O Meio Ambiente Transformação e Micropolítica
Por: Maria Aguiar • 23/4/2023 • Projeto de pesquisa • 2.330 Palavras (10 Páginas) • 84 Visualizações
RESUMO
O presente artigo objetiva tratar sobre as injustiças ambientais no Brasil, conceituando a Bio-necrpolítica. Discorrer sobre a discrepância existente nas localidades dos menos favorecidos, exemplificando as motivações para tal fato, a população mais atingida e o conceito histórico. Quais as providências políticas e questões econômicas. As transformações que acontecem no meio ambiente e seus efeitos.
Palavras Chaves: meio ambiente; transformação; necropolítica; biopoder; biopolitico.
INTRODUÇÃO
Das investidas exageradas que os Estados modernos adotam para intervir em determinadas situações, usando a força exacerbada, abuso de poder, nasce a necropolítica, com o intuito de questionar se tais ações são de fato direito do Estado, ou se o uso deste “poder” é um abuso em relação a uma população menos favorecida.
A biopolítica é a força que regula grandes populações ou conjunto dos indivíduos, diferentemente das praticas disciplinares utilizadas durante a antiguidade e a idade média que visavam governar apenas o indivíduo.
Já biopoder se refere aos “dispositivos” e tecnologias de poder que administram e controlam as populações por meio de técnicas, conhecimentos e instituições. Os biopoderes se ocupam da gestão da saúde, da higiene, da alimentação, da sexualidade, da natalidade, dos costumes, etc, a medida que essas se tornaram preocupações políticas.
As injustiças ambientais na bio-necropolítica abrangem as questões relativas ao ambiente “deixado” para os menos favorecidos, onde, por muitas vezes, não possuem condições básicas ou necessárias para que um ser humano sobreviva de forma decente. Quando citamos essa porcentagem da população brasileira, não somente tratamos do fator econômico, mas também racial, que influi consideravelmente para esse deslocamento precário. O fato gerador de tal feito muito tem a ver com o contexto histórico em que vivemos, onde uma parte menor da população é beneficiada e a maioria precisa lidar com as conseqüências advindas de atos que não cometeram, apenas são vitimas dos acontecimentos vividos por seus antepassados.
DESENVOLVIMENTO
A Geografia é uma ciência que muito contribui para a compreensão das mudanças e impactos causados pela industrialização no espaço geográfico, na sociedade e no meio ambiente. Suas ferramentas permitem identificar os impactos e consequências socioambientais da instalação de empreendimentos em determinada região, principalmente para os moradores que ali residem. O meio ambiente passa a ser o resultado de todas as transformações que a sociedade faz por meio da tecnologia. Os desastres ocorrem quando há uma perturbação no equilíbrio estabelecido no meio ambiente, quando há uma interrupção repentina no funcionamento da sociedade, eles causam perdas materiais, econômicas, ecológicas, culturais e principalmente a perda de vidas humanas.
Toda transformação que ocorre no meio ambiente tem efeitos, alguns podem ser considerados positivos, auxiliando a população em movimento para povoar a cidade, porém muitas transformações são causadas de forma negativa que trazem sérias consequências e riscos para a população. O planejamento ambiental nos auxilia nesse processo, que contribui para a prevenção de riscos, ajuda a minimizar impactos e danos socioambientais.
No Brasil, a análise do racismo ambiental difere de outras exposições por manter um caráter mais socioeconômico. Isso significa que, diferentemente dos Estados Unidos da América, onde a marca racial é extremamente significativa, a injustiça ambiental brasileira se consolida e se justifica pela negação de renda. Isso significa que no Brasil os pobres geralmente sofrem com a negação de recursos, qualidade e segurança ambiental.
Deste modo, com a implantação do racismo e as injustiças ambientais, a necropolítica ganha sentido pela distribuição desigual dos riscos como forma de causar a morte. A mera presença de um risco aumentado de morte para certos indivíduos é suficiente para estabelecer um estado de violência permanente. O estado de exceção à produção da morte se normaliza e se torna um estado de natureza. A necropolítica se materializa nas questões ambientais através de inúmeros cenários. A própria produção da pobreza através da exclusão dos vulneráveis do capital e da criação de massas excedentes e valorização das propriedades nas áreas urbanas nobres é responsável pela remoção de corpos para periferias e áreas ambientais.
Para que possamos aprofundar sobre bio-necropolitica, é interessante conceituar necropolitica. O tema necropolitica foi desenvolvido pelo professor intelectual e filosofo erudito camaronês Achile Mbembe nascido na África do sul. Para Mbembe, necropolitica é a política de morte adotado por alguns estados ou parcelas de certo grupo de pessoas em que, o estado com discurso de segurança utilizando a força em prol da política de segurança, ``tem licença pra matar´´ Partindo desse pressuposto, temos que entender também o que seria biopoder, na qual foi estudado por Michel Foucault como um instrumento para regulação das populações, instituído sobre a máxima de “fazer viver e deixar morrer”. Esse argumento vem com a ideia de proteção do estado para o bem-estar da sociedade. No entanto, podemos observar que em meio a sociedade há determinados grupos vítimas desse sistema biopolitico, grupos esse sem amparo social. E são grupos vulneráveis expostos a negação e a dignidade da pessoa humana que deveria ser protegido pelo estado que na obrigação de garantir conceitos básicos inerentes a dignidade da pessoa humana, como determina a constituição em seu artigo 1° inciso III. E é nesse cenário que surge a bionecropolitica das injustiças ambientais no Brasil. Segundo a revista unaerp.br as injustiças ambientais podem ser entendidas como uma tecnologia de promoção da morte de comunidades “desinteressantes” às demandas sistêmicas. Ou seja, em decorrência das explorações ambientais exacerbadas pelo estado, colocando grupos vulneráveis ao risco iminente aos desastres da natureza como efeitos gerado pela natureza tal como deslizamento de terra nas periferias, infecciosas causado pela falta de saneamento básicos, gerando morte e miséria em locais vulneráveis a exploração ambiental.
A necropolítica se consubstancia nas questões ambientais por meio de inúmeros cenários. A própria produção da pobreza – por meio da não incorporação dos vulneráveis pelo capital e criação de massas sobrantes – e a alta dos valores imobiliários nos melhores espaços das cidades (os espaços seguros) (SILVA, 2003, p. 15) é responsável por levar os corpos “matáveis” às periferias e zonas de risco ambiental.
Nos municípios brasileiros, verificou-se que as áreas classificadas como de risco pela Defesa Civil são habitadas em média por mais de 75% da população negra. Em Minas Gerais, a média é superior a 77% e, em alguns municípios, superior a 70%.
...