O Desenvolvimento como Liberdade
Por: Edna Porto • 29/11/2017 • Ensaio • 6.643 Palavras (27 Páginas) • 254 Visualizações
LECTURE 2: WELL-BEING AND FREEDOM
Thomas Scanlon: os princípios utilitaristas são atrativos devido ao “utilitarismo filosófico”, que trata da moralidade, isto é, o único fato moral fundamental são fatos sobre o bem-estar individual. Este "utilitarismo filosófico" fornece um fundamento para o utilitarismo muito limitado, especifica uma base "informacional" que é realmente muito atraente, mas não indica que não há mais necessidade de justificação desta base informacional. No entanto, ele fornece uma maneira interessante e importante de olhar para o utilitarismo, e fornece um foco para a avaliação crítica. Isso vai de fato ser o ponto de partida desta palestra. Mas uma vez que o termo "utilitarismo filosófico" é um pouco enganador (mesmo abordagens não utilitaristas podem ser consistentes com "a tese de que os únicos fatos morais fundamentais são fatos sobre o bem-estar individual"), chamarei o uso deste fundamento informacional de“bem-estar como base informacional", (WAIF).
Defender o utilitarismo com a ajuda de WAIF levanta algumas questões:
- A tese desse fundamento informacional é realmente acreditável? Será que resistem a uma examinação crítica?
- Os princípios utilitaristas realmente seguem a WAIF?
2. a) O bem-estar é melhor visto como utilidade?
2. b) Os princípios utilitaristas seguem a WAIF se o bem-estar é visto como utilidade?
- Bem-estar e agência
Primeira questão: A tese desse fundamento informacional é realmente acreditável?É lógico que o bem-estar é importante para a questão moral (inclusive intrinsicamente), mas isso não significa que é a única base informacional (monismo).As pessoas têm outros aspectos que não o bem-estar, pois nem todas as suas atividades são realizadas com o objetivo de aumentar o bem-estar; as pessoas têm outros objetivos e valores que vão além do bem-estar.
É preciso distinguir o aspecto de bem-estar do aspecto de agência, dado que o conceito de pessoas na analise moral não pode deixar de anexar importância intrínseca ao aspecto de agência, considerando que apenas o aspecto de bem-estar importa.O aspecto de agência é importante, pois autonomia e liberdade pessoal são papeis tidas nesse aspecto.Assim, considerar apenas o aspecto de bem-estar é informacionalmente restritivo e deixar de lado o aspecto de agencia errado, pois tem importância moral intrínseca.
Ambos os aspectos estão presentes no indivíduo e são entrelaçados: o bem-estar da pessoa será influenciado pelo seu aspecto de agência. Porém, apenas as informações sobre o bem-estar não capturam as características da agência, e nem são substitutos informacionais. Assim, alguns tipos de características de agencia podem diminuir o bem-estar da pessoa.
- Bem-estar e utilidade
Segunda questão, a: O bem-estar é melhor visto como utilidade? Mas o que é utilidade? Pode ser felicidade, satisfação dos desejos, ou escolha.
- Escolha.É um valor que representa o comportamento de escolha da pessoa, dentro de alternativas (ordinal).A abordagem cardinal exige um esquema mais elaborado, isto é, maior coerência e disposição a aceitar elementos arbitrários nos números. As comparações interpessoais é um problema também, pois nós não nos colocamos a frente da escolha de outras pessoas. O domínio natural da interpretação de escolha de utilidade está no fornecimento de valorizações ordinais não comparações-pessoais, como a abordagem da "preferência revelada" de Paul Samuelson.
Os problemas dessa abordagem surgem devido ao fato que o comportamento de escolha de uma pessoa pode não ter um representação binária ou pode ser binária, mas intransitiva. Porém, o principal problema é que a escolha é guiada apenas pela busca do bem-estar. A motivação bem-estar pode ser dominante em algumas opções, mas não em outros.Considerações morais podem influenciar "comprometimento" de uma pessoa.
- Felicidade.Dois problemas: A) a felicidade é interpretada como um estado mental e ignora outros aspectos de bem-estar da pessoa. Por exemplo, se torturar por fome ou bater por alguma doença, que faz a pessoa feliz por algum condicionamento mental (opio da religião), a pessoa estará fazendo bem ao seu estado mental, mas isso seria um escândalo. B) como um conceito de estado mental, a felicidade limita outras atividades mentais, como estimulação e excitação, que influenciam o bem-estar da pessoa. Além disso, atividades mentais envolvem valorização da própria vida (reflexivo), assim, o papel da avaliação na identificação do bem-estar da pessoa não pode ser visto apenas como felicidade.
- Desejo. Também é um estado mental de bem-estar, embora não puramente um estado mental, pois há a necessidade de observar objetos de desejos como bens. Desejar por si só faz com que os objetos de desejos tenham valor? Essa questão pode ser colocada de duas diferentes maneiras: no contexto geral do valor e no contexto do valor do bem-estar.
Contexto geral do valor: o papel primário do desejo é probatório e é uma ligação direta com o que a pessoa considera valioso. A) Eu desejo x porque x é valioso para mim; B) X é valiosa para mim porque eu desejo X. O primeiro é convincente, mas B não é, pois valorizar algo é uma razão para desejar, mas desejar algo não é uma razão para valoriza-lo.
Contexto do valor do bem-estar (o que a pessoa considera valioso e o valor do bem-estar da pessoa): é um argumento fraco, pois as pessoas podem valorizar outras coisas do que o bem-estar pessoal (aspecto de agência).
- Comparações interpessoais dos desejos
O papel dos desejos é um problema para as comparações interpessoais, pois as intensidades de bem-estar na comparação de uma pessoa com outra, uma vez que estas intensidades são influenciadas por muitas circunstancias que são arbitrárias para as comparações de bem-estar. Assim, a própria visão da pessoa sobre sua situação influencia os desejos, podendo até servir como um tipo de barreira para “desejar”. Exemplos: os miseráveis desejam apenas sobreviver, os “sem-terra” desejam apenas a próxima refeição, i.e., aprendem a desejar conforme a sua situação,
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