Resenha crítica white bear
Por: José Filho • 1/9/2017 • Resenha • 893 Palavras (4 Páginas) • 1.750 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
Jose Raimundo Pereira da Silva Filho. Matrícula: 20179093412
RESENHA CRÍTICA DO EPISÓDIO WHITE BEAR (2 TEMPORADA) DA SÉRIE BLACK MIRROR
TERESINA - PI
2017
Crítica sobre o episódio Urso Branco da série Black Mirror.
O episódio "White Bear" é o segundo da segunda temporada da série de ficção científica britânica Black Mirror. O episódio retrata uma mulher, Lenora, que ao acordar, não se lembra mais do que aconteceu, e se sente assustada. Ao sair da sala onde estava, percebe que todas as pessoas estão portando celulares, tirando fotos e filmando, e ela se sente intimidada, perseguida e começa a fugir. Depois, encontra dois jovens, um rapaz e uma moça, que a ajudam quando pessoas mascaradas aparecem tentando matá-la. Depois do rapaz ser aparentemente capturado e morto, as moças escapam e conseguem fugir. Sua nova amiga explica para ela que o mundo está daquela maneira depois de um flash na televisão, e que as pessoas estão numa espécie de feitiço. Explica também que devem ir numa torre de transmissão, chamada “White bear”, para desativar a transmissão que faz as pessoas agirem de maneira estranha. Ao chegar na torre, e lutar, sofrer, ela percebe que, na verdade, aquilo era tudo um espetáculo armado para lhe fazer sofrer. Urso branco era o ursinho de uma garota que o namorado dela matou, e ela foi cumplice, e aquela tortura psicológica, na qual todos os dias, sua memória era apagada, e ela passava por todo o sofrimento de novo, era sua pena.
Black Mirror é uma série que, apesar de tentar representar algo do futuro, no fundo, é uma crítica à realidade: O episódio "White Bear nos faz questionar sobre nossas atitudes, sobre como tratamos aqueles que erraram, sobre os modelos penais, sobre a própria moral, o perdão. É fato que muitas pessoas, no nosso mundo, com suas ações, acabam concordando com a atitude daqueles que organizaram o parque urso branco, e outras sentem compaixão de Lenora, por que toda aquela tortura psicológica, por que não simplesmente dão um fim à vida dela, e pelo menos no espaço terreno, um fim ao sofrimento?
Michael Foucault (1987), ao tratar do fim do suplício e nascimento da prisão, traz uma informação bem interessante, a pena, ao longo do tempo, vem mudando de patamar. No passado, em um período de tempo em que isso foi marcante era a idade média. Crimes contra a igreja, heresias, adultério, assassinatos e outros crimes, tinham uma pena certa: a morte. A morte, apesar de muitas vezes envolver um ritual, não era algo demorado, principalmente depois que começaram a utilizar guilhotinas. Nas fogueiras e cadafalsos, apesar da dor, logo depois, com a morte, a dor terrena tinha um fim. Com a mudança, que, vale ressalva, de que sempre é lenta e gradual, as penas começaram a ter outro alvo, além do corpo, a mente do indivíduo. A tortura psicológica, a solidão, geram o arrependimento, o sentimento de remorso, incerteza, e uma dor profunda.
A transformação da pena, talvez tenha um auge, e esse auge é representado pelo episódio, naquele centro de punições. O fato das pessoas não sentirem compaixão, adorarem aquela cultura do espetáculo, considerar uma pena simplesmente pelo lado punitivo, e não restitutivo, é assustador.
Robert Alexy nos traz o pensamento que critica a questão da injustiça legal: nem sempre o que está na lei realmente é moral (ALEXY, 2009), por isso, a lei pode sim tutelar atos imorais. Mas, nessa questão, cabe mais a reflexão do que é a moral para aquelas pessoas, e para nós, e como ela deve relacionar-se com o Direito. É fato que, analisando os fatos, a pessoa que errou, deve sim ser punida, e uma punição justa, mas, em uma “cultura do espetáculo”, que, para quem assiste aparentemente gera mais horror do que sensação de justiça, será que os papeis estão corretos?
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