RESENHA: A ERA DA CATÁSTROFE
Por: victorpdr_ • 27/10/2017 • Resenha • 3.207 Palavras (13 Páginas) • 1.138 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E ANÁLISE
HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL II
Profa. Dra. MICHELE LINS ARACATY E SILVA
Acadêmico: VICTOR PEREIRA DA ROCHA
Parte I
A ERA DA CATÁSTROFE
HOBSBAWM, Eric Jhon. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Manaus – Am
2017
INTRODUÇÃO
Neste ensaio sobre a parte I do Livro A Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914 -1991 de Eric Hobsbawm iremos mostrar e elucidar os antecedentes que deram forma à Primeira Guerra Mundial e todo seu desenrolar de consequências.
Serão abordados temas como a Revolução Russa que foi derivada da guerra, o surgimento do socialismo, e os acontecimentos que envolveram o fim da guerra como o Tratado de Versalhes. No entreguerras falaremos da Grande Depressão e dos motivos da mesma até o que ela gerou de consequências para o mundo todo.
A partir dos efeitos da Grande Depressão perceberemos o enfraquecimento das instituições liberais e o surgimento de um inimigo chamado Fascismo, tanto em sua versão italiana quanto alemã, e tudo o que esse regime causou com suas ideologias até o estopim de uma Segunda Guerra Mundial.
1914 – 1918
A análise do período dos Trinta e Um anos de Guerra, feita pelo autor a respeito de um período compreendido de 1914 a 1945, começa de forma comparativa a quaisquer outros períodos. Antes da Primeira Guerra Mundial não houvera nenhuma outra guerra com tamanha proporção em um espaço de um século antes. Entretanto, 1914 foi o começo de um tempo de total mudança na vida das pessoas, foi uma época que a humanidade jamais teria vivido algo parecido com o que viria a ocorrer nos próximos anos. Então a partir desse momento foi dada a largada para os próximos anos de guerras e constantes tensões em escala mundial. A esse respeito, Hobsbawm (1995) declara:
Para os que cresceram antes de 1914, o contraste foi tão impressionante que muitos - inclusive a geração dos pais deste historiador, ou pelo menos de seus membros centro-europeus - se recusaram a ver qualquer continuidade com o passado. Paz significava "antes de 1914": depois disso veio algo que não mais merecia esse nome. [...]
Tudo isso mudou em 1914. A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as grandes potências, e na verdade todos os Estados europeus, com exceção da Espanha, os Países Baixos, os três países da Escandinávia e a Suíça. (p. 30 e 31)
Para o autor, o século XX só pode ser compreendido se pensarmos em termos de guerra mundial. Conforme Hobsbawm (1995, p. 32) “Locais, regionais ou globais, as guerras do século XX iriam dar-se numa escala muito mais vasta do que qualquer coisa experimentada antes”. Isso se traduz a partir dos dados apresentados no decorrer do livro à respeito das guerras que mais mataram entre os períodos de 1816-1965 e a partir das pesquisas, as duas guerras mundiais assumem o topo do ranking.
A Primeira Guerra Mundial ficou conhecida como ‘filha do imperialismo’ por ser consequência de toda uma expansão capitalista dada no século XIX, uma vez que quase todo o território da África e mais da metade da Ásia foram ocupados por potências europeias em caráter de política expansionista em uma espécie de partilha do mundo. A partir dessa partilha do mundo ocorreria futuramente um choque entre as potências que buscavam cada vez mais mercados dentro da consolidação do capitalismo.
Durante o século XIX, alguns países — sobretudo aqueles às margens do Atlântico Norte — conquistaram o resto do globo não europeu com ridícula facilidade. Onde não se deram ao trabalho de ocupar e dominar, os países do Ocidente estabeleceram uma superioridade ainda mais incontestável com seu sistema econômico e social, sua organização e tecnologia (HOBSBAWM, 1995, p. 198)
O estouro de uma guerra não era esperado em uma Europa que vivia a Belle Époque, em uma região que vivia a Paz Armada, em uma sociedade onde a burguesia estava consolidada. Entretanto, os futuros atritos entre as potências como forma de rivalidades econômicas, territoriais ou revanchismos passados, seriam o estopim da guerra.
Resumidamente, a guerra tomaria seu rumo com a formação da Tríplice Entente entre França, Rússia e Inglaterra e da Tríplice Aliança entre Alemanha, Itália e Áustria-Hungria. O autor ainda levanta um questionamento: Por que a Primeira Guerra foi travada como uma guerra que ou se vencia por inteiro ou se perdia por inteiro?
A esse questionamento o autor responde:
O motivo era que essa guerra, ao contrário das anteriores, tipicamente travadas em torno de objetivos específicos e limitados, travava-se por metas ilimitadas. [...]
A rivalidade política internacional se modelava no crescimento e competição econômicos, mas o traço característico disso era precisamente não ter limites. [...]
Mais concretamente, para os dois principais oponentes, Alemanha e Grã-Bretanha, o céu tinha de ser o limite [...] (HOBSBAWM, 1995, p.37)
Depois de constantes conflitos entre as duas frentes, a Alemanha empurrou a Rússia para fora da guerra para vivenciar uma revolução interna em seu país em 1917; a Itália teria trocado de lado; a França estaria sofrendo com os ataques alemães mas por reforços americanos seus aliados garantem vitória e a Alemanha estava perto de sua derrocada. Todo esse resumo de fim da Primeira Guerra Mundial foi resumido pelo autor da seguinte forma:
Na verdade, a Alemanha, mesmo entravada pela aliança com a Áustria, assegurou a vitória total no Leste, expulsando a Rússia da guerra para a revolução e para fora de grande parte de seus territórios europeus em 1917-1918. Pouco depois de impor a paz punitiva de Brest-Litowsk (março de 1918), o exército alemão, agora livre para concentrar-se no Ocidente, na verdade rompeu a Frente Ocidental e avançou de novo sobre Paris. Graças à inundação de reforços e equipamentos americanos os aliados se recuperaram, mas por um instante pareceu por um triz. Contudo, era o último lance de uma Alemanha exausta, que se sabia perto da derrota. Assim que os aliados começaram a avançar, no verão de 1918, o fim era apenas uma questão de semanas. As Potências Centrais não apenas admitiram a derrota, mas desmoronaram. A revolução varreu o Sudeste e o Centro da Europa no outono de 1918, como varrera a Rússia em 1917 (HOBSBAWM, 1995, p. 36)
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