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Resenha - A Teoria Econômica de John Maynard Keynes, Dillard capítulo 1 e 2

Por:   •  26/3/2020  •  Resenha  •  1.410 Palavras (6 Páginas)  •  451 Visualizações

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Matheus Henrique Zonta

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

matheuszonta2011@gmail.com

DILLARD, Dudley. A Teoria Econômica de John Maynard Keynes. São Paulo. 1964

Capítulo 1 - Introdução e ideias fundamentais

     O primeiro capítulo escrito por Dillard é responsável por nos apresentar tanto uma base sobre a pessoa John Maynard Keynes, apresentando os fatores que foram importantes para seus pensamentos e para a relevância dos mesmos e, principalmente, este capítulo é responsável por nos introduzir as bases da Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, principal obra do autor, publicada em 1936 e responsável pela revolução keynesiana da economia política, aplicada principalmente como uma crítica à economia clássica e neoclássica, em especial aos conceitos aplicados com base na “lei” de Say e no laissez faire.

     Como base para a compreensão da Teoria geral de Keynes são apresentados cinco tópicos essenciais, tendo em vista que segundo o próprio autor, esses tópicos têm mais importância que a própria teoria embasada neles, são eles: 1) O caráter geral da teoria de Keynes; 2) O papel do dinheiro; 3) A relação entre os juros e o dinheiro; 4) O investimento; e 5) A incerteza acerca do futuro.

     Já no primeiro tópico é apresentada uma das várias diferenças entre o pensamento keynesiano e o pensamento clássico/neoclássico, que é o caráter geral de sua teoria. Enquanto os pensadores e economistas anteriores, em sua grande maioria, tinham a visão estática do pleno emprego fomentada pelos ideais propostos na “lei” de Say, representando uma economia em uma sociedade idealizada e distante da real, Keynes apresenta um contexto geral, visando a realidade vigente, onde o agregado difere do individual (fato que não ocorre nos clássicos), ou seja, onde as decisões são tomadas individualmente de forma racional, mas no agregado, no todo, ocorrem de forma irracional.

     No segundo tópico é exposta outra divergência, o papel da moeda na economia e na sociedade como um todo, visto que para os economistas anteriores e até mesmo os contemporâneos de Keynes supunham que esse papel era exclusivamente o de troca, supondo a troca, no final dos casos, de mercadorias por mercadorias. Graças às suas vastas contribuições na área da economia monetária, com livros como “Treatise on Money” publicado em dois volumes por Keynes como antecessor da Teoria geral, a visão do autor sobre o papel da moeda era diferente, abrangendo três funções principais: 1) Meio de troca; 2) Unidade de conta; e 3) Reserva de valor. Sendo entre essas a função de reserva de valor a mais importante para as aplicações da Teoria geral.

     O terceiro tópico aborda a importância dos juros como forma de evitar o entesouramento através de dinheiro líquido, é afirmado por Dillard que existem três formas principais de acumulação, guardar dinheiro, investir na poupança para empréstimos a troco de juros, e investimento em bens de capital, os dois últimos são claramente mais vantajosos, por apresentar um retorno financeiro, um provável aumento do capital, então o primeiro, simplesmente armazenar o dinheiro, precisaria de uma explicação para sua ocorrência. Esta é dada por Keynes no conceito de “preferência pela liquidez” e está diretamente associada com a incerteza, pois armazenar dinheiro é a forma mais segura de acumular capital, todavia reduz o investimento e em certa medida até mesmo o emprego. A taxa de juros entra como forma de incentivar o investimento, pagando pela incerteza.

     O quarto tópico trata do investimento, neste tópico Dillard destaca o cerne da obra de Keynes, o pilar para o desenvolvimento econômico, pois o investimento é responsável direto pelo emprego, tanto de pessoas como de bens de capital. O mesmo passa por diversas situações para existir, ligadas a desigualdade econômica, à produção contínua de novos bens para consumo dos já produzidos e a incerteza relacionada ao futuro.

     No quinto e último tópico o autor trata de mais uma das principais diferenças entre a obra de Keynes e as obras que a sucederam, focando desta vez na psicologia aplicada e já citada durante essa resenha, fatores irracionais dos agregados e conceitos como a preferência pela liquidez e a incerteza ligada ao futuro. Para os autores anteriores a relação era simples e racional, passando do indivíduo para a sociedade como um todo, Keynes aplica a racionalidade para os indivíduos, todavia, nos agregados, seja demanda, seja oferta, as decisões tomadas não são necessariamente racionais, muito pelo contrário, e para ele essa irracionalidade dos mercados é um dos principais geradores de incerteza.

     Ao fim do capítulo Dillard resume e retoma certos aspectos citados durante o mesmo, ressaltando as principais contribuições de Keynes e a forma geral de sua teoria, de certa forma mescla os pontos citados para incorporar o raciocínio do autor estudado.

     O capítulo é feito de forma agradável, às vezes um pouco redundante e massivo pela retomada de alguns tópicos para a explicação dos demais, a tradução é levemente confusa em certas partes, mas isso pode ser devido a época em que foi feita, em suma resume e introduz muito bem as ideias apresentadas como base da Teoria geral, e com certeza é uma leitura mais leve que a obra original.

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