Justiça privada
Por: miguelsci • 26/11/2015 • Dissertação • 862 Palavras (4 Páginas) • 162 Visualizações
Justiça e arbitrariedade privada
Por meio disso saberão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor entre vós.
[ João 13:35 ]
Miguel Almeida
Ressocialização
Catherine Lawes era esposa de um diretor de um conhecido presídio em Nova York, a assustadora penintenciária de Sing Sing. Sempre havia sido dito a Catherine para nunca por os pés naquele inferno. Assassinos, homicidas, serial-killers e gente da pior estirpe, que a sociedade americana condenou a prisão perpétua e a duras e longas penas, viviam por lá. Não se intimidou. Em um ato de extrema coragem, Catherine foi com suas duas filhas a quadra de basquete do presídio assistir os detentos jogando. Catherine proferiu as seguintes palavras: ‘’Meu marido e eu cuidaremos desses homens, e acredito que cuidarão de mim’’. Catherine ensinou braile a um condenado cego. Ensinou a linguagem dos sinais a detentos com problemas auditivos. Tudo que estava em seu alcance, Catherine fez com exímia boa vontade.
Ela viveu como uma verdadeira mentora daqueles olhos perdidos. Os ensinou e os educou e ainda ajudou-os a ver o mundo de uma maneira melhor, de uma maneira benevolente. Sing Sing nunca foi um exemplo de ressocialização e reintegração social (até a iniciativa privada tomar posse, mas isso nós falamos depois). Até então, era o exemplo contrário: era temida por suas barbáries, pela livre entrada de drogas e pela perpetuação de poderes paralelos de gangues e gente barra pesada.
Catherine se foi como uma lenda para aqueles homens. Foi enterrada perto do presídio e os detentos, em uma disciplina inimaginável, não tentaram nenhum ato de fuga ao fazer a condolência final a sua mentora. Mas existem milhões de Catherines mundo afora que morrem no anonimato. É factual que existem pessoas tentando ajudar outras, que tem compaixão. Na pacata cidade de Oliveira, no interior de Minas Gerais, onde nasci, minha bisavó Marieta sempre levava uma refeição simbólica e visitava os presos, já que morava praticamente em frente a cadeia municipal. Como a segurança da cadeia era terrivelmente ruim, como é de se esperar de serviços estatais, sempre fugia um ou outro infrator, que sempre passava pela lendária Marieta pra dar um oi e pedir boas vibrações a mesma. Meu proselitismo não vem em prol de se ater a presidiários como seres humanos bons e puros; muito contrário, a minha ótica em relação a infratores é extramemente radical. Mas a iniciativa privada é capaz de nos ajudar a fazermos melhores seres humanos? É o que eu acredito e quero fazer você acreditar: que a benevolência do ser humano pode agir junto com seus interesses e ajudar a sociedade ao mesmo tempo que melhora a própria vida.
Sing Sing antes e depois
Diante do caos aparentemente interminável, foi necessárias medidas drásticas em Sing Sing. O presídio foi entregue as mãos da iniciativa privada e passou a depender de sua benevolência pra deixar de ser um antro de horrores. Diferente dos modelos privados do resto do país, onde duas empresas majoritariamente controlam os presídios (Correction Corporation of America e Wackenhut Corrections Corporate) e tornam os presidiários mão de obra, Sing Sing não seguiu o mesmo parâmetro. Tornou-se, nas mãos do empresariado, um sucesso de ressocialização. Isso se deve ao fato de que o grupo de investidores recebe incentivos por governamentais por cada detento em seu cuidado. A vantagem? O serviço é melhor, as barbáries somem e a infra estrutura tem um acréscimo de qualidade substancial. O resultado? Universidades sendo levadas para dentro do presídio com intuito de reeducar o presidiário. Um exemplo empírico de que, quando o Estado falha, sempre haverá uma alternativa pautada em lucro (o que há prós e contras) capaz de fazer algo com qualidade.
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