação da esfera penal.

                        De qualquer sorte, oportuno salientar que o sistema penal se assenta, como é cediço, na presunção de inocência do réu. Assim sendo, para a condenação a prova há de ser plena e convincente, ao passo que para a absolvição basta a dúvida, consagrando-se o princípio do in dubio pro reo, contido no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.

                        Nesse sentido:

APELAÇÃO / ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33, CAPUT, DA LEI N. 11.343/06). SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PRETENSA PROCEDÊNCIA DA REPRESENTAÇÃO. INVIABILIDADE. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE. DEPOIMENTO DO POLICIAL QUE SE MOSTRA INCONCLUSIVO QUANTO A AUTORIA DELITIVA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO. INTELIGÊNCIA DO ART. 386, VII, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E DO ART. 189, IV, DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. "A condenação criminal exige certeza absoluta, embasada em dados concretamente objetivos e indiscutíveis que evidenciem o delito e sua autoria, não bastando, para tanto, a alta probabilidade daquele ou desta. A certeza não pode ser subjetiva, formada pela consciência do julgador, de modo que, em remanescendo dúvida entre o jus puniendi e o jus libertatis, deve-se inclinar sempre em favor deste último, uma vez que dessa forma se estaria aplicando um dos princípios corolários do Processo Penal de forma justa" (Apelação Criminal (Réu Preso) n. 2010.050892-3, de Itapoá, rela. Desa. Salete Silva Sommariva, Segunda Câmara Criminal, j. 16-8-2011) (Apelação Criminal n. 2013.070758-2, da Capital, rel. Des. Marli Mossimann Vargas, j. em 12.8.2014). (grifou-se)

APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 306 DA LEI Nº 9.503/97. DÚVIDA QUANTO À AUTORIA DELITIVA. IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO. Réu flagrado dormindo no interior de seu veículo, estacionado. Ainda que constatada a embriaguez, não há prova de que o acusado conduziu seu automóvel embriagado, pelo que não comprovada a tipicidade do delito. Apelo improvido. (Apelação Crime Nº 70053613329, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Manuel José Martinez Lucas, Julgado em 07/08/2013)

                        Acerca dessa hipótese, o renomado mestre Guilherme de Souza Nucci, na obra Código de Processo Penal Comentado, 11º edição, Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 738-739, ainda recomenda:

Prova insuficiente para a condenação: é outra consagração do princípio da prevalência do interesse do réu – in dubio pro reo. Se o juiz não possui provas sólidas para a formação do seu convencimento, sem poder indicá-las na fundamentação da sua sentença, o melhor caminho é a absolvição.” (NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado, 11º edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 738-739)

                        Com efeito, no caso presente, como já argumentado, existem apenas indícios e suposições de autoria quanto ao delito narrado, os quais, ressalte-se, encontram-se apenas e tão somente amparados nas declarações prestadas no curso do inquérito pela vítima e por policiais que atenderam a ocorrência.

                        Nesse passo, o artigo 155 do Código de Processo Penal impede que a condenação seja fundamentada “exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”

                        E assim, tornando-se patente a dúvida quanto a real ocorrência dos fatos narrados na peça acusatória, não se afigurando outra medida senão a improcedência da denúncia.

                        Por oportuno, a defesa se resguarda o direito de apreciar o mérito da lide na ocasião das alegações finais.

                        B) DA INAPLICABILIDADE DA LEI MARIA DA PENHA

                        Sem prejuízo, entende a defesa ser inaplicável ao caso a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e, consequentemente, a circunstância agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea “f”, do Código Penal.

                        E isso porque para a incidência da Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), além do crime ser cometido em âmbito doméstico, familiar ou em decorrência de íntima relação de afeto, exige-se que o agressor tenha em mente, ou seja, em seu intelecto, o gênero da pessoa ofendida, oprimindo-a em razão de ser ela do sexo feminino, em virtude de sua condição de vulnerabilidade em face do ofensor.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (9.7 Kb)   pdf (127 Kb)   docx (15.9 Kb)  
Continuar por mais 7 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com