Resenha Totem e Tabu
Por: a.flaviaa_ • 4/9/2023 • Resenha • 2.203 Palavras (9 Páginas) • 144 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE DIREITO
RESENHA DO LIVRO TOTEM E TABU – SIGMUND FREUD
NATAL/RN
2023
Ana Flávia Santiago de Souza
Sigmund Freud – Totem e Tabu (1912-1913)
Resenha
- Prefácio à edição atual:
O prefácio de Totem e Tabu escrito por Freud tem como objetivo mostrar a ideia central do livro, admitindo que os tópicos não são facilmente entendidos. Freud compara a dificuldade de interpretação acerca do seu livro a uma escavação arqueológica, que exige análise meticulosa da história e da cultura humana. Compreender os primórdios da humanidade e as influências que moldam as sociedades foi um dos principais pontos de ênfase de Freud. Ele sentiu que a cultura e a moral eram moldadas por fatores psicológicos e motivações subconscientes. Seu foco na investigação do papel que os tabus e o totemismo desempenham era de particular interesse para ele, pois os considerava críticos para o estabelecimento de normas sociais. Além disso, o ceticismo e a resistência podem frequentemente ser associados a suas teorias, mas ele enfatiza o valor de examinar cientificamente e ter a mente aberta para essas ideias. Desvendar os mistérios da cultura e da moral humana foi um compromisso que Freud deixou claro em seu prefácio. A curiosidade intelectual e a exploração que ele demonstrou deram o tom para sua busca pela compreensão das camadas mais profundas da psique humana e da sociedade. Apesar dos desafios impostos pelos complexos temas em que se aprofundou, Freud permaneceu resoluto em sua busca. Juntar-se a Freud em uma aventura intelectual para descobrir as forças ocultas que moldam a civilização humana é o convite feito pelo prefácio de "Totem e Tabu". Ele prepara o terreno para os leitores mergulharem na sua exploração sobre a psique humana e serve como uma introdução convincente aos temas do livro. Ao transmitir esse sentido de aventura, o prefácio estimula o leitor a mergulhar na obra de Freud.
- Prefácio à edição hebraica:
É um texto curto, mas significativo, no qual Freud discute por que decidiu escrever um prefácio voltado especificamente para seus leitores judeus. Escrito em 1930, em meio ao crescente perigo do antissemitismo na Alemanha e Europa, Freud escolheu escrever um prefácio breve, mas comovente, que foi uma prova de sua profunda preocupação com o bem-estar de sua comunidade, fazendo um certo tipo de apelo para demonstrar solidariedade por meio de suas obras literárias. Ele demonstrou firmemente sua linhagem judaica e defendeu seu valor, mesmo à frente de um perigo iminente. Além disso, Freud enfatiza a criticidade de defender a cultura judaica para proteger o povo de ameaças crescentes. No mais, ele enfatiza aos seus leitores que permaneçam fiéis à sua herança cultural mesmo nos momentos mais desafiadores e reflete o contexto de perseguição antissemita na Alemanha da época e a sensibilidade de Freud em relação às crescentes ameaças ao povo judeu.
- I - Horror ao Incesto:
De acordo com Sigmund Freud no capítulo de abertura de Totem e tabu, é o tabu do incesto e seu impacto na formação social e moral. Em sua perspectiva, a proibição do incesto, conhecida como "tabu primordial", está universalmente presente em todas as sociedades humanas. Freud acreditava que, sem esse tabu, a própria base da civilização desmoronaria sob seus alicerces. Afim de manter a harmonia dentro de pequenos grupos familiares, Freud introduziu um tabu sobre o incesto, que proíbe a atividade sexual entre os membros da família. Ele acredita que a competição e o ciúme pelo objeto de desejo dentro das famílias, principalmente entre pais e filhos, levaram ao estabelecimento dessa proibição. O tabu do incesto foi concebido para prevenir conflitos e preservar a integridade das unidades familiares. A premissa básica de Freud era que os primeiros humanos habitavam essas pequenas unidades familiares. Além disso, ele definiu o conceito de “totem”, que seria um ancestral comum considerado sagrado pelo grupo, sendo esse um objeto ou animal. Com isso, surgia o “totemismo”, considerado por Freud uma religião primordial, que servia como uma espécie de mediador entre os desejos incestuosos reprimidos.
- II – O tabu e a ambivalência das emoções:
O conceito de ambivalência das emoções (informalmente falando) pode ser compreendido facilmente pela letra da música Abalo Emocional do cantor sertanejo Luan Santana, que diz:
[...] Te avisei: Não sou flor que se cheira
Mas essa abelha é teimosa
Me cheira e ainda me beija
Com essa boca gostosa
Tá aí o motivo do meu abalo emocional
Fico ou não fico?
Vou ou não vou?
É lance ou amor?
[...] Eu não queria me entregar, me entreguei
Eu não queria me jogar, eu me joguei
Eu não queria
Nessa música fica claro o que seria a ambivalência emocional, que seria nada menos do que um sentimento conflitante onde coexistem duas ideias de igual importância e intensidade a respeito de uma mesma coisa, nesse caso, do sentimento acerca de uma pessoa. É o fato de querer e não querer, de gostar e não gostar ao mesmo tempo. Análogo ao capítulo II de Totem e Tabu, também se trata de ambivalência emocional, sendo enfatizado aos laços fraternais. Ela cita que os sentimentos relacionados aos pais são caracterizados pela ambivalência e não são unilaterais, ou seja, há existência de sentimentos contraditórios. O capítulo II tem ligação direta com o capítulo I (Horror ao Incesto), pois ambivalência emocional em relação aos pais se expressa por meio do tabu do incesto, segundo ele. Não é apenas uma regra social, mas também uma forma de lidar com o desejo e o medo de possuir e destruir sexualmente o objeto do desejo, normalmente os pais. A ambivalência emocional é essencial na formação de normas culturais e sociais de acordo com Freud. Ele afirma que o totemismo e o tabu são versões primordiais da religião e da moral que surgiram como forma de lidar com essa ambivalência. Essa teoria sugere que as pessoas estão inerentemente em conflito sobre uma ampla gama de questões e são programadas para sentir emoções conflitantes.
- III - Animismo, magia e onipotência dos pensamentos:
Intitulado "Animismo, Magia e o Onipotente", o Capítulo 3 de "Totem e Tabu" de Sigmund Freud é crucial para examinar a religião, a moral e a sociedade através de lentes psicanalíticas. Freud revela como formulou suas teorias sobre o início da religião e da moralidade na sociedade humana neste capítulo. As experiências da infância influenciam as origens da religião, da moralidade e da sociedade, como explora a psicanálise. Freud acredita que o tabu molda a moralidade, e o capítulo do livro investiga como essas instituições surgiram. Essa base prepara o terreno para as teorias posteriores de Freud sobre cultura e psicologia, tornando-se um capítulo essencial do livro. Alguns pontos chaves desse capítulo são esses:
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