Resenha O Livro O Povo Brasileiro
Por: Gabriel Rodrigues • 19/3/2019 • Resenha • 10.980 Palavras (44 Páginas) • 291 Visualizações
INTRODUÇÃO
O livro O Povo Brasileiro versa sobre questões quanto o nascimento e a ascensão da civilização brasileira, desde os primeiros índios até e navegantes europeus que abarcaram no Brasil, até as gradativas miscigenações ocorridas ao longo dos anos por vários povos de várias culturas. É uma Nação nova porque surge de várias matrizes étnicas, inaugura uma forma singular de organização socioeconômica, fundada em um tipo de escravismo e servidão continuada no mercado mundial.
Mais que uma simples etnia, porém, o Brasil é um povo nação, assentado num território próprio e enquadrado dentro de um mesmo Estado para nele viver seu destino.
1. O NOVO MUNDO
Na primeira parte do livro onde o autor intitula de “O novo mundo”, trata sobre o ainda nascituro Brasil, como era antes e depois da chegada dos europeus nos primeiros séculos. A terra antes virgem, denominada ilha Brasil, era uma miríade de povos tribais que eram classificados de acordo coma sua língua e dialetos com os quais havia vários povos.
Os indígenas localizavam-se na costa quando “descobertos” pelos portugueses, eram os tupis, segundo o geógrafo Aziz Ab Saber os tupis guaranis vieram do oeste ou do leste da Amazônia, atravessando o planalto brasileiro e chegando as costas litorâneas. O índio na força de sua cultura ele já se bastava, pois em escala de evolução cultural os povos tupis davam os primeiros passos para evolução agrícola, superando as condições paleolíticas, a agricultura assegurava a eles alimentação ao longo do ano com muitas de frutas, verduras, tubérculos (como a mandioca, importante tubérculo da cultura indígena), entre outros. Em termos de relações sociais os homens preocupavam se com a caça e a pesca (que eram abundantes e garantiam a sobrevivência da aldeia) e as mulheres em cuidar da casa, dos filhos e da agricultura.
Havia povos que apesar da unidade linguística e cultural eram classificados em uma só macro etnia, ou seja, aqueles que vivem além da fronteira da civilização que conservam sua identidade étnica, e é então que os tupinambás se encaixam, pois tiveram mais contatos com os iberos e prezavam a guerra e festas e não queriam ser dominados pelos colonos, surgindo assim a Confederação dos tamoios, ocorrida entre 1556 a 1557, foi a revolta indígena da tribo tupinambá contra as tentativas dos colonos de escravizar os indígenas.
Em relação à antropofagia que era um caráter cultural entre os índios, onde só se comia carne de bravos guerreiros oponentes, pois creditavam que fortaleceria os guerreiros da tribo, pode se citar o exemplo do poema indianista brasileiro Juca Pirama, escrito pelo poeta Gonçalves Dias em 1851, onde o protagonista (Juca Pirama/ tupi) é capturado pelos índios canibais Aimorés, e chora diante deles para que não seja comido, pois tinha um avô cego para cuidar, diante disso os Aimorés não aceitam, pois era considerado covarde e não se comia carne de um covarde. Resumidamente ele voltou para mata, contou para seu avô, este achou desonroso então Juca volta para tribo antropofágica onde foi capturado, se entrega cantando seu hino de bravura e é morto como um bravo guerreiro. A partir disto pode mostrar o atraso relativo ao povo indígena que se alimentava dos prisioneiros de guerra porque um cativo rendia mais do que consumia, não havendo incentivo para a sua integração como escravo.
Com o advento das grandes navegações, a qual inicia se a expansão do processo civilizatório, que deu nascimento a dois grandes Estados nacionais: Portugal e Espanha que superaram o feudalismo e aventuraram se mar adentro a procura de terras e o que elas poderiam oferecer. Para os nobres seriam um fortalecimento mercantil, já para a igreja católica a disseminação da religião salvacionista que era contestada por outra religião em formação, a protestante; como afirma Darcy ribeiro, 35 "Juntar todos os homens numa só cristandade, lamentavelmente dividida em duas caras, a católica e a protestante."
Com a chegada dos lusitanos, houve um embate tanto cultural, social quanto baquiteriológico entre os dois povos, principalmente por parte dos lusos que trouxeram doenças do velho mundo para os indígenas, que viram a chegada dos Europeus como algo espantoso, chegaram a pensar que eram enviados por Maíra (seu deus do sol), de início os povos da floresta acharam aqueles homens brancos generosos, apesar de feios, fétidos e infectos como analisa Darcy Ribeiro. Na visão lusitana os índios eram bárbaros e inocentes conforme escreveu Pero Vaz de Caminha em sua celebre carta ao rei D. Manuel:
"A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons narizes, bem feitos, andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas, e estão acerca disso com tanta inocência como tem em mostrar o rosto; traziam ambos os beiços de baixo furado, e metidos por eles senhores o nos de ossos, brancos, de compridão de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, e agudos na ponta como furador; metem-nos pela parte de dentro do beiço e o que lhes fica entre os beiços e os dentes são feitos como roque de xadrez (...)”;
"Ali então não houve mais fala nem entendimento com eles, por a babaria deles ser tamanha, que se não entendia nem ouvia ninguém (...)".
Realmente os primeiros índios enxergaram a esperança naquele povo recém-chegado e totalmente desconhecido de um modo puro e inocente, porém por ironias formais e informais do destino, além de ser usado para extração do pau Brasil (com ganho relativo, por meio da troca de miçangas e outras quinquilharias que eram de baixo valor para os lusitanos, denominado escambo), depois deste, foram a principal mercadoria de exportação para a metrópole.
Os índios desacreditados com tanta destruição de suas culturas e valores, que pensaram que o seu deus os tinha abandonado, então depois de tanta tristeza preferiam morrem a serem dominados por um povo sem escrúpulos como o homem branco, a igreja afirmando através da pregação missionária como um flagelo, a cristandade surgia para eles como um pecado e todos os valores confundiam se intrinsecamente. Os índios com mais audácia fugiam mata adentro disseminando enfermidades, contraídas pelos brancos e dizimando os povos que não tinham anticorpos para combater as doenças.
Porém com o passar das décadas a nova geração de índios, partindo de sua própria curiosidade queria conhecer o povo estranho implantado em suas praias, uns aceitavam viver como
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