As Motivações e Legitimações do Surgimento do Estado pelos Autores Contratualistas
Por: Mathias Martinson • 13/12/2021 • Projeto de pesquisa • 1.487 Palavras (6 Páginas) • 200 Visualizações
As motivações e legitimações do surgimento do estado pelos autores
contratualistas
Esse texto busca discorrer sobre a visão dos autores contratualistas sobre o surgimento do
estado e a criação do pacto social (também conhecido como contrato social). Para tanto, vê-se
necessário realizar uma introdução inicial sobre a ideia geral do que é o contrato social e sobre
qual perspectiva os respectivos autores o analisam.
O contrato social é basicamente a marca de transição em que os seres humanos passam de
seu estado de natureza para o contexto em que vivem em sociedade, ou seja, o momento do
surgimento do estado. Durante o texto será abordado a visão que os contratualistas tinham sobre
o que era o estado de natureza humano, ou seja, quais são as virtudes naturais humanas, ligando
isso com a motivação do porquê o estado existe e como ele deve agir. Inicialmente será abordado
Thomas Hobbes e John Locke, autores que escreveram suas obras com um enfoque maior na
questão jurídica do tema, depois Jean-Jacques Rousseau, com uma análise mais voltada para
questão socioeconômica da sociedade.
Thomas Hobbes (1588 – 1679)
Thomas Hobbes foi o primeiro escritor contratualista da época, e foi defensor de um estado
totalitário, caracterizando-o como Leviatã (referência a um monstro marinho da mitologia Fenícia).
Para analisar as ideias de Hobbes, é importante de antemão listar as principais
características que ele enxergava como naturais dos seres humanos, que levam a entender sua
visão sobre como era o estado de natureza dos homens. Para ele os seres humanos eram:
racionais (sempre buscavam uma relação custo/benefício em suas ações), hedonistas (buscam
pela satisfação máxima de seus interesses), egoístas, sociáveis (viviam fisicamente próximo a
outros seres humanos), e todos seres humanos eram livres e iguais (igualdade relativa, ou seja,
enquanto alguns homens eram mais fortes que outros, esses eram podiam ser mais inteligentes,
Aluno: Mathias Martinson de Andrade e Silva
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de forma que uma qualidade equalize a outra). Além dessas características, o autor afirmava que
todos possuem direito natural a vida, ou seja, o direito de viver em si e o direito a tudo que
necessário para se viver (terra, alimento, conforto etc.).
Somando as características citadas com o direito natural a vida, Hobbes afirma que o
estado natural é um estado de “guerra de todos contra todos”, ou seja, todos seres estão em
conflito para terem acesso ao necessário para se viver. Como ele mesmo recita e seu livro: “Sou
dono da terra até alguém a tomar de mim”, demonstrado a ideia de que todos ficam sempre em
alerta, buscando atacar antes de ser atacado.
Portanto, ao entender, por meio da racionalização, que esse estado de conflito constante é
ruim, os seres humanos renunciam a seus direitos naturais (uso da força para conquistar o que
querem/precisam) por meio de um processo racional da criação do Estado, ou seja, firmando o
contrato social. Esse processo surge duas grandes consequências: a primeira é de o cidadão
perder seus direitos e a segunda é de o Estado, caracterizado como absolutista, possuir os
direitos de todos, ou seja, o estado pode utilizar da força para garantir a segurança geral da
sociedade (centralização da força física no soberano). O poder do estado é ilimitado, pois, se
fosse limitado, se igualaria aos cidadãos, não sendo efetivo, porém Hobbes defende a ideia de
que, mesmo sendo um Estado absolutista, caso ele não cumpra sua função, deve haver a
possibilidade de ter mudança de Estado. Finalizando, vale ressaltar que o Estado não faz parte
do contrato, mas é consequência dele.
John Locke (1632 – 1704)
As obras de John Locke surgem após as de Thomas Hobbes, e pode-se considerar de que
ambos partem suas análises de premissas parecidas, porém divergem no resultado final.
Sobre as premissas das características naturais dos homens, Locke cita novamente a
racionalidade e a sociabilidade, e adiciona a ideia de os seres serem altruístas, ao invés de
hedonistas, ou seja, os seres buscam garantir apenas o necessário para viver, evitando o
acumulo de bens e terras. A última característica citada mostra a visão do autor de que existe
uma certa harmonia na natureza, nesse estado, o autor ainda faz ressalvas sobre o que ele
considera os direitos naturais dos seres vivos, sendo eles: direito a vida, direito a liberdade e
direito a propriedade privada. Esses direitos, somados com as características naturais dos
homens, levam a conclusão de que os seres entendem e respeitam o fato de que o outro possui
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os respectivos direitos, não infringindo o direito do outro. Contudo, Locke também pensa que as
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