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Efeito Tequila: Crise do Peso Mexicano

Por:   •  8/12/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.692 Palavras (11 Páginas)  •  1.619 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS

Aghata Cândido Costa

Thaísa Freitas Vidigal

LIBERALIZAÇÃO FINANCEIRA E CRISES: O MÉXICO EM 1994

Belo Horizonte

2015

Aghata Cândido Costa

Thaísa Freitas Vidigal

LIBERALIZAÇÃO FINANCEIRA E CRISES: O MÉXICO EM 1994

Trabalho de Economia Monetária e Financeira II referente ao terceiro tópico do programa de curso.

Belo Horizonte

2015

SUMÁRIO

I – Introdução        

II - O Histórico da Liberalização        

III – Antecedentes        

IV - Motivos da Crise        

V - A Crise do Peso        

VI - Conclusão        

VII – Referências Bibliográficas        


I – Introdução

Nas últimas décadas do século XX, identificou-se uma tendência à liberalização, tanto do comércio quanto do mercado de capitais. Este processo aumentou a interdependência entre os países, sejam eles desenvolvidos ou emergentes. Por isso, uma crise localizada poderia espalhar-se, representando um risco generalizado. A crise do México foi a primeira crise global dessa onda liberalizante.

Fatores como uma taxa de câmbio atrelada ao dólar, uma liberalização súbita e falta de regulação do sistema bancário são apontados como responsáveis pela deflagração da crise. Em uma economia extremamente dependente do capital estrangeiro, mudanças políticas ou condições externas tornam-na vulnerável a fugas de capitais, que aprofundam ainda mais os problemas existentes. Há ainda um debate a respeito da contribuição da liberalização para o caos financeiro e para a recuperação mexicana, cujos detalhes serão apresentados mais à frente.

II - O Histórico da Liberalização

O modelo de industrialização por substituição de importações, característico do México desde a Grande Depressão, incluía barreiras, tarifárias ou não, à importação de produtos estrangeiros. Por isso, uma das consequências deste é a falta de incentivo aos produtores nacionais para exportar, devido ao fato de possuírem um mercado interno cativo. Financeiramente, isso dificultava a obtenção de moeda estrangeira para pagamento de equipamento importado e bens intermediários; como prova, houve no país diversas crises no balanço de pagamentos, e consequentes desvalorizações da moeda – em 1954, 1976 e 1982 (MUSACCHIO, 2012).

Entre 1979 e 1981, o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e na Europa trouxe danos aos países em desenvolvimento, e estes foram potencializados pela queda no preço das commodities. Tais pressões, aliadas à queda na receita de exportações, levaram o México – e posteriormente outros países da América Latina – a declarar a moratória da dívida externa. Essa crise obrigou os países a recorrerem ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial, em busca de suporte financeiro. Essas instituições concederam empréstimos e ajudaram nas renegociações sob a condição de que os países em desenvolvimento iniciassem uma série de reformas econômicas (MUSACCHIO, 2012).

Essas reformas foram iniciadas no México sob a presidência de Miguel de la Madrid (1982-1988), do Partido Revolucionário Institucional, através da privatização de estatais, da desregulamentação de indústrias, e de medidas iniciais no sentido de liberalizar o comércio. Posteriormente, durante o governo de Carlos Salinas de Gortari (1988-1994), começaram as negociações para a entrada do México no NAFTA (North American Free Trade Agreement), que foram, entre outros fatores, determinantes para o aprofundamento das tendências liberalizantes – privatização dos bancos comerciais, desregulamentação do sistema bancário e abertura do país para investimento estrangeiro direto (GRIFFITH-JONES, 1997).

Em 1989, com o fim da renegociação da dívida, as empresas mexicanas puderam recomeçar a obter empréstimos de mercados financeiros estrangeiros; e, depois de 1993, as contas de capitais no México foram ainda mais liberalizadas e, à bolsa local, foi permitido comercializar títulos estrangeiros. Na Tabela 1, fica claro o aumento no nível de investimentos de portfólio e do débito externo, decorrentes do início da liberalização, e dos investimentos diretos pós 1993 (MUSACCHIO, 2012).[pic 1]


III – Antecedentes

Apesar das medidas liberalizantes de Miguel de la Madrid, não foi possível controlar a alta dos preços. Assim, enquanto Salinas era Ministro do Orçamento e do Planejamento, a luta contra a inflação foi declarada prioridade e, em julho de 1987, foi revelado um plano de estabilização cujo centro era uma taxa de câmbio atrelada ao dólar, que visava frear as expectativas de alta nos preços. Além disso, uma fixed peg garantia aos investidores estrangeiros que seus investimentos não se desvalorizariam sob circunstâncias normais, e permitia que empresas mexicanas conseguissem empréstimos no mercado internacional para financiar sua expansão. Tendo alcançado o objetivo primário do controle da inflação, ainda no primeiro mês do governo de Salinas, a taxa fixa foi relaxada e iniciou-se a crawling peg, que permitia que a taxa de câmbio atrelada ao dólar variasse em pequenos níveis pré-estabelecidos (KESSLER, 2001).

Os bancos mexicanos que haviam sido estatizados em 1982 foram privatizados novamente a partir de 1989, e em menos de quatro anos, a privatização estava completa e a condução da política monetária havia mudado drasticamente – o controle de reservas e de crédito havia diminuído significativamente. A privatização gerou um boom no crédito, já que os novos bancos competiam para obter a maior parte do mercado de empréstimos ao consumidor (GRIFFITH-JONES, 1997).

A liberalização mexicana, a queda dos juros dos Estados Unidos e o time de tecnocratas responsáveis pela reforma econômica no México, no início dos anos 90, atraíram os investidores, que acreditavam no crescimento rápido do país. Esse excesso de otimismo criou uma economia de bolha, ou seja, quanto mais investiam no México, maior o retorno aos investidores; no entanto, a fuga do capital mostrar-se-ia tão fácil quanto sua entrada (MUSACCHIO, 2012).

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