O processo de desenvolvimento econômico
Por: Estalque • 27/11/2018 • Relatório de pesquisa • 1.782 Palavras (8 Páginas) • 164 Visualizações
Aula dia 04/06
Hirschman
O autor vai fazer um esforço de entender o processo de desenvolvimento econômico, e esse esforço se dá tanto em termos analíticos quanto em termos propositivos. Ou seja, tanto irá tentar criar uma teoria do processo de desenvolvimento econômico como também irá propor medidas/políticas para o estado, para desenvolver países subdesenvolvidos.
De forma sintética, o que o autor quer dizer sobre desenvolvimento, nos dois vieses (analíticos e propositivos), é que os dois setores são atingidos simultaneamente e geram capacidades econômicas também simultâneas.
Para todos esses autores que falam sobre desenvolvimento econômico, o remédio para o desenvolvimento é o BIG PUSH, o grande impulso, que nada mais é do que o investimento por parte do estado, em todos os setores da economia. A criação de várias indústrias, que ainda não existiam nesses países, para se criar uma demanda permanente para todos esses produtos. Assim, o desenvolvimento é equilibrado no sentido teórico (analítico) e do mesmo modo, no que tange ao aspecto propositivo da economia ele também é equilibrado, propõe políticas de investimento em todos os setores da economia (investimento simultâneo).
Segundo o autor, sua tese é muito similar a tese Keynesiana sobre o papel do estado em equilíbrio de subemprego. A idéia é que o crescimento da produção de uma firma não vai gerar os efeitos multiplicadores na economia no sentido de fomentar o próprio crescimento posterior dessa firma. Então, o crescimento isolado de uma indústria qualquer não gera no mercado efeitos propulsores de demanda para gerar impulsos (no sentido de aumentar a produção em outros setores e no próprio setor em que aumentou a produção). O necessário é o crescimento da demanda agregada, o crescimento dos gastos por parte de consumidores, empresários e governo. Quando tais gastos estão suprimidos é necessário melhorar a expectativa dos empresários para que eles possam investir, e isso se dá por meio de política fiscal. A política fiscal fará com que os consumidores consumam e os empresários invistam.
Exemplo: uma fábrica de sapatos em um país subdesenvolvido, provavelmente irá falir se não for implementada conjuntamente com uma série de investimentos nessa economia (em diferentes setores) para gerar a demanda necessária para esses produtos (sapatos). Para isso é preciso de um estado para dar esse grande impulso na economia.
Segundo Hirshaman, o estado não deve sanar os efeitos do desequilíbrio, ele deve ir à busca do equilíbrio, fortalecer os impulsos dos movimentos que esses desequilíbrios geram. Esses desequilíbrios geram efeitos que irão exigir certos movimentos, tanto por parte dos agentes privados quanto por parte do estado. Então, se observarmos uma economia já desenvolvida, que se desenvolveu em dois períodos diferentes, nesses períodos de expansão forte, teremos o crescimento da agricultura e da indústria (produtos finais, bens de produção e bens de consumo), cada uma dessas indústrias irá impulsionar as demais. No mesmo sentido, cada indústria terá uma taxa de crescimento, que não será uniforme em todos os setores, mas também não tenderá a ficar tão desigual em relação a determinados setores. A idéia é os setores (as indústrias) estão sempre desencadeando processos em outros setores (outras indústrias). Essa é a idéia do crescimento desequilibrado, que o crescimento de uma indústria não permanece isolado, irá gerar efeitos sobre outras indústrias. Esses efeitos são em cadeia, uma indústria gera efeitos sobre uma segunda indústria, essa segunda gera efeitos sobre uma terceira, e assim sucessivamente. Por isso que ao observar o desenvolvimento de uma país observamos o crescimento generalizado em vários setores da economia. Não vai ser um crescimento de indústrias motrizes que na verdade polarizam o crescimento. Em termos econômicos, é possível observar uma distribuição desse crescimento. Esse efeito gerado sobre as indústrias não é obrigatório, ele pode acontecer, e o autor acredita que acontece. Em síntese, esse é o desenvolvimento desequilibrado, a ideia é que o desequilíbrio em A vai causar desequilíbrio em B, que por sua vez causa desequilíbrio em C e também em A. Então, de certa forma é um processo parecido com o do Myrdal, contudo, não há esse processo explícito de causação circular cumulativa. De certa forma, o que há é sempre o afastamento do equilíbrio (ideia similar desses autores). Na verdade, quanto mais distante estiver uma economia do equilíbrio, mais próxima do desenvolvimento ela está. Porque é exatamente o desequilíbrio que causa o crescimento, o desequilíbrio gera os tais efeitos propulsores em outros setores.
OBS: O estado tem que buscar o desequilíbrio, fomentar as forças que geram o desequilíbrio.
Em termos propositivos, o estado tem que criar setores, para criar demanda para os setores já existentes. Hirshaman não concorda com esse argumento, ele vai dizer que o crescimento de A gera o crescimento em todos os outros setores (B, C, D). Portanto, o estado tem que investir em um único setor, nesse caso A, que gera encadeamentos sobre os demais. Se A gera efeitos em cadeia maiores que B, melhor investir em A do que em B.
Exemplo: entre a produção de automóveis e a de café, em qual investir? De acordo com a teoria do desenvolvimento equilibrado, o estado deveria investir no dois, mas segundo Hirschman, o investimento tem que ser feito na produção de automóveis, já que tem um impacto muito maior em outros setores (matéria prima, peças), então, o crescimento da produção do setor de automóveis vai gerar (criar) efeitos propulsores em outros vários setores; enquanto que a produção de café não cria quase setor nenhum, no máximo um de distribuição, um de embalagens e supermercados.
Hirschman está dizendo para economizarmos tanto o recurso escasso, no caso, esse tal recurso é o investimento, como também a capacidade de investir. Enquanto que os teóricos do desenvolvimento equilibrado estão falando para aplicar o investimento em todos os setores.
O estado em algumas estratégias de desenvolvimento, como no Brasil, cria vários setores, porém isso nem sempre é funcional para o país. Importante: a criação é de setores estratégicos, e não de todos os setores. O fato é que, o estado não tem capacidade suficiente para realizar tal feito.
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