Resenha Apologia da História
Por: Manoel Cavalcanti • 4/5/2018 • Resenha • 1.431 Palavras (6 Páginas) • 252 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CIÊNCIAS ECONOMICAS
Introdução aos Estudos Históricos
Discente: Manoel Cavalcanti de Vasconcelos
Professor: Atenágoras
Resenha Apologia da História
No capítulo 2 “A observação histórica”, aborda que o historiador não pode, por definição, observar os fatos que estuda. Onde o historiador só chega depois da experiência terminada, a experiência ainda assim terá deixado resíduos que ainda poderão ser investigados. O autor trata sobre as formas de observação da história através dos vestígios, documentos e testemunhos junto ao conteúdo a serem estudados, ainda menciona que o campo da história é muito vasto sendo necessário a utilização de outras ferramentas para que o historiador saiba questionar suas fontes e assim consiga as informações desejadas. O passado é um dado que nada poderá modificar, mas seu conhecimento, ainda está em progresso e sempre poderá se transformar e aperfeiçoar. Bloch também menciona que é bem desagradável dizer: “ Não sei, não posso saber. ” Onde essa frase só deverá ser dita após incessante e desesperada busca dos fatos. A partir de algum tempo os processos de investigação foram evoluindo ao determinado ponto em que aprenderam a penetrar mais fundo na análise dos fatos sociais. A investigação histórica, à medida em que progredia, começou a ser levada a confiar mais em suas testemunhas. Onde alguns testemunhos deixados em textos deixaram de ser um objeto predileto da atenção, onde o que mais interessa é aquilo que o texto dá a entender mesmo que seja sem a intenção de assim nos dizer. Bloch também deixa implícito que para que possa ter uma boa investigação deve ser feito um bom questionamento, sendo assim forçado as testemunhas falarem o que não desejam. Também faz menção a respeito dos documentos e textos arqueológicos, onde os mais claros não falam se não souber questionar, deve-se saber ler e provocá-los. Toda investigação histórica indica que desde os primeiros passos, a pesquisa já tenha uma direção. O historiador por sua carga cultural é influenciado pelo seu instinto a fazer os questionamentos, sem que o mesmo tenha consciência disso. Para Bloch seria uma grande ilusão imaginar que cada problema histórico corresponde a um único documento. Onde quanto mais se aprofunda na pesquisa menos é permitido esperar outra luz que não seja a dos raios convergentes das testemunhas. Bloch também salienta que são poucas as ciências onde são utilizadas tantas ferramentas simultaneamente, por conta de os fatos humanos serem mais complexos onde o homem é situado na ponta extrema da natureza. O historiador para exercer bem seu trabalho deverá ter ao menos uma noção de todas as principais técnicas de seu ofício. Onde Bloch também salienta sobre a importância de obras como referência para as pesquisas já que os materiais necessários estão espalhados em museus e bibliotecas e reuni-los é uma tarefa muito difícil e longa. O autor ressalta que são as revoluções que abrem as portas e quebram sigilos que trazem à tona documentos tão importantes para um historiador. Bloch defende que a história de uma sociedade só será mais completa quando esses dois responsáveis pela ignorância e esquecimento forem duramente combatidos.
Sobre o capítulo 3 “A crítica”. Quando o autor menciona que, “Não se deve acreditar naquilo que as testemunhas dizem” implica dizer que os estudiosos não acreditem cegamente em tudo que lhe for dito ou oferecido como fonte, pois elas podem não ser verdadeiras, e se usadas podem prejudicar sua carreira. Ele também diz que nem todos os documentos ou vestígios são verdadeiros, pois, os mesmos podem ser facilmente falsificados. Como os documentos que eram utilizados no século XI no processo contra monges onde os mesmos usavam como defesa provas documentais. O historiador precisa a todo o momento utilizar da crítica como elemento de trabalho. Nem sempre deve confiar inteiramente em sua fonte ou no documento analisado, nem desacreditar em tudo. O historiador deve ficar sempre atento a falsificações e ou manipulações de documentos sendo elas referentes a datas e ao conteúdo. Podemos tomar como exemplo as cartas assinadas por Maria Antonieta, são falsas porque foram fabricadas no século XIX. Tal constatação foi possível ao comparar cartas da época (tipos de papel, desenho das letras e figuras de linguagem). Porém, a mentira também é um testemunho histórico rico para o historiador entender as intencionalidades. O relato do soldado francês Marbot, que diz ter vencido sozinho um batalhão na guerra contra a Alemanha no início do século XVIIII, é uma mentira, pois nada consta do ocorrido nos documentos alemães, nem nos dos soldados franceses. Sabe-se depois que chegou um pedido de promoção militar feito a Napoleão, escrito por Marbot. Além disso, erros inintencionais do próprio contexto podem acontecer frequentemente e, nesse caso, a historiografia recorre a psicologia do testemunho. A maioria destes aspectos pode ser compreendida à luz da atmosfera social do período. A crítica da comparação poderia ser compreendida pelo argumento de que a invenção, a criação e o novo podem não ser considerados verídicos. Nesse caso, Bloch se defende dizendo que mesmo que algo novo seja inventado, criado ou descoberto é preciso que haja vestígios anteriores do passado que demonstrem o avanço capaz de possibilitar o “novo”.
No quarto capítulo “A análise histórica” vemos que é necessário a imparcialidade como historiadores, pois fazemos o papel de cientistas e também de juízes de determinados fatos que compõem uma história. Nada de distorções nas narrativas, nossa finalidade é a verdade e a compreensão dos fatos. Bloch fala de uma constante evolução da linguagem que pode transformar a realidade, e também, de seus temores quanto aos eflúvios emotivos de que tantas das palavras nos chegam carregadas, ou seja, o poder dos sentimentos humanos pode favorecer a imprecisão da linguagem. Toma como defesa que o historiador deve compreender e não julgar, não é trabalho de o historiador julgar outras civilizações, por exemplo, e sim de compreendê-las, revelando que um grupo social não é melhor nem pior que outro, e mostrando que é pela análise histórica que se inicia realmente o trabalho do historiador. Bloch também defende que o historiador é quem faz a sua seleção do período histórico, o que ele chama de recorte histórico e, consequentemente ele também “escolhe e peneira” o seu ponto de estudo, indicando que não é obrigatório o saber de todo o conhecimento do passado ou do seu estudo. Marc Bloch, também fala dos fatores sobre constituir qualquer ciência, em especial, “para fazer uma ciência, será sempre preciso duas coisas: uma realidade, mas também um homem”.
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