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Nobert Elias e Max Weber

Por:   •  7/7/2017  •  Bibliografia  •  978 Palavras (4 Páginas)  •  191 Visualizações

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        Norbert Elias estudou o processo civilizador com foco na sociedade ocidental europeia. Esta sociedade que centrou na figura do Rei (monarquia) surge com o fim do Império Romano do ocidente e tinha no Rei o poder temporal e no sacerdote o poder espiritual. Com o declínio deste modelo medieval, surge a sociedade de corte. Com isso a sociedade dos guerreiros perderam o poder e prestígio. O guerreiro não é mais um nobre, uma vez que o poder militar outrora ficava nas mãos de um só ser, o Rei, depois houve o advento do guerreiro assalariado. A economia monetária diminui o poder militar e com isso o status de nobreza de tal profissão.

        O processo civilizador surge na corte, segundo Elias, como modo de diferenciação. É segundo tal pensador, uma segunda natureza, uma naturalização de uma conduta, que exclui aquele que não se enquadram ao padrão imposto. Há uma interiorização da batalha campal, que ocorria na sociedade medieval, para o ambiente psíquico, interno, freando a conduta.

        Em Elias, o poder se despersonaliza, pelo enfraquecimento do comando militar por parte da nobreza, pelo advento dos guerreiros assalariados. Há a interiorização nos indivíduos dos elementos que já se encontravam na sociedade, ou seja, parte dos elementos sociais são interiorizados e passam a fazer parte, segundo o autor, da estrutura do aparelho psíquico criado pelo modelo freudiano. Com isso há a transferência do campo de batalha (que era externo) para dentro, para a personalidade, moldando-o enquanto sujeito em uma estrutura de autocontrole.

Segundo Rodrigues (2003, p.9), a teoria do processo civilizador permite compreender o surgimento e o desenvolvimento da modernidade. Na realidade, Elias possibilita o entendimento de dois aspectos imprescindíveis do processo civilizatório europeu ocidental: o primeiro refere-se à construção da modernidade, a qual demonstra as mudanças de longa extensão nas estruturas de comando das emoções dos seres humanos, o surgimento de uma nova economia nacional; o segundo refere-se à construção de uma sociedade burguesa e capitalista, processo que culminou na criação do Estado e na centralização do monopólio da violência.

Elias (1993, p.98) afirma que a criação de um monopólio de força, consequentemente produz espaços sociais pacificados, que geralmente estão isentos de atos de violência. As pressões atuantes nas pessoas que ocupam esses espaços são diferentes das que existiam antes.  As formas de violência não físicas já existentes, mas que sempre permaneceram misturadas com a força física, são agora separadas destas últimas. Elas persistem de forma alterada na sociedade mais pacificada. Tornam-se visíveis, atualmente, como tipos de violência econômica.  Na verdade, existem vários meios cuja monopolização permite ao homem, como grupo ou indivíduo, impor sua vontade aos demais. A monopolização dos meios de produção é uma das poucas que se sobressaem quando os meios de violência física se tornam monopolizados, isto é, quando na sociedade mais pacificada do Estado, o livre uso da força física por aqueles que são mais fortes deixa de ser permitido.

Elias é um leitor de Weber. Enquanto em Weber o Estado Moderno tem sua origem em um processo racional e progressivo que passa do Domínio Tradicional para o estamental, para o Burocrático-Legal e Carismático, em Elias há uma irracionalidade centrada nas teorias psicanalíticas de Freud. Enquanto em Weber não fica claro como há a conversão de um Estado estamental para o Burocrático-Legal (que são formas puras, portanto idealizadas), em Elias podemos observar que a sociedade guerreira, belicosa da Idade Média foi substituída gradualmente pela nobreza domada, e, portanto, mais fácil de ser controlada, uma vez que o Estado (seja ela na figura de um soberano ou não) ainda detém o monopólio do uso legal da força ou da violência, algo comum com as ideias de Weber.  

O processo do desenvolvimento do ocidente é elucidada por Elias a partir da sociogênese do Estado. Por isso, é importante citar o argumento de Heinich de que:

Elias reconstituirá a história deste processo de civilização na Europa, do feudalismo do século XI ao reino da Renascença, até seu apogeu no século das Luzes. A dinâmica deste movimento nasce da constituição do Estado, graças à imposição progressiva de um duplo monopólio real: o monopólio fiscal, que monetariza os laços entre o soberano e os senhores, e o monopólio da violência legítima, que coloca somente nas mãos do rei a força militar e a condição de qualquer pacificação. Colocando primeiramente esta noção de monopolização estatal da violência, Elias vai além da teoria marxista, que fazia da esfera econômica a única ou a mais determinante das causas, para posicionar-se no caminho da teoria weberiana; ele acrescenta a ela, no entanto, uma dupla dimensão, interessando-se simultaneamente pela montante do fenômeno – a formação do Estado através dos diferentes monopólios – e pela jusante – seus efeitos sobre a gestão dos afetos ( Heinich, 2001, p. 15-16).

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