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Resenha - Acionistas do Nada

Por:   •  10/9/2015  •  Resenha  •  1.051 Palavras (5 Páginas)  •  1.481 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE VILA VELHA – UVV

CURSO DE MESTRADO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA POLÍTICA

        ELCIO CARDOZO MIGUEL

RESENHA-RESUMO

ACIONISTAS DO NADA: QUEM SÃO OS TRAFICANTES DE DROGAS

VILA VELHA/ES

2015

ELCIO CARDOZO MIGUEL

RESENHA-RESUMO

ACIONISTAS DO NADA: QUEM SÃO OS TRAFICANTES DE DROGAS

Resenha apresentada para a disciplina Metodologia da Pesquisa Científica no Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade de Vila Velha – UVV.

Profª. Drª. Maria da Penha Smarzaro Siqueira.

VILA VELHA/ES

2015


D’ELIA FILHO, Orlando Zaccone. Acionistas do Nada: Quem são os traficantes de droga. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Revan. 2007. p. 11-72.

Elcio Cardozo Miguel[1]

Na obra de Orlando Zaccone D’Elia Filho, é feita a análise aprofundada sobre o lucrativo mercado de narcóticos, com o enfoque para a cidade do Rio de Janeiro/RJ. O autor, além de respeitado pesquisador, atua como Delegado na capital carioca e conta algumas experiências de seu cotidiano que legitimam o discurso de seletividade penal nas políticas de segurança pública e na esfera judicial.

No primeiro capítulo do livro “Definindo os Traficantes de Drogas”, o autor inicia sua explanação apontando a lucratividade do tráfico de drogas no mundo: o narcotráfico movimenta cerca de meio trilhão de dólares por ano, cerca de dois terços do dinheiro oriundo do crime organizado.

Apesar das cifras demonstradas, nota-se que imensa maioria dos encarcerados por tráfico de drogas são pobres e moradores de favelas. Este, para o autor, é o público-alvo do Poder Judiciário. Neste contexto, Orlando Zaccone faz uma apresentação dos atores do tráfico de drogas na cidade do Rio de Janeiro, desde os “sacoleiros” e “fogueteiros” até os varejistas como Fernandinho Beira-Mar, apontados pela grande mídia como um grande traficante de drogas.

Em certo momento, D’Elia Filho (2007, p. 13) expõe dados de apreensões de drogas na época em que atuava como Delegado de Polícia em Jacarepaguá, bairro pobre do Rio de Janeiro, e na Barra da Tijuca, um dos bairros mais nobres da cidade.

(...) Outra grande constatação ocorreu quando da minha transferência como delegado adjunto do 41ª DP (Jacarepaguá) para a 16ª DP (Barra da Tijuca). Em Jacarepaguá, responsável pela circunscrição que inclui comunidades como a da Cidade de Deus e a do Morro do São José do Operário, a cada plantão realizava, no mínimo, um flagrante de tráfico, com diversas apreensões de drogas e armas pelo Batalhão da Polícia Militar. Ao contrário, em quase um ano como delegado de plantão na Barra da Tijuca, só lavrei um flagrante de tráfico que resultou na prisão de uma senhora de quase 60 anos.

Posteriormente, o autor (2007, p. 14) traz alguns dados sobre apreensões de entorpecentes em outras áreas periféricas da capital carioca contrastadas com regiões nobres do Rio de Janeiro:

Entre os flagrantes lavrados para apurar a conduta de tráfico de drogas ilícitas na Capital e Baixada Fluminense, todas as delegacias da zona sul reunidas, incluindo Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon e Gávea, somadas à Barra da Tijuca (zona oeste), atingem aproximadamente um terço dos registros realizados somente na 34ª DP, em Bangu.

Neste contexto, o autor apresenta a notável seletividade penal no Direito Penal brasileiro, inicialmente, mediante à seleção de quais crimes serão fortemente combatidos pelo Poder Público, ante a impossibilidade de processar e julgar todos os crimes ocorridos no país, em que os “crimes de pobres” foram escolhidos. Em um segundo momento, já inserido no tráfico de drogas – crime selecionado para ser combatido – em que há a estereotipação do traficante de drogas: pobre, preto e morador de favelas.

Por fim, Orlando Zaccone realiza uma indagação a respeito do mercado que movimenta quinhentos bilhões de dólares por ano: “onde circula e quem se beneficia dos bilhões de ‘narcodólares’ produzidos nesse marcado proibido”? (2007, p. 23).

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