Resenha Crítica - Nós que aqui estamos por vós esperamos
Por: Carlos Mezzomo • 20/6/2017 • Resenha • 1.460 Palavras (6 Páginas) • 2.085 Visualizações
UNIVERSIDADE POSITIVO
CARLOS MEZZOMO
JULIANA SANTOS
PAULA OLENSKI
RESENHA DO FILME “NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS”
CURITIBA
2017
CARLOS MEZZOMO
JULIANA SANTOS
PAULA OLENSKI
RESENHA DO FILME “NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS”
Trabalho de avaliação parcial apresentado à disciplina de Direito e Psicologia da Univerisidade Positivo com a orientação da
Professora Josy Martins.
CURITBA
2017
- INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo a realização de uma análise acerca do filme “Nós que aqui estamos por vós esperamos” e, a partir dessa análise traçar um paralelo de comparações aos conceitos expostos no capítulo 11 (A multideterminação do humano: uma visão em Psicologia) do livro “Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia” (BOCK, A. M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T..2001). Através dessas comparações e análises realizar críticas conclusivas sobre ambos os conteúdos.
- DESENVOLVIMENTO
O filme “Nós que aqui estamos por vós esperamos” (1999), classificado como um documentário de nacionalidade brasileira, escrito e dirigido por Marcelo Masagão, tematiza de uma maneira geral os acontecimentos históricos, econômicos, culturais e sociais ocorridos durante o século XX. O método utilizado para a exposição de tais eventos é a mostra de filmagens e fotografias realizadas à época. Além disso, o documentário exibe ao longo de sua duração, partindo dos recursos previamente citados, diversos personagens e suas respectivas histórias de vida como consequência dos eventos por elas vividos, por exemplo, seus respectivos trabalhos, relações sociais, comportamento de consumo e hábitos cotidianos influenciados pelo período o qual vivem.
O título “Nós que aqui estamos por vós esperamos” é demasiadamente itrigante, porém, esse somado à cena inicial do filme a qual exibe cenas de um cemitério possibilita sua devida compreensão. Nós, os vivos, somos esperados por aqueles que já morreram e que, por conseguinte, nós seremos eventualmente aqueles que esperam. Essa ideia permite o entendimento de perenidade de todas aquelas personagens de pessoas comuns e extraordinárias (e.g Einsten, Freud) retratadas no documentário, que fizeram parte da história por simplesmente viver o seu cotidiano de acordo com as características pertinentes do período e que eram e viviam assim como nós o fazemos hoje.
Mesmo não seguindo uma ordem cronólogica, a abordagem do filme trata especificamente de eventos ocorridos no século XX. Tal característica deve-se principalmente ao fato de que tal século pode ser considerado como um período de muitas controvérsias. Ao passo em que conquistavam-se inúmeros progressos em diversas áreas, como da medicina (e.g.:criação de métodos contraceptivos), da ciência (e.g.: a criação da internet, ida do homem à Lua) e até mesmo no âmbito social (e.g.: sufrágio feminino, queda do muro de Berlin), o retrocesso tomava partido, como por exemplo, na ocorrência de duas guerras mundiais. O filme consegue captar a essência da dicotomia humana que consegue, com a mesma força que cria, inova e evolui, destrói e regride.
Para a realização de uma análise acerca do documentário de uma maneira mais aprofundada cabe a análise conjunta do capítulo 11 do livro “Psicologias:uma introdução ao estudo da Psicologia” (BOCK, A. M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T.,2001), “A multideterminação do humano: uma visão em Psicologia”. O capítulo discorre sobre a caracterização do ser humano, perante seu ambiente, perante sua sociedade e como essa o influencia. Consequentemente, o capítulo apresenta a concepção do homem com um ser sócio-histórico.
De acordo Bock; Furtado e Teixeira (2001), “Nós - seres humanos - temos um conjunto de traços herdados que, em contato com um ambiente determinado, têm como resultado um ser específico, individual e particular” . Ou seja, algumas características só entram em destaque uma vez que o ambiente seja propício para tanto. No caso do documentário, pode-se verificar tal conceito no exemplo da personagem que trocou o corselet por uma máquina de escrever, passando o entendimento de que na medida em que a sociedade se tornava mais progressista, permitindo um espaço para as mulheres no mercado de trabalho, essas se tornaram mais do que a visão patriarcal da sociedade à época permitia, fugindo do esteriótipo de vaidade e domesticidade, e passaram para o desenvolvimento de seu intelecto e habilidades profissionais.
A cada personagem exibido no filme, observava-se que com o passar dos anos a evolução os acompanhou, passando seus preceitos de geração para geração. A geração antecedente lutava por algum direito, hábito ou costume e a geração seguinte, que nasce com os mesmo já adquiridos pela sociedade, os emprega de maneira natural em sua vida e inicia-se a busca por novos direitos, hábitos e costumes. Bock; Furtado e Teixeira (2001) conceituam esse fenômeno da seguinte maneira: “ A assimilação pelo homem de sua cultura é um processo de reprodução no indivíduo das propriedades e aptidões historicas formadas pela espécie humana”. Ou seja, a cultura (hábitos e costumes) passa a ser inerentes ao indivíduo, uma vez que esses os são ensinados.
De grandes imperadores e líderes supremos a “meras formigas” de guerras. Ao longo da metragem vemos várias frases de homens relatando seus últimos momentos em vida, como as do Kamikazes. Jovens que mesmo sem experiência deixam suas famílias e são obrigados a irem para a fronte. Ao mesmo tempo em que conseguimos ver homens esperançosos comemorando o retorno do seu pelotão para casa, filhos que aguardam ansiosamente o pai já morto que nunca chega. Mulheres que choram ao reencontrar o marido.
Carl Sagan, um dos astrofísicos mais renomados da contemporaneidade, escreveu em um dos seus livros um texto conhecido como “Pálido Ponto Azul” que descreve aspectos que aconteceram diariamente, numa visão cosmológica. Ele nos remete que somos muito pequenos na visão de uma arena cósmica e devemos pensar nas infindáveis crueldades infringidas pelos habitantes desse imenso planeta azul, mesmo que contra suas vontades, mataram milhares. O quanto seus mal-entendidos resultou em guerras e ansiaram por se matar, o quanto líderes supremos se odeiam por cada ato cometido pelo outro. Nos rios de sangues derramados em guerras por generais e imperadores, para que, na glória e triunfo eles pudessem se tornar os mestres momentâneos de uma sociedade, e ter seus rostos estampados a cada esquina. Vale a pena lutar tanto nos dias de hoje por manter todo esse drama cultural, levar uma nação toda a tristeza, guerrear por terras desnecessárias. Se no fim, tudo que nos resta é a morte.
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