Introdução ao Estudo do Método de Marx
Por: s_urt • 16/5/2017 • Resenha • 773 Palavras (4 Páginas) • 353 Visualizações
Introdução ao Estudo do Método de Marx – José Paulo Netto
Marx iniciou sua trajetória teórica em 1941 e o problema central de sua pesquisa é a gênese, consolidação e o desenvolvimento de crise da sociedade burguesa, fundada no modo de produção capitalista. A estruturação da teoria marxiana funda-se em três linhas de pensamento: a filosofia alemã, economia política inglesa e o socialismo francês (apud Lênin, 1977).
Karl Marx preocupou em esclarecer o significado da teoria. Segundo ele, essa não reduz ao exame das formas de um objeto, com o pesquisador descrevendo o que está ocorrendo por meio das hipóteses do seu movimento aparente, como ocorre nas tradições empiristas e positivistas. Teoria não é, também, construção de enunciados discursivos. Teoria é uma modalidade peculiar do conhecimento. “O conhecimento teórico é o conhecimento do objeto – de sua estrutura e dinâmica – tal como ele é em si mesmo, na sua existência real e efetiva, independente dos desejos, das aspirações e das representações do pesquisador.” (p. 20). Para Marx, a teoria é a reprodução ideal do movimento do real do objeto pelo sujeito que pesquisa. Por meio da teoria o pesquisador reproduz no seu pensamento toda a estrutura e a dinâmica do objeto estudado. E esse objeto de pesquisa tem existência objetiva, não depende do pesquisador. O objetivo do pesquisador é estudar, além da aparência fenomênica e empírica, a essência, ou seja, estrutura e dinâmica, a coisa-em-si. O seu método de pesquisa visa partir da aparência do objeto para chegar à sua essência. Quando o pesquisador captura essa essência ele a reproduz, mediante a pesquisa, a essência do objeto que investigou.
A relação sujeito/objeto no processo de conhecimento não é uma relação de externalidade. O sujeito está implicado no objeto, logo, é excluída da pesquisa qualquer forma de neutralidade. Dentro da pesquisa marxiana, o sujeito tem um papel essencialmente ativo, porque para capturar a essência do objeto, ele tem que ser capaz mobilizar, criticar, revisar os conhecimentos. Para apodera-se da matéria, o sujeito deve usar instrumentos e técnicas de pesquisa. Esses instrumentos não podem ser
confundidos ou identificados com o método. Depois de concluída a sua investigação, o pesquisador apresenta os dados que chegou.
Quando Marx determina seu objeto, ele faz questão de conhecê-lo. O correto é começar pelo real e pelo concreto. Marx distingue o que é da ordem da realidade e o que é da ordem do pensamento. “Começa-se pelo real e pelo concreto, que aparecem como dados; pela análise, um e outro elementos são abstraídos e, progressivamente, com o avanço da análise, chega-se a conceitos, a abstrações[1] que remetem a determinações as mais simples”(p.42). Após alcançar essas determinações, temos que fazer a viagem de modo inverso. É importante notar que o elemento abstraído torna-se abstrato e está saturado de múltiplas determinações. A realidade é concreta por ser a síntese de múltiplas determinações, que é a própria totalidade. O conhecimento do concreto opera-se envolvendo universalidade, singularidade e particularidade.
O objetivo da pesquisa de Marx é conhecer as categorias que constituem a articulação interna da sociedade burguesa. Segundo ele, “as categorias exprimem formas de modo de serem, determinações de existência, frequentemente aspectos isolados de uma sociedade determinada, ou seja, elas são objetivas e reais; mediante a abstração o pesquisador as reproduz teoricamente” (p.46). As categorias são históricas e transitórias.
O método de Marx é articulado em três categorias teórico-metodológicas: totalidade, contradição e mediação. Segundo ele, a sociedade burguesa é uma totalidade concreta, não é um todo constituído por partes integradas. É uma totalidade dinâmica e seu movimento resulta do caráter contraditório de todas as totalidades que compõe a totalidade inclusiva e macroscópica. E sem os sistemas de mediações que articulam tais totalidades, a totalidade concreta que é a sociedade burguesa. De acordo com Lukács (2007 apud Netto, 2011; 58) “a verdadeira totalidade, a totalidade do materialismo dialético é uma unidade concreta de forças opostas em uma luta recíproca; isto significa que, sem causalidade, nenhuma totalidade viva é possível e que, ademais, cada totalidade é relativa”.
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