O Estado brasileiro recém criado, foi fundamentado no contrabando de seres humanos
Por: João Paulo Mendes Andrade • 17/6/2021 • Resenha • 537 Palavras (3 Páginas) • 217 Visualizações
O Estado brasileiro recém criado, foi fundamentado no contrabando de seres humanos.
Foi através de uma conjuntura política da década de 30 do século XIX, que se configurou no Brasil através de uma predileção pelo contrabando para manter o controle e reforçar a escravidão por mais de 300 anos de tráfico, qual seria a extensão do impacto dessa política de comercio de pessoas negras escravizadas e em cima da população negra livre?
Por qual motivo estaria a Inglaterra tão envolvida na quebra desse tráfico de escravos no atlântico? Tão penetrada ao ponto de não reconhecer a independência do Brasil em 1822 por conta do tráfico no atlântico, só aceitando essa independência em 1825 mediante um projeto de lei que iria supostamente acabar com o tráfico em 1831, penalizando todos os envolvidos em todas as escalas, além de tornar livre todos os escravos e seus descendentes que chegassem ao Brasil após 1831. Assim acabamos nos perguntando o que de fato faz com que esta lei não seja cumprida, estando o Brasil governado por uma junta liberal?
Se os são colocados assim por que não temos tão poucos heróis negros e indígenas, introduzidos na historiografia apenas na segunda metade do século XX, sendo apenas Zumbi e Henrique Dias, ou os índios sem nome da batalha dos Guararapes, ou Filipe Camarão, estando presentes só para “fingir” que estão, façamos ideia de quantos heróis de batalhas épicas, lutaram contra estrangeiros ao lado do brasileiro se não eram cidadãos dessa pátria?!
Através desse registro historiográfico, seria possível que pudéssemos precisar quando o debate histórico deixa de ser a respeito de escravos e torna-se pessoas traficadas e condenadas a trabalho forçado? A partir de qual momento começamos a dar o devido valor a personagens que não tivessem origem europeia? São diversas as questões que podemos precisar nesse texto, uma alta gama de estudos cabem a ser analisados e discutidos.
Varnhagen faz uma das primeira cartilha de história do Brasil, e Capistrano de Abreu através de uma nova argumentação consegue a partir da mesma letra contar outra história, como exemplo: Varnhagen escreve colocando negros e índios como componentes da pátria apenas se estivessem lutando ao lado do brasileiro, sendo necessário o “branqueamento” do Brasil, enquanto por sua vez, Capistrano já os coloca como criação de uma nova pátria, a mestiçagem aparece com uma especificidade brasileira, uma necessidade de valorização nacional que é oposta a Portugal.
Ainda que este seja a composição do mito das três raças, atribuído a Gilberto Freyre em 1930 onde todas as “raças” deveriam estar presentes na construção da historiografia. A escravidão se apresenta como importante elemento dessa interpretação, sendo a maioria dos trabalhos anteriores a Varnhagen não são colocados o papel dos atores negros e índios na construção da pátria brasileira, título reservado apenas aos brancos portugueses europeus.
Ficam assim registradas diferentes olhares a partir do repensamento da relação entre índios, mestiços, negros, raptados de outras nações ou naturais brasileiros, a forma que existe uma maior complexidade na construção desse processo do que vem a ser a identidade desses atores do período oitocentista e o processo histórico ao qual ele passou. Existem embates historiográficos fundamentados na releitura e na crítica, principalmente entre Capistrano de Abreu e Varnhagen no início do XX.
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