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AS CRISES DO CAPITALISMO DEMOCRÁTICO; STREECK, W.

Por:   •  2/2/2022  •  Pesquisas Acadêmicas  •  560 Palavras (3 Páginas)  •  266 Visualizações

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Streeck busca elucidar neste estudo as contradições entre o sistema econômico capitalista e regimes políticos democráticos. O autor parte do pressuposto de que a coexistência de economias de mercado e sociedades democráticas é, acima de tudo, instável e traz como consequência períodos de profundas crises, como a Grande Recessão e a crise de 2008.

Por definição, para que funcione de forma plena, o capitalismo necessita de um aparato jurídico e político que ainda não se sabe, ou não é divulgado, como obtê-lo. Ainda, o regime capitalista tem como característica a alocação ótima dos recursos, isto é, as trocas são realizadas seguindo as leis dos mercados livres, de forma impessoal, sem considerar as normas sociais estabelecidas como direitos sociais, algo crucial em uma sociedade democrática. Desse modo, os governos não são capazes de encontrar um ponto de equilíbrio entre os dois regimes, pois privilegiar um em detrimento do outro, sempre levará à perda de apoio político.

Seguindo a lógica liberal, inflação, déficits públicos e dívida privada ou pública excessiva são consequências de má aplicação das leis e instrumentos econômicos, o que geralmente ocorre devido a busca pela obtenção ou manutenção do poder político. Ao passo que a economia política explica que os problemas econômicos advém da oposição criada entre a economia moral e a economia “científica”.

A fim de ilustrar como as tentativas de conciliar capitalismo e democracia são falhas, o autor volta à crise dos anos 70 e o que a sucedeu. Nesse sentido, com a pressão dos trabalhadores organizados por maiores salários, os governos recorreram a políticas inflacionárias como meio de atender alguns anseios sem grandes alterações na estrutura econômica. A partir de certo ponto, a inflação disparou, pois bem se sabe que este é um fenômeno que se auto-alimenta. Consequentemente, o momento de incerteza leva a quedas nos níveis de produção, o que gera desemprego. A inflação foi controlada após 1979, quando os países elevaram suas taxas de juros a patamares inéditos, gerando ainda mais desemprego. Tanto nos EUA como no UK, a desinflação se deu juntamente ao desmantelamento do poder sindical. Nos anos seguintes, com níveis baixos de inflação, os países observaram a dívida pública aumentar, pois não podendo contar com a alta dos preços, os governos passaram a tomar cada vez mais empréstimos a fim de atender demandas dos cidadãos e do mercado. Nos EUA, Clinton recorreu a uma política de consolidação fiscal e revitalização econômica via desregulamentação financeira, acarretando no endividamento privado e favorecendo os lucros no setor financeiro. Todavia, surgiram novas oportunidades também aos mais pobres, com a ascensão das hipotecas de alto risco que acompanharam a especulação imobiliária na época. Assim, o endividamento das famílias substituiu a dívida pública e a demanda individual supriu a demanda pública. Tudo veio abaixo em 2008 com a quebra do frágil sistema de crédito privado. A salvação do sistema financeiro veio pelas mãos dos governos que assumiram os créditos que jamais seriam pagos. Essa solução levou a déficits e dívida pública enormes. Isto é, a conta da salvação do setor financeiro será paga pelo cidadão comum. Ademais, as crises do capitalismo democrático encontram-se internacionalizadas, não sendo mais crises de um Estado ou

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