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RESUMO DO LIVRO SISTEMA NACIONAL DE ECONOMIA POLÍTICA

Por:   •  13/10/2019  •  Resenha  •  2.029 Palavras (9 Páginas)  •  413 Visualizações

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Friedrich List foi um economista alemão que viveu entre o período de 6 de agosto de 1789 a 30 de novembro de 1846 (entre a 1ª e 2ª Revoluções Industriais). Sua obra é marcada por conter elementos que transcendiam seu tempo ao trazer uma crítica às teorias de Adam Smith, ao liberalismo - que eram as mais difundidas entre os intelectuais -, assumindo uma postura teórica mais condizente com a realidade das nações atrasadas (voltando sua preocupação à Alemanha). Isso, por conta da sua capacidade de assimilar contradições entre essas teorias hegemônicas e a realidade. Dessa forma, seu trabalho trouxe grandes contribuições às políticas econômicas que seriam posteriormente adotadas por países menos desenvolvidos (por intermédio da CEPAL nos países latino-americanos), porém não teve seu devido reconhecimento.

O método utilizado por List era baseado no concreto, com uma análise das experiências históricas, da realidade social, tanto dos fracassos quanto dos sucessos dos países: era histórico-indutivo. Além disso, a ideia que vai centralizar o pensamento de List é a da formação de uma unidade nacional alemã, um Estado-Nação, que sintetizaria todo o poder econômico e político das diversas cidades alemãs que encontravam-se dispersas, o chamado Zollverein. Para isso, cada cidade-nação deveria abrir mão de cada moeda e também de sua soberania do poder político individual para formar um bloco, tendo poder único em um Estado-Nação. A característica principal do seu sistema nacional seria, portanto, a nacionalidade. A Nação é pensada por List (1983, p. 124) como:

(...) possui uma língua e uma literatura em comum, um território extenso e dotado de múltiplos recursos naturais, contando também com suas fronteiras específicas e com uma população numerosa. Em cada nação deve-se desenvolver na devida proporção a agricultura, as manufaturas, o comércio e a navegação; as artes e as ciências, os estabelecimentos educacionais e a cultura universal devem ocupar na nação uma posição igual à da produção material. Sua Constituição, suas leis e instituições devem proporcionar aos seus habitantes um alto grau de segurança e liberdade, devendo promover a religião, a moralidade e a prosperidade; em uma palavra, toda essa infraestrutura deve ter por objetivo o bem-estar de seus cidadãos. A nação deve além disso possuir poderio suficiente, na terra e no mar, para defender sua independência e para proteger seu comércio exterior. Deverá também possuir a capacidade de beneficiar a cultura e a civilização das nações menos evoluídas, e de fundar novas colônias e gerar novas nações, através do seu excedente populacional e de seu capital intelectual e material (LIST, 1983, p.124)

Outra característica do discurso de List que se pode retirar do trecho destacado trata-se de sua defesa ao colonialismo. Para o autor, as colônias teriam a função de hospedar o excedente populacional da Europa, além de estabelecerem-se como um mercado para os produtos manufaturados europeus. Trata-se de uma postura ideológica contraditória, uma vez que ao mesmo tempo que defende a colonização, defende também que países menos desenvolvidos da Europa devem proteger sua indústria a fim de aumentar seu grau de competitividade com países mais avançados. Ou seja, para os países colonizados, ele desconsidera sua necessidade de também desenvolverem-se, demonstrando sua visão eurocêntrica. Além da defesa ao colonialismo, List sustenta a manutenção da escravidão, mais como uma questão geopolítica, já que o autor acredita que com a abolição a diferença econômica entre a Inglaterra e os demais países da Europa aumentaria, pois diminuiria a mão-de-obra destes e, consequentemente, reduziria o nível de produtividade dos seus produtos coloniais.

No início de sua obra “Sistema Nacional de Economia Política”, no Livro I – A História – List narra as experiências de alguns países em relação à ausência de um poder centralizador. As cidades-estados italianas, por exemplo, até o século XV, tinham poder limitado. Com a ascensão de estados-nação (como a Inglaterra), essas cidades foram perdendo poder, ainda mais porque disputavam entre si, enfraquecendo-se em relação aos Estados-nação que tinham poder centralizado, perdendo sua hegemonia. Outro exemplo foram os países ao norte da Europa: os hanseáticos. Sua fragilidade também foi por conta da falta de um poder centralizado e de não possuir um poder produtivo próprio pois, apesar de estimular o desenvolvimento nas cidades próximas, a Liga Hanseática era apenas comercial, não produtiva. Assim, quando as cidades ao seu redor fecharam o comércio para os hanseáticos, estes foram muito prejudicados por conta desses dois fatores.

List encontrava contradições entre o que pregava o liberalismo de Adam Smith, com a teoria da mão-invisível, com a realidade dos países menos desenvolvidos, demonstrando que estes saíam prejudicados com as trocas, quando diz que (BUARQUE, 1983):

(...) as nações europeias sempre sofreram mais por parte da Inglaterra como aliada do que como inimiga. Mostra como Portugal (1703), França (1786), EUA (1786 a 1816), Rússia (1815 e 1821) e “Alemanha durante os séculos” foram sacrificados em todos os seus acordos com a Inglaterra para facilitar o comércio internacional. “Que dessa maneira se sacrifica a prosperidade das nações individuais, sem que haja benefícios para a humanidade em geral, servindo exclusivamente para o enriquecimento da nação dominante do ponto de vista industrial e comercial”. (BUARQUE, 1983)

Dentre as críticas que List faz a Adam Smith, destacam-se quatro problemas: o método de análise, o equívoco em relação a riqueza e força produtiva, o entendimento sobre a divisão do trabalho e a crença na não-intervenção governamental na economia de um país. Primeiramente, List vê a análise de Smith bem generalista ao elaborar uma teoria para todos os países do mundo com base na experiência inglesa. Com isso, tece uma crítica pois não é levado em consideração as divergências sociais, culturais, políticas e econômicas entre os países. List sugere que, devido a essas divergências deveria ser aplicado um sistema econômico protecionista para que os países mais atrasados pudessem diminuir suas disparidades com o restante do mundo e voltar com o comércio exterior depois de atingir um nível de competitividade adequado, não sendo liberalista como a Inglaterra que já passara por 2 Revoluções Industriais.

List, como nacionalista, questiona o liberalismo defendido pela Inglaterra, pois este seria uma forma desta continuar a acumular cada vez mais riquezas e se desenvolvendo cada vez mais. Assim, contestava os princípios cosmopolitas (leis gerais que explicam a realidade

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