O Estado Democrático de Direito
Por: Heullatavares • 22/11/2024 • Monografia • 2.917 Palavras (12 Páginas) • 51 Visualizações
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Dessa forma, o Estado Democrático de Direito tem por fundamento a valoração
da pessoa humana, e principalmente a sua dignidade. Sendo assim, o Estado ao impor
punições, como a privação da liberdade do indivíduo, deve-se atentar ao princípio da
razoabilidade, para que não se possam abrir espaços para uma punição injusta, ilegal e
desproporcional, o que podem causar prejuízos futuros, gerando grandes
consequências a sua dignidade humana.
Nesse sentido, é o posicionamento de Brutti (2006):
O direito à liberdade encontra-se dentre os direitos fundamentais previstos no
art. 5º, caput, da Constituição Federal, ao lado de outros tais como a
inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e a propriedade. Vê-
se, pois, que a liberdade é um pressuposto natural de uma sociedade justa. O
encarceramento da pessoa humana é medida extremada e, dentro de um
sistema jurídico obviamente pautado pela lógica e pelo bom senso, com regras
legais postas ao julgador. (BRUTTI, 2006).
Vê-se, pois, que a liberdade é um pressuposto natural de uma sociedade justa, e
essência de um Estado Democrático devendo ser preservada e respeitada sempre.
Diante disso, o Princípio da Insignificância tem sido cada vez mais utilizado em
decisões jurisprudenciais, para condutas que não afetam significamente o bem jurídico
tutelado, condutas ínfimas ou desprovidas de reprovabilidade social, tornando-se
insignificantes para o Direito Penal. Este é o entendimento jurisprudencial do Supremo
Tribunal Federal acerca da aplicação do princípio da insignificância in verbis:
HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE
CONTRABANDO DE CIGARROS. ALEGAÇÃO DE INCIDÊNCIA DO
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: INVIABILIDADE. ORDEM DENEGADA.1.
A tipicidade penal não pode ser percebida como exame formal de subsunção
do fato concreto à norma abstrata. Além da correspondência formal, para a
configuração da tipicidade é necessária análise materialmente valorativa das
circunstâncias do caso, para se verificar a ocorrência de lesão grave e
penalmente relevante do bem jurídico tutelado.2. O princípio da
insignificância reduz a incidência de proibição aparente da tipicidade
legal e torna atípico o fato, apesar de lesão a bem juridicamente tutelado
pela norma penal.3. Para aplicação do princípio da insignificância, devem
ser relevados o valor do objeto do crime e também aspectos objetivos do
fato, como a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de
periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica causada(grifo
nosso).4. Impossibilidade de incidência, no contrabando de cigarros, do
princípio da insignificância. Não é o valor material que se considera na espécie,
mas os valores ético-jurídicos que o sistema normativo-penal resguarda.5.
Ordem denegada.(STF- HC 118359 PR, RELATOR MINISTRA CÁRMEN
LÚCIA, DATA DO JULGAMENTO 05/14/2013, SEGUNDA TURMA. DATA
PUBLICAÇÃO DJe-222 DIVULG 08-11-2013 PUBLIC 11-11-2013).
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL.
FURTO. PRETENSÃO DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. EXPRESSIVIDADE DA LESÃO
JURÍDICA. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.1. Para a
incidência do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor do
objeto do crime e os aspectos objetivos do fato, tais como, a mínima
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ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade social
da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a
inexpressividade da lesão jurídica causada (grifo nosso). 2. Nas
circunstâncias do caso, não se pode aplicar ao Recorrente o princípio em razão
da expressividade da lesão jurídica provocada, correspondente ao valor de um
salário-mínimo.3. Recurso ao qual se nega provimento.(STF- RHC 118972 MG,
RELATOR MINISTRO GILMAR MENDES, DATA DO JULGAMENTO
03/06/2014, Segunda Turma. DATA PUBLICAÇÃO DJe-172 DIVULG 04-09-
2014 PUBLIC 05-09-2014).
No mesmo sentido, acompanha a jurisprudência do Supremo Tribunal de
Justiça, in verbis:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. FURTO.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE.1. Consoante já
assentado pelo Supremo Tribunal Federal, o princípio da insignificância deve
ser analisado em correlação com os postulados da fragmentariedade e da
intervenção mínima do Direito Penal, no sentido de excluir ou afastar a própria
tipicidade da conduta, examinada em seu
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