RESENHA CRÍTICA: HISTÓRIA PRA NINAR GENTE GRANDE
Por: Nayrayoliveira • 23/5/2019 • Trabalho acadêmico • 556 Palavras (3 Páginas) • 1.546 Visualizações
FACULDADE DE ITAITUBA - FAI
CURSO DE DIREITO TURMA: B
HISTÓRIA DO DIREITO
DISCENTE: FRANKLIN DA COSTA SOUSA
RESENHA CRÍTICA: HISTÓRIA PRA NINAR GENTE GRANDE
A escola de samba Estação Primeira de Mangueira produziu um samba enredo inédito e muito politizado, farto de reflexões e contraversões da nossa história oficial brasileira, que lhes conferiu o título de escola campeã do carnaval do Rio de Janeiro de 2019.
Este samba enredo narra a história que a história não conta, vista de um ângulo diferente. A letra faz duras críticas à história que geralmente é contada em livros e que todos conhecemos. Com uma letra densa, mesmo sem mencionar nomes, critica alguns personagens do marco histórico que ficaram conhecidos como heróis brasileiros e enaltece como verdadeiros heróis outros personagens desconhecidos e omitidos por quem conta a história do Brasil. Faz emergir nomes de heróis que não foram citados pela história escrita, mas que foram responsáveis por grandes momentos marcantes de nossos exórdios. Além de fazer menção a dois grandes compositores e interpretes de sua própria escola, Leci e Jamelão.
O samba também propõe olharmos para a força da mulher brasileira e sua grande importância na formação histórica do país, embora não tenha sido reconhecida. Em um país onde a violência contra as mulheres tem números exorbitantes, este samba enredo veio para homenagear e enaltecer as grandes mulheres e fidedignas guerreiras de nossas origens. Para tanto, citou nomes de grandes mulheres como Dandara, líder e guerreira, esposa e mãe, mulher de Zumbi. Mahins, articuladora dos levantes de escravo na Bahia. Marielle, socióloga, feminista e defensora dos Direitos Humanos.
Ainda, o compositor nos leva a refletir sobre a história brasileira desde “o descobrimento”, nos remetendo a perceber que o Brasil nunca fora descoberto mas sim invadido e que assim deveria ser contado nos livros. Não invadiram somente um território, os costumes e cultura do povo que aqui já habitava foram dizimados. A história foi escrita com o sangue de inocentes revestida de heroísmo e desbravamento.
Além disso, o samba clama por um país que não está no retrato, deixando de lado a casa grande e a família burguesa advinda de outros países, e fazendo referência à diversidade cultural que deveria ser mostrada nos grandes livros de história e os verdadeiros responsáveis pela formação do país.
Ademais, declama que a liberdade dos povos escravizados não veio do céu, mas foi conquistada com muita luta e perdas imensuráveis. Cita louváveis lutadores como Dragão do Mar que liderou jangadeiros nas lutas abolicionistas, em busca de libertar seus irmãos da cruel escravidão.
Finalizando, o samba enredo remete aos anos da ditadura e mais uma vez à luta pela liberdade, para que hoje o brasileiro possa olhar para trás e reconhecer que muitos morreram e foram torturados nos anos de chumbo para que vivêssemos em um regime democrático de Direito.
Por fim, o samba mostra a luta da minoria desde a gênese do país, minoria que em verdade era maioria, mas minimizado pela desigualdade social. Não muito diferente do que acontece na atualidade onde as minorias são suprimidas e não aparecem na história quando se trata de ascenção, mas que está constantemente nas manchetes por fatos negativos. São negros, pobres, mulheres e outros grupos que deveriam ser um Brasil só, mas que de fato são marginalizados e esquecidos.
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