FGV - Administração de Curto Prazo
Por: Jessé Felício • 25/5/2020 • Pesquisas Acadêmicas • 1.981 Palavras (8 Páginas) • 144 Visualizações
Matriz de atividade em equipe*
Módulo: Módulo 3 | Atividade: Atividade em Equipe (M3) |
Título: Alavancagem Financeira | |
Aluno: JESSÉ SANTOS FELÍCIO | |
Disciplina: Administração Financeira de Curto Prazo | Turma: 2019/2 |
Introdução
A alavancagem se refere ao uso de fundos emprestados para o financiamento de parte ou totalmente de novos investimentos nas indústrias. Seu uso pode afetar diretamente o retorno conforme observado ao longo deste trabalho.
Segundo o estudo “Alavancagem Financeira e Rentabilidade: Uma discussão sobre o comportamento de empresas do sul do Brasil à Luz das Teorias Financeiras”, publicado pela FGV em 2007, conforme a necessidade de capital à expansão, devem ser consideradas duas fontes para obtenção de recursos para as empresas – própria ou de terceiros. Sendo que na captação de fundos de terceiros, gera-se um passivo oneroso, vê-se necessário uma análise detalhada do endividamento em um paralelo com a rentabilidade esperada. | |
Justificativa Seguindo a constante necessidade de pequenas e grandes empresas se adaptarem às mudanças no sistema financeiro, durante os próximos textos serão pontuadas algumas questões ligadas ao endividamento das companhias, onde diariamente elas realizam planejamentos e tomam decisões para um melhor aproveitamento de capital nos seus projetos par o seu crescimento. Este trabalho visa contribuir para o tema Alavancagem Financeira nas Empresas; justificando os pontos positivos e negativos do aumento do grau de endividamento. Além de uma avaliação na viabilidade e benefícios de uma empresa alavancada em comparação com uma empresa sem alavancagem. | |
Desenvolvimento Contexto
O processo de orçamento de capital é o processo de identificação e avaliação dos projetos que gerarão os fluxos de caixa da empresa por um período superior a um ano. Qualquer decisão corporativa com impacto nos futuros ganhos pode ser examinada usando esta metodologia. Decisões sobre a possibilidade de comprar uma nova máquina, expandir os negócios em outra área geográfica, mudar o local da sede, ou substituir um caminhão de entregas, para citar alguns exemplos, podem ser examinados através da análise do orçamento de capital.
As principais fontes de financiamento de uma empresa são capital próprio e capital de terceiros (alavancagem), no qual fazem parte da composição da estrutura de capital da mesma. De acordo com Silva J (2006), pode-se citar três tipos de financiamentos: os provenientes dos acionistas ou sócios da empresa, os lucros gerados pelas principais atividades operacionais das empresas ou a partir de capital de terceiros – dívidas ou alavancagem. A estrutura de capital da empresa é muito importante, pois além de ampliar positivamente seus resultados, também pode ser útil como uma ótima ferramenta de alavancagem.
Basicamente, se o retorno obtido no investimento for maior do que o custo do financiamento, a alavancagem é benéfica. Embora ela tenha o poder de aumentar os retornos, ela também tem seus pontos negativos e que serão abordados mais adiante.
Modigliani e Miller (MM) – Breve Resumo Uma das teorias mais famosas que visa o estudo de estrutura de capital das empresas diz que os gestores financeiros devem escolher pela estrutura que potencializa ao máximo o valor da companhia, isto é, adotar a alavancagem. Na formulação das principais Proposições para essa teoria tem-se algumas observações: - Dois universos de investimentos: um com e outro sem impostos Proposição 1 – Sem Impostos: Vx = Vy O valor da firma independe de sua estrutura de capital. Portanto, o valor de uma empresa alavancada é igual ao da empresa não alavancada. Proposição 2 – Sem Impostos: Vx = Vy O valor da firma ainda independe de sua estrutura de capital. No entanto, nesta proposição o risco para os acionistas cresce com o endividamento. Proposição 3 – Com Impostos: Valor empresa alavancada = valor empresa não alavancada + benefício fiscal sobre a dívida - Despesas financeiras são dedutíveis para fins de IR; benefício fiscal aumenta valor da empresa. – Estrutura de capital ótima: 100% dívida Proposição 4 – Com Impostos: - Ajustes para contemplar o fato que as despesas financeiras são dedutíveis. – Estrutura de capital ótima: 100% dívida Tomando a Teoria de MM como referência, muitos estudiosos alertaram para o fato de que uma empresa alavancada possui mais riscos do que uma não alavancada, além do fato de que uma parcela de investidores avessos a riscos preferirem companhias que priorizem o uso de capital próprio a invés de capital de terceiros em sua estrutura de capital. Algumas outras críticas ao modelo como ausência dos custos de falência e assimetria de informações, custos de agências e impostos e custos de emissão para obtenção de financiamento externo de dívida foram feitas para a Teoria de MM após a sua ampla divulgação. Análise no Mercado Brasileiro para Empresas Endividadas Em 2006, um estudo publicado pela Revista Amanhã utilizou dados das 500 maiores empresas brasileiras da Região Sul e montou um rankeamento das mesmas - ponderado pelo patrimônio líquido (50%), receita bruta (40%) e resultado líquido do exercício (10%), para observar o efeito da alavancagem na estrutura de capital. Após diversos testes estatísticos, a pesquisa concluiu que há uma correlação negativa entre o endividamento e a rentabilidade sobre as vendas. Porém, ela é pouco significativa: cerca de 92,5% da lucratividade se deram devido a outros fatores externos como, por exemplo, investimentos em P&D, participação orçamentária, flutuações econômicas, entre outras variáveis, e não apenas por conta da alavancagem. O estudo permitiu concluir a rejeição da existência de uma estrutura de capital ótima como uma alternativa para maximização dos resultados das companhias. Grau de Alavancagem Usar alavancagem traz alguns benefícios específicos em relação a outros métodos de financiamento. Muitos analistas utilizam a razão entre Dívida / Patrimônio Líquido como indicador de alavancagem. Quanto maior, mais alavancada a empresa estará e será associada com riscos altos. Alavancagem operacional: é obtida após uma empresa alavancada angariar recursos externos para ampliar sua capacidade produtiva sem aumentar os custos fixos. Grau de Alavancagem Operacional (GAO): é a capacidade que a empresa possui, de acordo com a sua estrutura de custos fixos, para implementar um aumento nas vendas e gerar um incremento ainda maior nos resultados, ou, para diminuir as vendas e produzir uma redução maior nos resultados. [pic 2] Alavancagem Financeira: é a medida em que capital de terceiros como títulos de renda fixa e ações (mercado de capitais), empréstimos, debêntures que são usados na estrutura de capital da empresa para maximizar o retorno do capital investido. Grau de Alavancagem Financeira (GAF): A alavancagem financeira é demonstrada pelo reflexo dos capitais de terceiros nas vendas líquidas, em relação ao lucro líquido após a diminuição do reflexo das despesas financeiras provocadas por estes mesmos capitais de terceiros. [pic 3] Grau de Alavancagem Total (GAT): pode ser definido como a capacidade da empresa em usar custos fixos, tanto operacionais como financeiros, para aumentar o efeito de variação das vendas. [pic 4]
Vantagens da Alavancagem - Acesso ao capital, aumentando a liquidez disponível para aquisição de equipamentos, máquinas, instalações ou até mesmo outras empresas para, o que aumentará a escala de operações. - Em geral, o custo da dívida nas empresas está entre 8 e 15%, enquanto a taxa de lucro no caso de empresas em crescimento podem variar de 20% a 100%. Portanto, enquanto a empresa estiver crescendo, a alavancagem tende a aumentar os lucros da empresa. - Empresas com alto grau de alavancagem tendem a apresentar altos índice ROE (Retorno sobre o Património Líquido) = Lucro Liquido / Patrimônio Liquido. Portanto, é preciso ficar atento, pois o valor pode ser artificial devido a alavancagem. Desvantagens da Alavancagem - O maior problema são os riscos de uma empresa alavancada, onde quanto maior forem as dívidas adquiridas pela companhia, o capital prório se torna mais arriscado, pois aumenta a probabilidade de insolvência com o uso crescente da alavancagem. Durante uma crise ou rupturas financeiras, esse efeito fica mais evidente. - A empresa americana Enron, um caso clássico de falência, viu sua ação sair de $ 80 para $ 1, perdendo mais de US$ 25 bilhões de valor. Tudo começou justamente por sua inabilidade de renegociar as dívidas. No fim, os custos da falência com auditores, advogados, peritos e indenizações passaram de US$ 500 milhões. Chega um ponto em que o nível de endividamento fica tão alto que o custo do chamado stress financeiro começa a superar o valor agregado pelo escudo fiscal.
Exemplo [pic 5]
Portanto, quanto maior o capital de Terceiros em relação ao Capital Próprio, menor será o custo capital WACC e, consequentemente, maior será o ROE. | |
Conclusão Hoje, há muitos estudos ponderando ambos os efeitos positivos e negativos na estrutura de capita de uma empresa. Entre eles, certamente o efeito da alavancagem é um ponto importante a ser considerado no planejamento e estrutura financeira. Como citado no estudo de 2006 feito no mercado brasileiro, muito se tem discutido esse assunto, mas, mesmo assim, não está claro um consenso acerca de que apenas o fato de uma empresa estar alavancada ser o fator gerador de aumento na rentabilidade da mesma. O fato é que com uma maior liquidez / alavancagem, fica mais viável expandir as operações e ampliar os investimentos, o que na teoria se propõe em trazer mais retorno. Contudo, não podemos nos esquecer dos riscos citados. Com excesso de dívidas, a empresa chega num ponto em que o nível de endividamento fica tão alto que o custo do chamado stress financeiro começa a superar o valor agregado pelo escudo fiscal.
Como se pode ver acima, a alavancagem é uma faca de dois gumes, pois possui benefícios e limitações, e qualquer empresa que pensa em alavancar deve analisar cuidadosamente os pontos acima e tomar a decisão de acordo. | |
Referências bibliográficas Wikipedia. Teorema de Modigliani-Miller. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Teorema_de_Modigliani-Miller>. Acesso em: 15 maio. 2020. PARIKH, Vinish. Advantages and Disadvantages of Leverage. Disponível em: <https://www.letslearnfinance.com/advantages-and-disadvantages-of-leverage.html>Acesso em: 16 maio. 2020. Capital Research. Quais os riscos e retornos ao investir em uma empresa alavancada?. Disponível em: < https://www.capitalresearch.com.br/blog/investimentos/empresa-alavancada/>Acesso em: 16 maio. 2020. NUNES, Arlete. A Alavancagem Financeira. Disponível em: <https://administradores.com.br/artigos/a-alavancagem-financeira> Acesso em: 21 maio. 2020. WAINBERG, Rodrigo. Alavancagem financeira: Quando tomar dívidas pode ser algo [BOM]. Disponível em: < https://www.sunoresearch.com.br/artigos/alavancagem-financeira/> Acesso em: 21 maio. 2020. | |
*Esta matriz serve para a apresentação de trabalhos a serem desenvolvidos segundo ambas as linhas de raciocínio: lógico-argumentativa ou lógico-matemática.
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