Características dos trabalhadores domésticos no Brasil
Pesquisas Acadêmicas: Características dos trabalhadores domésticos no Brasil. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: gislainefb • 28/11/2014 • Pesquisas Acadêmicas • 2.872 Palavras (12 Páginas) • 209 Visualizações
RESUMO
o Brasil, ao todo são cerca de 7,2 milhões de pessoas exercendo a atividade de empregado doméstico, sendo que 94% deste número são mulheres. Por conta disso, há muito tempo existia a necessidade de uma lei que beneficiasse esses trabalhadores, estabelecendo regras para a jornada de trabalho diária, horas extras, benefícios etc. Isso sem falar no ponto mais importante, que é a obrigatoriedade de se assinar a carteira de trabalho desses profissionais, no caso do vínculo empregatício ser maior que 2 dias de trabalho por semana.
INTRODUÇÃO
Hoje as empregadas domésticas representam 5,6 de milhões de trabalhadoras noBrasil, um número expressivo que justifica pesquisas que possibilitem espaços para ouvi-las. Estas mulheres, oriundas de camadas sociais desfavorecidas, exercem um
trabalho desqualificado e desvalorizadas socialmente e poucas são ouvidas,
principalmente no que se refere à sua vida privada. No Brasil, o trabalho doméstico teve
avanços entre as ocupações femininas na década de 1990, devido ao declínio de oferta
de emprego nas fábricas e comércio. De acordo com dados do IBGE (2002), o serviço
doméstico que, em 1992, ocupava o quinto lugar entre as principais ocupações das
mulheres, em 2001 tornou-se o segundo tipo de trabalho por elas exercido. Em 1992,
havia 3,6 milhões de mulheres empregadas em serviço doméstico. Em 2001, a PNAD
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) identificou 5,3 milhões na mesma
situação. Ou seja, houve um aumento de 47%, sendo que, deste contingente de
trabalhadoras, somente 25,88% tinham contrato formal de trabalho. Neste caso, houve
um aumento em relação a 1992, cujo índice era de 18,17%, porém ainda insignificante
ao se considerar o total de mulheres nesta ocupação.
Segundo José Carlos Ferreira (2003), diretor-adjunto da OIT (Organização
Internacional do Trabalho)2
, o maior número de mulheres em serviço doméstico tem
dois fatores determinantes: o aumento nas taxas de desemprego e uma tradição
escravocrata da sociedade brasileira.
DESENVOLVIMENTO
A primeira tentativa de criar uma legislação sobre o emprego doméstico no
Brasil ocorreu em 1923, através de um decreto que definia a natureza do trabalho
doméstico e por meio de outros decretos decorrentes deste. No entanto, essas iniciativas
foram insuficientes para garantir direito a essas trabalhadoras na legislação trabalhista.
As empregadas domésticas, segundo Melo (1993), iniciaram sua organização como
classe trabalhadora no Rio de Janeiro, em 1961, criando, com o incentivo da Igreja
Católica, a Associação Profissional dos Empregados Domésticos do Rio de Janeiro.
Somente em 1972, o Parlamento Brasileiro aprovou a Lei 5859/72, que garantiu
pequenos avanços como a remuneração pelos serviços prestados, 20 dias de férias,
benefícios e serviços da seguridade social, direitos estes muito inferiores quando
comparados com os trabalhadores de outros setores formais e produtivos. Apenas em
1989 as associações das empregadas domésticas começaram a se tornar sindicato.
De acordo com Melo (1993), a luta para garantir os direitos das empregadas
domésticas é difícil por vários fatores, dentre eles o medo de perder o emprego, caso
reclamem seus direitos, e o fato de trabalharem isoladamente no espaço doméstico
possibilitar maior influência das patroas e dificultar a participação em movimentos
propostos pela categoria. Bruschini (1994) revela um dado importante: as empregadas
nomeadas como mensalistas ou diaristas externas, aquelas que não residem no local de
trabalho, são as que menos têm contrato formal de trabalho.
As atividades que fazem parte da ocupação das empregadas domésticas estão
descritas na CBO3
(Classificação Brasileira de Ocupações) de 2002, sob o código 5121,
e possibilitam a compreensão da complexidade e da intensidade das exigências atuais
sobre o seu desempenho. Exigem habilidades de administrar as atividades rotineiras de uidado da casa, da alimentação e vestuário da família, incluindo mais recentemente
como atribuições declaradas nesta classificação a administração que envolve todas as
pessoas do espaço doméstico: lembrar os compromissos de cada membro da família,
controlar datas de pagamentos de contas, realizar pagamentos e fazer levantamento de
necessidades de compra. As exigências estão maiores, porém os avanços sociais dessa
categoria são lentos, permanecendo ainda como desvalorizada social e economicamente
em comparação com outras categorias profissionais.
É importante demarcar que o serviço doméstico caracteriza-se por três regimes
de trabalho: mensalistas residentes, mensalistas não residentes e diarista e, de acordo
com Souza (2002), este serviço não é um meio de ascensão social. É antes uma
estratégia de sobrevivência para as camadas mais desprivilegiadas. Os salários são
baixos, sendo que
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